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Silvio Santos

Tânia: A cantora das quadrilhas no Maracujá


Tânia: A cantora das quadrilhas no Maracujá - Gente de Opinião

Durante as 10 noites da Mostra de Quadrilhas e Bois Bumbás, do For do Maracujá pelo menos em seis, o público ouviu a voz da cantora Tânia. “São 11 anos cantando quadrilha no Flor do Maracujá”. Aquela garotinha que conhecemos na década de 1980 na residência do presidente da escola de samba Pobres do Caiari e depois deputado federal Chagas Neto, hoje, apesar de continuar com a aparência de menina, é mãe de um casal de filhos. “A menina está com 22 anos de idade e o menino com 21”. É a Tânia dos Cobras do Forró como até hoje ainda é conhecida, apesar de ter deixado de cantar na banda há alguns anos. “Dizem que Os Cobras é minha cara e eu sou a cara dos Cobras”. Já como cantora de quadrilha junina, Tânia começou com a “Matutos da Cidade Grande” a convite do presidente Joãozinho. “Danço quadrilha desde os 8 anos de idade”. Considerada a melhor “levantadora” de quadrilha junina de Porto Velho Tânia diz que se fosse atender todos os convites, cantaria para os 23 grupos que se aprestam durante a Mostra. “Já cheguei a cantar para 12 grupos num mesmo Maracujá”. Com a idade chegando, nossa entrevistada diz que já não tem mais pique para cantar para tantos grupos. “Este ano aceitei convite de seis e tá muito bom”.

Histórias de quando cantava e participava das excussões da Banda os Cobras do Forró e dos bastidores dos grupos de quadrilhas juninas, você vai acompanhar na entrevista que segue:

 
 

E N T R E V I S T A

 

Zk – Qual seu nome de batismo?

Tânia – Meu nome verdadeiro, é Maria Aparecida dos Santos, mas, para o meu pai, é Tânia Maria e de tanto ele insistir em me chamar de Tânia o nome pegou. Só quem me conhece por Aparecida são os colegas e professores com quem estudei.

 

Zk – E você nasceu aonde?

Tânia – Nasci aqui em Porto Velho, sou filha de paraibano com cearense.

 

Zk – Desde que idade você convivi com a música ou como cantora?

Tânia – Desde os 13 anos de idade.Sou forrozeira nata, passei dez anos na Banda Os Cobras do Forró. Também participei da Banda lá do Papo de Esquina a Café com Leite. Na realidade, sou uma das fundadoras, fui eu que sugeri o nome Café com Leite. Participei também da Banda Status do meu amigo Vovô. Além de cantar em muitos grupinhos.

 

Zk – Essa veia artística veio da família?

Tânia – Pior que na minha família não tem ninguém músico. Pra falar a verdade, minha mãe faleceu e nunca me viu cantar profissionalmente. Meu pai viu uma vez pela televisão. Meu pai João Salvino um paraibano nato ainda é vivo e está com 94 anos de idade.

 

Zk – Quer dizer que sua primeira banda foi Os Cobras do Forró?

Tânia – Não! Comecei cantando profissionalmente com o guitarrista Zé Carlos que chamavam de “Carlinhos Camelo” por ele ter uma corcunda bastante acentuada. por muitos anos cantei MPB.

 

Zk – E quando foi que você optou por ser cantora de forró?

Tânia – Foi quando a Banda do Ceará Mexe Mexe veio pra cá e eu fui trabalhar pro Chagas Neto. Desde a época do Bengala que trabalho em campanha política.

 

Zk – Pra mim você morava na casa do Chagas Neto naquele tempo?

Tânia – Você não esta errado não, morei na casa do Chagas sim, eles me tratavam que nem uma filha. Tanto que até hoje o considero meu “painho” querido, ele e a saudosa Bené.

Zk – Vamos falar sobre sua trajetória como cantora forrozeira. Banda por Banda?

Tânia – A primeira foi a Mexe Mexe, aí fui prum grupo, só que esse grupo não tinha nome. Era eu e o Afonso, ou seja, voz e teclado, a gente tinha um Casiozinho (teclado), nós dois carregávamos as caixas de som, depois de algum tempo, o Afonso colocou o irmão dele, finado Rivelino. Quando fomos tocar no Palhoça (hoje Kabanas), colocamos o nome “Café com Leite”. Quando Os Cobras do Forró foi gravar seu primeiro CD em Fortaleza Ceará recebi o convite para substituir a vocalista que viajou para gravar.

 

Zk – Como foi sua convivência com a família dos Cobras?

Tânia – Foi la que passei um pouco da minha vida, foram dez anos. Aprendi muito com o Zezinho e com o finado Manoel que foram verdadeiros pais pra mim. Devo muito a eles, dona Nilma (viúva do Manoel).

 

Zk – No auge da Banda você estava lá?

Tânia – Os Cobras do Forró se apresentou praticamente em todo o estado de Rondônia. Fizemos Rio Branco (AC), Manaus (AM).

 

Zk – Conta pra gente como era a convivência durante as excursões?

Tânia – Vou te falar uma coisa. Entre 23 homens, eu era a única mulher. Nas viagens era a cozinheira deles todos. Na brincadeira falava para eles que ia cobrar um pouquinho a mais de cachê, porque tinha que passar roupa, tinha que cuidar dos homens todinhos porque as mulheres deixavam tudo pra mim. Passamos 30 dias na estrada fazendo campanha política e nesses 30 dias, fui mãe e pai deles. Eles sempre me respeitaram e o carinho por eles continua até hoje.

Zk – É verdade que ainda existe muita discriminação com as cantoras?

Tânia – Vou ser muito franca com você, tem muita gente que discrimina a cantora, porque vive na noite. Tem muita gente que chega faz gracinha, porque acha que a gente ta ali para aguentar esse tipo de coisa, graças ao meu bom Deus que sempre me deu forças para resolver esse tipo de coisa e com isso nunca causei problema para a banda. Até hoje tem gente que fala que Os Cobras é minha cara e eu sou a cara dos Cobras. Queira ou não queira, dez anos é um laço matrimonial.

 

Zk – Para quais grandes Bandas brasileiras “Os Cobras” fez a abertura?

Tânia – Calipson, Mastruz com Leite, Magnífico e muitas outras.

Zk – Você chegou a ser convidada para cantar em alguma dessas bandas?

Tânia – Recebi muitos convites para ir embora para o Ceará, mas, eu era muito meninona e muito apegada aos meus pais e resolvi não ir. Deixei um sonho passar, na realidade, passou, mas, ficou, porque guardo muitas recordações.

Zk – Você vive só de música?

Tânia - Não! Sempre trabalhei fora da música. Por muito tempo a música foi minha sobrevivência, aí aconteceram muitas coisas, me tornei mãe, passei dez anos casada e me separei e em virtude dessa separação, passei a ser pai e mãe dos meus filhos. A única coisa que gostaria de fazer e ainda não fiz, é uma faculdade, mas, como não estou morta, quem sabe daqui a alguns anos voce vai entrevistar a Dr. Tânia.

 

Zk – E a música?

Tânia – Trabalhar com música na noite hoje eu não quero mais.

 

Zk – Ué! E como toda noite te vejo catando no Flor do Maracujá?

Tânia – Então! Agora só mexo com música de ano em ano e só com música de quadrilha junina.

 

Zk – Quando foi que começou essa paixão pela dança de quadrilha?

Tânia – Comecei com sete anos de idade na “Pote Sem Fundo” juntamente com o Cobra Choca que era o nosso sanfoneiro, bem novinho, hoje ele tá só o “Cuí”’. Dancei também “Nas Folhas Preciosas”, foi quando recebi o convite para cantar o Flor do Maracujá. Estou completando onze anos cantando quadrilha aqui no Flor.

Zk – Você falou que é mãe. De quantos filhos?

Tânia – Tenho um casal, a menina de 22 nos e o menino de 21. Os dois são casados.

 

Zk – Para qual grupo você cantou primeiro no Flor do Maracujá?

Tânia – Quem me chamou foi o Joãozinho da quadrilha Matutos na Cidade Grande.

 

Zk – Você já catou para quantas quadrilhas?

Tânia - Teve uma época que eu e o Andrezinho que é tecladista da Rádio Farol tocamos para 12 quadrilhas no Flor do Maracujá. Sempre as pessoas me procuram porque é uma brincadeira, mas, uma brincadeira levada a sério. Quando a quadrilha entra na arena tenho que estar em cima do palco. Nunca, nesses anos todos, deixei uma quadrilha na mão, sempre fui uma profissional correta, tanto que os convites na porta da minha casa chegam assim que termina o Flor do Maracujá e o Arraial da AFA. Acontece que o tempo vai passando e a gente vai se desgastando.

 

Zk – Quem é que escolhe o repertório, é você ou o coreografo da quadrilha?

Tânia – Os dois. Quando chego numa quadrilha que não tenho tanta intimidade ele me passa, mas, quando já tenho intimidade e vejo o que a direção da quadrilha pretende apresentar, dou minhas opiniões.

 

Zk – Ouvi várias vezes você entoando o que podemos chamar de grito de guerra, mas, na batida da quadrilha. É ensaiado ou improviso?

Tânia – Muitas vezes é puro improviso. Tem coisas assim que vem na hora, principalmente quando to sendo acompanhada pelos tecladistas Andrezinho e Elton.

 

Zk – Já aconteceu de você cantar a música de uma quadrilha durante a apresentação de outra?

Tânia - Graças a Deus até hoje nunca aconteceu. Para que isso não aconteça, participo dos ensaios de todas que me contratam.

 

Zk – Na 30ª Mostra de Quadrilhas você cantou para quantos grupos?

Tânia – Este ano fiz seis grupos. Três mirins (Rosa de Ouro, Matutos do Triangulo e Princesinha) e três adultas (Rosa de Ouro, Nação Caipira e Triângulo). Recebi convite para mais, mas, achei que seis estava bom.

 

Zk – Você também já cantou para Boi Bumbá?

Tânia – Já! Cantei no Diamante Negro. Seu Aluizio Guedes é um paizão que tenho. Vou te falar uma coisa! Sou uma pessoa nata na cultura, minha vida é a cultura. Hoje em dia acho que se isso faltar no meu chão não serei mais eu, porém bato na tecla:Nossa cultura fugiu muito da tradição, sinto falta da cultura antiga. Nosso folclore hoje não é mais o mesmo. Não tenho nada contra, muito pelo contrário, até acho bonito e venho assistir, mas, sinto falta do meu pé de côco no zabumba e no triângulo, aquela coisa mais regional.

 

Zk – Para encerrar. Qual sua quadrilha de coração

Tânia – Chamo a atenção dos nossos governantes. Chegou a hora de termos um local fixo para a realização do Flor do Maracujá. Chega de improviso, chega de indecisão.

 

Zk – E a quadrilha de coração?

Tânia – Vou te falar uma coisa. Tem uma quadrilha que fundei, não tem como fugir, mas, essa quadrilha vai morar sempre no meu coração, tenho carinho pela quadrilha que canto.

 

Zk – Mas?

Tânia - A Gira Sol das Três Marias vai ser pra sempre a minha quadrilha.

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Fonte: Sílvio Santos - zekatracasantos@gmail.com

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