Sábado, 30 de novembro de 2013 - 21h30
Aos 19 anos de idade o paulista da cidade Garça, desembarcava no Paraná para um teste como jogador de futebol no São Paulo de Londrina. Por ser menor de idade seu pai era que tinha que assinar o contrato com o clube e na hora “H” o velho não assinou e em conseqüência, ganhamos um ótimo editor de jornal impresso. Waldir Aparecido Costa. “Comecei na Folha de Londrina como motorista entregador de jornal, nos 400 municípios paranaenses”. Waldir não foi convidado para vir para Rondônia trabalhar no Diário da Amazônia. “Eu me convidei e o Emir aceitou”. Hoje colaborando com a administração do Osmar Silva no Decom e escrevendo uma coluna para o site Rondônia Dinâmica o filho do seu Jurandir Costa e da dona Maria de Lurdes “vivos aos 86 anos e vivendo em Londrina” o jornalista Waldir Costa que nasceu no dia 22 de outubro de 1946, pai de sete filhos e avô de 9 netos dos quais sete nasceram em Rondônia, tem muita história pra contar sobre sua carreira como editor de jornais no Paraná e em Rondônia.
E N T R E V I S T A
Zk – Como foi que você começou a vida de jornalista?
Waldir Costa – Comecei nos anos setenta como entregador de jornal na Folha de Londrina. Eu era motorista e entregava o jornal até Cascavel, percorria uns 600/700 quilômetros dia sim, dia não já que éramos dois motoristas fazendo a linha. Na convivência do dia-a-dia do jornalismo, fui aprendendo, acontecia um acidente na estrada, eu anotava tudo e entregava pro pessoal que fazia matéria, depois comprei uma maquina fotográfica uma Canon antiga, daquelas que a gente chamava de Canonete e então passei a fazer as fotografias dos acidentes ou de qualquer fato que achava interessante e levava pra redação. Com o tempo o editor do jornal chegou comigo e disse: Você tem que redigir a matéria e eu, como se não sei como é que se faz e ele: faz assim, assim assado, foi assim que comecei. Depois fui pra sucursal de Umuarama.
Zk – De quem era o jornal
Waldir Costa – Era do João Milanês (Foto). A Folha de Londrina foi o primeiro jornal do interior a ser rodado em offset e era um dos jornais mais importantes do país na época. Era um jornal do interior, mas, dominava o estado do Paraná, hoje é a Gazeta do Povo, mas, naquela época a Gazeta só comandava Curitiba, no restante dos quase 400 municípios, quem mandava era a Folha de Londrina e chegava com o slogan: “Tome café da manhã com a Folha” e era isso mesmo. Na Folha de Rondônia que ajudei a fundar com sede em Ji Paraná, fiz mais ou menos como a Folha de Londrina. Após a morte do Milanês tiveram que vender o jornal pro grupo Bamerindus. Nunca mais o interior do Paraná fez um governador, por aí você vê a força que tem um jornal do interior.
Zk – Na sucursal de Umuarama você era o editor?
Waldir Costa – Não, só assumi a Gerência após a saída do titular e então, passei a assumir como repórter, fazia fotografia, naquele tempo fazer fotografia não era fácil, não é hoje que qualquer maquinha é utilizada. A gente tinha que fazer a fotografia, revelar, secar, copiar no ampliador, depois botar no fixador, não era fácil não.
Zk – Quantos anos você tinha quando assumiu a gerencia em Umuarama?
Waldir Costa – Eu casei em 1970 eu tinha 25/26 anos, hoje estou com 67 e continuo aprendendo. Aí veio a era da computação, que começou em Cascavel e foi quando vim pra cá em 1993, ajudar a implantar o Diário da Amazônia.
Zk –Como surgiu o convite para você vir para o Diário da Amazônia?
Waldir Costa – Posso garantir que não foi nem do Emir e nem do Carlão Sperança. Tomei conhecimento que os dois estavam trabalhando a idéia de vir montar um jornal aqui em Rondônia com o grupo Eucatur, na época eu era o editor do Jornal O Paraná que era do Emir lá em Cascavel e então me convidei: Gostaria de fazer parte dessa equipe.
Zk – Quer dizer que tudo começou no Paraná?
Waldir Costa – Em Cascavel na casa do Emir, numa reunião que estava presente Eu, Carlos Sperança e o Mauro Sfair e o Emir é claro. O Carlão já morava em Porto Velho e foi pra lá justamente porque seu Assis Gurgacz queria montar um jornal aqui, porque já estava cansado de ser refém de uma série de situações e por isso resolveu botar um jornal forte e o Diário da Amazônia realmente chegou aqui como um dos jornais mais modernos do país.
Zk – Como foi o trabalho para montar a equipe do Diário da Amazônia?
Waldir Costa – Quero deixar bem claro que sempre foi o Carlos Sperança o artífice disso tudo. Foi que ajudou a formar a equipe, não tiramos ninguém dos jornais locais. Com exceção da dona Elsie que era do Estadão e um dia o Emir foi lá e a trouxe pro Diário. Ela e o Idelfonso (Foto a direita) entraram antes da inauguração do Diário e permanecem lá até hoje. O Carlão chegava e indicava: O fulano é um bom diagramador, lembro bem da Ana Aranda e do Walbran Júnior (Foto esquerda). Tivemos uma equipe da melhor qualidade, inclusive você Zé que antes do jornal completar um ano já estava lá. Foi assim sua contratação e nem você sabe. O Emir lia o “Esquentando os Tamborins” que hoje é a Lenha na Fogueira e chegou comigo e disse: Precisamos contratar esse fulano, manda ele falar comigo e você foi lá e acabou acertando, lembro que você escrevia no Estadão.
Zk – Era uma turma boa, mas, não eram jornalistas, foi você quem formou aquela equipe?
Waldir Costa – Na verdade foi o Carlão e o Emir. A redação do Diário foi um grande aprendizado pra todo mundo, inclusive pra mim, porque no Paraná eu era editor regional e não editor geral, ainda mais de um jornal da capital como era o caso do Diário que chegou com uma tecnologia de ponta, com equipamentos que nem mesmo jornais como a Folha de São Paulo, JB, O Globo e outros grandes tinham. O Diário chegou aqui como inovador, com computadores em rede, formatação etc.
Zk – Quem fazia parte da turma que foi promovida a jornalista no Diário da Amazônia?
Waldir Costa – Destaco o Gerson Costa que começou como digitador, aliás, excelente digitador, Eliânio que era fotógrafo do jornal O Parceleiro, tem um detalhe, o Eliânio tinha a mania de não calçar o sapato por completo era como se fosse um chinelo, a sola do pé dele apagava charuto sem ficar vermelha. O Marcelinho que hoje é o editor do jornal também era apenas digitador.
Zk – Tem mais histórias a respeito dessa turma?
Waldir Costa – Em 1994 o Carlão foi contratado para assessorar o Chiquilito Erse na campanha eleitoral e colocou o Eliânio como editor de política, ainda questionei mas, o Carlão disse, deixa o menino lá que eu me responsabilizo, por isso, boa parte do que o Eliânio é hoje, deve ao Carlos Sperança. Particularmente eu considero o Eliânio um dos melhores jornalistas que já trabalhou comigo, pelo texto, pela competência, pela responsabilidade de pesquisar e fazer a matéria, hoje ele é advogado. O Marcelinho (Foto) começou como selecionador de fotografia, depois foi para a redação como digitador, foi pegando prática e hoje é o editor chefe do jornal.
Zk – Qual caderno foi o escolhido para essa turma começar?
Waldir Costa – Quando o caboclo começa novo no jornal, duas coisas que você bota: Polícia e Futebol e no nosso caso o Diário TV, que era semanal e por isso dava mais tempo para eles trabalharem as matérias, assim como tinha mais tempo para a gente dar uma olhada e se preciso corrigir. O jornal de TV que fazíamos na época, era bem diferente do de hoje. Naquele tempo não se colocava apenas o que vinha de fora, a programação local, de todos os municípios de Rondônia tinha espaço também.
Zk – Vamos lembrar a impressão da primeira edição?
Waldir Costa – Tivemos muitos problemas. Primeiro tivemos que percorrer todo o interior do estado, contratando pessoas para fazer matérias. Tínhamos que contratar um fotógrafo, um repórter, um representante e um distribuidor. Na parte da distribuição a gente optou na maioria dos municípios pela Guarda Mirim, pois além da segurança, não tinha vínculo empregatício porque a gente pagava à instituição. Aqui tenho que agradecer muito à Rose Venturini que hoje está passando por uma situação difícil em se falando de saúde, mas, acreditamos que vai se recuperar logo. Ela foi importantíssima nesse trabalho. A gente visitava as Associações Comerciais pegava uma lista com os nomes dos empresários locais, nas prefeituras pegávamos os nomes das autoridades e nos primeiros noventa dias, enviamos o jornal gratuitamente para essas pessoas, para habituá-las na leitura do Diário. Isso serviu de suporte para os representantes da cidade, fazer as assinaturas. Numa segunda etapa saiu eu o Carlos Sperança e o Marcos Grutzmacher para produzir as primeiras matérias da primeira edição.
Zk – Foi fácil?
Waldir Costa – Fazer a primeira edição, sempre digo, é fácil o problema é depois. Cheguei aqui em março e soltamos o primeiro jornal em setembro, ajudei também a empurrar a rotativa pra dentro, fiz de tudo já que viemos pra cá para implantar o jornal mesmo. Na segunda viagem pelo estado tem uma história interessante. Foi na viagem a Guajará Mirim. Tínhamos um Golzinho Zero quilômetro que veio de Cascavel e o Carlão não muito acostumado com cinto de segurança na hora de colocar o cinto quase se enforcou, O Carlão sempre estava presente, ele foi o responsável pela contratação do pessoal daqui, tinha o Natalino que era um excelente diagramador, que ensinou a Leidinha a Edna que se transformaram em ótimas profissionais da diagramação, só não deu certo com o Zezinho Maranhão. Zezinho tentou, tentou e quando foi um dia fui obrigado a dizer: Zé, vai tocar violão, vai compor que essa é a tua arte, como diagramador não tem jeito. Hoje ele agradece a mim por causa disso.
Zk – Tira uma dúvida. O Marcos Grutzmacher (FOTO) veio do Paraná com vocês?
Waldir Costa – Não, ele já estava aqui o irmão dele era fotografo aqui. Do Paraná veio eu o Emir e o Mauro. Só que o Marcos foi contratado bem antes de sair a primeira edição, era ele e o Jorge Chediak.
Zk – Como foi o dia da inauguração. É verdade que a solenidade já havia começado e vocês não tinham fechado o jornal?
Waldir Costa – O governador na época era o Piana inclusive muita gente dizia que ele era o dono do jornal e nunca teve nada disso. Lembro que na inauguração o Emir disse uma frase que não esqueço: “Nos estamos chegando aqui não é para ensinar ninguém não. Estamos chegando aqui para aprender também a fazer jornal”. Infelizmente ele foi embora antes do combinado, mas, era um sujeito de uma inteligência, capacidade, competência incomum. Ele montou um jornal que até hoje é considerado um dos mais importantes do estado do Paraná que é “O Paraná” de Cascavel que tem como slogan “O Paraná - jornal de fato”. Voltando a pergunta. Era o povo discursando na frente do jornal e a gente na redação lutando para fechar a primeira edição. O problema era a falta de experiência, os computadores atuavam em rede. Aquela rede tipo porca e parafuso que você tinha que apertar. Dava um probleminha no computador parava tudo. Foi terrível a produção da primeira edição.
Zk – É verdade que vocês tiveram que parar com o jornal para poder se adequar ao sistema?
Waldir Costa – Bom, a programação dizia que o governador era quem iria acionar o botão para rotativa começar a imprimir o jornal. Realmente o Piana apertou o botão, mas, foi apenas para fazer as fotos. Porque nem o Padilha nem o Kurt um alemão que veio montar a máquina conseguiram, acontece que nós sofremos muito com o tal de ripper, hoje é comum, o nosso aqui foi o segundo do Brasil. O primeiro foi o do jornal do Orestes Quércia em Campinas (SP).
Zk – Qual o diferencial do ripper para os outros sistemas?
Waldir Costa – Na época existia na área da fotografia, aquela máquina comprida, que parecia uma locomotiva. Ali você fazia a fotografia (retícula) e tinha o espaço para o traço que era o texto. O paginador (hoje é formatador) montava a página e deixava uma janela que era para colocar a foto. No ripper já vem tudo junto. Foi uma tristeza, tanto é verdade, que soltamos a primeira edição por volta das dez horas da manhã. Nos outros dias foi a mesma coisa, com todo mundo trabalhando até de manhã cedo. No terceiro dia não conseguimos montar o quarto jornal aí falei com o Mauro, o pai dele estava dormindo, vamos parar porque não tem condições, levamos uma bronca danada do Emir, mas, ele respeitou nossa decisão. Ficamos uma semana praticamente para poder se readequar.
Zk – Como foi que a turma daqui se adaptou ao computador?
Waldir Costa – Foi difícil. Quem mais teve dificuldade foi o Carlão pra variar. Na época veio o Agacir filho do seu Assis e implantou o sistema tecnológico no Diário da Amazônia com os computadores em rede, formatadores uma série de coisas, ele trouxe uma equipe. A Eucatur também trouxe alguns técnicos que ajudaram muito. O computador na frente da gente parecia um ET porque a maioria não tinha identificação com aquilo.
Zk – Geralmente os proprietários de jornais interferem junto as diretorias quanto a publicação ou não de determinadas matérias. Você sofreu pressão nesse sentido no Diário da Amazônia?
Waldir Costa – Não! Hoje mesmo, uma notícia que foi nacional e não vi uma chamada no Diário, isso deixa a gente chateada. Tenho que agradecer muito ao seu Assis, ao Acir (Charge/Arte Márcio Bortolete) e até a Ana Gurgacz com quem tive umas duas divergências, mas, sempre brigando pelo jornal. Nunca, em momento algum o seu Assis falou pra mim, não faça isso, muito menos o Acir, muito pelo contrário, me questionavam eu explicava e eles aceitavam inclusive acidentes com a Eucatur. Fazíamos jornalismo na sua essência. Graças a Deus nos sete anos que fiquei lá, nunca sofri censura, No último ano foi que trouxeram um cidadão de Manaus e o jornal já não estava alcançando os objetivos que a gente queria, foi quando saí pra ir fundar a Folha em Ji Paraná.
Zk – Lembro que você dava a maior bronca porque o comercial não funcionava?
Waldir Costa – O comercial não funciona até hoje. Não sei como é que está mo caso do Diário, hoje com a Ivanilse uma menina que conhece do assunto. O problema é equipe. Se você tem uma equipe de redação boa, tem que ter uma boa equipe no comercial e hoje é muito difícil isso. Vender publicidade não é fácil. Tem que ter pessoas treinadas, fazer reunião de pauta todos os dias como se faz na redação. É preciso tratar a publicidade como prioridade. Hoje apenas o Diário está segurando com regularidade, os demais estão todos com problema. A Folha infelizmente fechou as portas por incompetência de seus dirigentes, que investiam o que se faturava com o jornal, em outras coisas. Não seria a decadência do jornal impresso, porque isso ocorre também no rádio e na televisão.
Zk – Conta alguns casos que aconteceram durante as reuniões que você fazia com o pessoal da redação toda segunda feira?
Waldir Costa – Toda segunda feira a gente fazia a reunião de avaliação do que foi feito na semana, o que foi positivo e negativo. O Eliênio conhecido como Neguinho uma dos melhores profissionais da fotografia que já trabalhei até hoje, tanto aqui como no Paraná atuava também como obdusman assim ele anotava os erros cometidos e publicados durante a semana e na reunião, fazia o comentário. O Ricardo Callado que hoje está em Brasília e fazia a editoria regional, ficava muito brabo quando o Neguinho apontava erro na página dele. Por falar em Ricardo Callado certa vez fizeram uma brincadeira com ele, na verdade, quem aprontou a sacanagem foi o Nilton Salinas e quem pagou o pato foi o Eliânio o negócio foi tão sério, que o Ricardo ficou esperando o Eliânio lá fora do jornal após as seis horas da tarde e queria briga, queria apertar o pescoço do Eliânio, aí tive que chamar os dois às falas. Outro fato interessante envolveu você!
Zk – Eu?
Waldir Costa – O Ditão que é um comunicador conhecido aqui, que apresentava um programa de esportes se não me engano, na Bandeirantes e o Zekatraca foi brincar com ele publicando que ele seria a “Noiva” do Bloco das Piranhas que desfilava na Banda do Vai Quem Quer, em substituição ao Sérgio Valente que havia falecido, ficou uma fera, o negão de quase dois metros de altura, entrou na redação fumaçando, querendo esganar o Zekatraca e então tive que intervir para não testemunhar aquele massacre. Ele reclamou bastante e eu tirei, dizendo que era brincadeira de carnaval, ele foi embora mais olhando de lado pro Zé.
Zk – Você tinha esse lado de paizão dos repórteres. Cansei de assistir você defendendo algum repórter, mesmo quando esse estava errado. Depois que o reclamante ia embora o repórter ouvia poucas e boas.
Waldir Costa – Acho que isso é obrigação do editor, a responsabilidade pelo jornal é do editor, se sair alguma coisa errada, a responsabilidade é do editor. Nunca admiti que fosse alguém lá reclamar dos repórteres, nem os donos do jornal, tinha que falar comigo e não agredir o repórter. Depois eu chamava o repórter de lado e puxava a orelha. Quem trabalha com a gente precisa de suporte, se ele faz alguma coisa errada e você não viu no mínimo foi irresponsável e se você viu e não disse nada foi conivente.
Zk – Como foi o caso da Bomba que estourou na frente do jornal?
Waldir Costa – Teve um delegado aqui, aliás, lhe deram a patente de delegado, mas, infelizmente não tinha competência, não sei nem se ele está vivo. Bom! Ele quis criar um fato no Diário da Amazônia. Acontece que realmente soltaram uma bomba na porta da garagem do jornal e ele foi lá investigar e depois insinuou que a gente é que havia provocado o ato de terrorismo para incriminar o governador que era o Valdir Raupp. O Emir com a sua competência de sempre, com aquela calma que sempre teve, mas, muito picante chamou o dito delegado e disse que não tinha satisfação a dar a ele e o que ele estava fazendo era irresponsabilidade.
Zk – Quem era esse delegado?
Waldir Costa – Prefiro apenas dizer que ele não é brasileiro. Na época falei tudo que tinha que falar pra ele, acho que até hoje ele tem mágoa de mim, mas, pessoas igual ele, prefiro ficar de lado, ele foi candidato a vereador ou foi a deputado e nós fizemos campanha contra dizendo que esse tipo de pessoa não merecia se eleger. Graças a Deus ele não foi eleito pra nada.
Zk – Você disse que por determinação do seu Emir o jornal publicava os famosos santinhos dos candidatos de graças. Por quê?
Waldir Costa – Quando nós chegamos aqui, tivemos bastante dificuldade para fazer matéria com políticos. O lema no Diário da Amazônia era sempre manter a porta da redação aberta, para quem quer que chegasse com informação, não tinha esse negócio de barrar a entrada. O sujeito quando vai à redação, é para levar matéria, como vou impedir a entrada dele, assim também era com os políticos, não interessava qual partido fosse filiado.
Zk – E os Santinhos?
Waldir Costa – Então o Emir liberou nas campanhas de 1994/96 a publicação dos santinhos. O pessoal do PT, PCdoB e do PCB que eram partidos de massa e na época não tinha dinheiro, tinham o mesmo espaço dos chamados partidos grandes. O PT tinha dificuldade até para publicar seus editais, não era o PT de hoje. Lembro que o Odair Cordeiro e o Eduardo Valverde que nos deixaram mais cedo, o Roberto Sobrinho ainda era filhotinho a gente sempre atendia muito bem.
Zk – Lá em cima você disse que tinha dificuldade para fazer matéria com os políticos. Por quê?
Waldir Costa – Você ia entrevistar um deputado, um vereador, governador, principalmente deputados e vereadores o cara perguntava logo, quanto que custava a matéria e sempre respondia: Amigo, estamos aqui produzindo material como informação, notícia, no jornal se paga anuncio. Era difícil convencer, depois que você terminava o cara ainda perguntava, não tem que pagar nada mesmo?
Zk – E a Folha de Rondônia como surgiu?
Waldir Costa – O Pedro André que é um empresário jovem e ousado em Ji Paraná resolveu montar um jornal e na época eu já tinha cumprido meu período no Diário da Amazônia, até porque, fizeram as mudanças e acharam até de me colocar numa sala separada da redação, coisa que nunca admiti. O editor ficar isolado da redação. Então apareceu o convite do Pedro André e lá fiz a mesma coisa que fiz no inicio do Diário na questão de montar a equipe de representantes e distribuidores, com um agravante, lá eu não tinha a Rose Venturini. Fui com o Luiz de Carvalho o próprio Marcos Grtzmacher foi pra lá também a Leide, tínhamos uma equipe muito boa, contei também com uma parte do pessoal da formatação do Diário que já estava de saída, não tirei ninguém de ninguém, até porque não sou a favor disso.
ZK – E a aceitação da Folha?
Waldir Costa – Em três meses a Folha já dominava o interior do estado, em Porto Velho tínhamos mais de 100 bancas e o jornal era vendido. Chegamos a ficar em segundo lugar em Porto Velho, na época o mais vendido era o Estadão do Norte. Infelizmente após um ano e meio o Pedro André não sei por que cargas d’água, resolveu vender o jornal pro João do Vale e pro Ayres do Amaral que infelizmente, não souberam tocar o jornal. O jornal foi caindo, caindo que o último ano que trabalhei lá, acabei não recebendo (não precisa publicar isso). Foi muito ruim o fechamento da Folha de Rondônia, tanto para o profissional jornalista como para a população, que ficou privada de uma publicação forte no interior do estado.
Zk – Quer dizer que o interior comporta uma nova Folha?
Waldir Costa –Agora temos a Gazeta lá de Cacoal que está crescendo o que prova que o jornal impresso não está e nem vai acabar tão cedo. Acho que Rondônia ainda suporta um bom jornal no interior como era a Folha de Rondônia pra poder dar esse contraponto, pois o Estadão e o Alto Madeira praticamente não estão mais circulando no interior, o Diário é quem domina, por isso acho que cabe um jornal no estilo Folha no interior.
Zk – Além do Diário e da Folha?
Waldir Costa – Teve mais um, o Diário do Povo também uma iniciativa do Pedro André que depois de muito tempo, resolveu fazer outro jornal, Ficou três anos me aporrinhando para fazer um jornal pra ele, foi lá em Ji Paraná também onde fundei o Diário do Povo que saiu do jeitinho que eu queria e sonhava, era a Folha de Rondônia em formato igual ao Zero Hora um pouquinho maior que o tabloide. Trabalhei apenas um mês após o jornal passar a ser impresso e assim o jornal só conseguiu ficar no ar por um ano.
Zk – Você também dirigiu o setor de comunicação da Assembléia?
Waldir Costa – Tudo começou com o Natanael Silva! Ele foi eleito deputado estadual, mas, assumiu a secretaria de saúde e quando foi no último dia que vencia o prazo para a apresentação de candidato a presidência da ALE ele renunciou a secretaria de saúde e foi concorrer. O Silvernani já se considerava eleito e o Natanael foi lá e ganhou a eleição. Dez minutos depois ele me ligou, eu ainda estava em Ji Paraná e ele falou: fui eleito presidente da Assembléia e você será o meu diretor de comunicação.
Zk – E vocês não tinham protagonizado um entrevero muito anates disso?
Waldir Costa – Na época o governo estadual distribuiu uma nota dizendo que a empresa dele a Dismar era a maior devedora de ICMS no Estado e eu escalei não sei se o Eliânio ou o Gerson para produzir a matéria que seria a manchete do jornal. Não sei como ele ficou sabendo e escalou o Linhares para tentar me dissuadir da idéia de publicar o material. Lembro que o Linhares ficou comigo na redação das 16 as19 horas quando fechei o jornal e me colocou umas duas, três vezes para falar com o Natanael que tentou me convencer e eu falei, não tem jeito, é informação, pra mim o que é notícia é notícia, pros amigos a noticia, pros inimigos se explora a notícia. Para minha surpresa quando ele foi eleito presidente da ALE me convidou para fazer parte da equipe.
Zk – Na gestão de outros deputados?
Waldir Costa – Fora eu metia o porrete, lá dentro tinha que defender, foi então que descobri que em política a distancia entre dois pontos nem sempre representa uma linha reta, na politica você tem que fazer uma séria de artimanhas pra chegar onde você quer. Fui diretor na gestão do Carlão Oliveira, Neodi, Valter e por último passei um período com o Hermínio Coelho. Hoje atendendo o convite do Osmar estou no Decom.
Zk – Além do Decom?
Waldir Costa – Mantenho uma coluna diária “RD Política” no site Rondônia Dinâmica.
Zk – E aos jovens jornalista o que você tem a dizer?
Waldir Costa – Tem gente que sai da faculdade e acha que já é jornalista. Aconselho todas as pessoas que saem da faculdade de comunicação a passar por uma redação, seja de jornal impresso ou de site de notícia para aprender muita coisa que não aprende na faculdade.
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