Segunda-feira, 4 de agosto de 2008 - 06h40
Recentemente, as alunas Vânia Beatriz de Oliveira, Cristiane Lopes e Judite Félix do Curso de Comunicação Social – Jornalismo, da Faculdade Interamericana de Porto Velho – Uniron, apresentaram em sala de aula, o trabalho “Zekatraca – Criador e Criatura no jornalismo cultural em Porto Velho”. O resultado e principalmente a repercussão da pesquisa, muito nos honra, não só, pelo fato, de estarmos sendo alvo de estudos de uma equipe de estudantes que pretendem entrar ou já estão no mercado de trabalho, exercendo a espinhosa profissão de jornalista, mas, pelas opiniões de várias pessoas sobre nosso trabalho. “Infelizmente essas opiniões que foram inseridas na “Lenha na Fogueira” que foi apresentada em sala de aula, num banner que reproduzia a página da nossa coluna, tal, qual, é publicada diariamente no Diário da Amazônia não nos foi enviada pelas acadêmicas”.
Como forma de agradecimento e acima de tudo, porque gostamos e aprovamos a pesquisa, solicitamos ao nosso editor, autorização para publicar o trabalho das jovens acadêmicas de jornalismo da Uniron. Vamos ao trabalho:
Zekatraca: criador e criatura no Jornalismo cultural em Porto Velho
Resumo - Este trabalho constitui-se em um estudo de caso de caráter descritivo, enfocando o jornalismo cultural exercido por Sílvio de Macedo Santos (criador) na coluna do “Zé Katraca” (criatura) publicada no jornal “Diário da Amazônia”, em Porto Velho. Faz-se uma breve abordagem conceitual e histórica sobre o jornalismo cultural e uma análise quantitativa e qualitativa da forma e conteúdo das informações veiculadas na coluna, no ano de 2007. Obteve-se um perfil do titular da coluna e as técnicas empregadas na elaboração das notícias. Confirma-se o reconhecimento da importância da coluna para o fortalecimento da cultura local, identificam-se ressalvas ao estilo jornalístico do criador da coluna e uma demanda por um jornalismo cultural opinativo.
Palavras-chave: agenda cultural, jornalismo cultural, história do jornalismo, Porto Velho.
Introdução - O jornalismo cultural é considerado como uma especialização que nasce das necessidades da imprensa em atender a um público segmentado e de tratar de temas com maior profundidade.
É uma modalidade que abrange desde a divulgação de produtos artísticos à veiculação do entretenimento.
Em Porto Velho as atividades jornalísticas têm sua origem ligada à construção da ferrovia Madeira-Mamoré. Se considerarmos a publicação de poemas, como uma das características do jornalismo cultural, pode-se se dizer que o mesmo já se verificava desde os primeiros jornais de - 1 Artigo elaborado como parte das atividades avaliativas da disciplina Pesquisa e Realidade Regional em Comunicação, ministrada pelo professor Júlio Aires, no I semestre de 2008.
2 Acadêmicas do 5º. Período de Comunicação Social -Jornalismo – UNIRON.
O personagem Zekatraca tornou-se muito mais forte do que o colunista Silvio Macedo dos Santos. Trata-se de um dos muitos casos onde a criatura passou a ser mais conhecida do que o criador. Isso aconteceu porque durante anos, leitores e dirigentes culturais ficaram tentando descobrir quem é Zekatraca, um crítico ferrenho que usa seu espaço em veículos de comunicação para mostrar em que pé está parte da cultura de Rondônia. Neste momento Zekatraca deixa de ser o entrevistador e passa para o outro lado. Agora ele é a notícia.
Equipe de Pesquisa – Como surgiu o Zekatraca?
Zekatraca – Eu deveria escrever uma coluna de carnaval para o extinto jornal A Tribuna, para concorrer com o colunista Pierrot, que escrevia para o jornal O Estadão do Norte. Poucos sabiam que Pierrot era o nome adotado pelo jornalista Vinicius Danin. Então o Manelão (Manoel Mendonça, dirigente da Banda do Vai Quem Quer) deu a idéia de colocar o nome Zekatraca, para preservar o bloco carnavalesco Zé Atraca. A coluna estreou no jornal A Tribuna em 1987, falando do carnaval de 1988.
EP – Ninguém sabia que o Zekatraca era o Silvio Santos?
Zk – O mistério sobre quem é o Zekatraca durou de 1987 até 1994, quando eu fui entrevistado no jornal Diário da Amazônia. Só então a identidade foi revelada em uma reportagem publicada no dia 12 de maio de 1994. O título foi “Meu nome é Silvio Santos, mas pode me chamar de Zekatraca”.
EP – A coluna sempre foi do jeito que é hoje?
Zk – Houve modificações. A coluna começou no A Tribuna e depois foi publicada no também extinto O Guaporé, no O Estadão do Norte e no Diário da Amazônia. Inicialmente só falava de carnaval. Então a coluna só era veiculada do final do ano até o carnaval. Depois, no O Estadão, o jornalista Antônio Queiroz deu a idéia de criar o Zematraca, que falava de política. A coluna passou a ser publicada durante o ano inteiro. Tinha uma parte que se chamava “Esquentando os tamborins”, que falava somente de carnaval. No Diário da Amazônia o artista plástico João Zoghbi também deu uma idéia: mudar essa parte para “Lenha na Fogueira”. Aí foi possível falar de boi-bumbá e de outros assuntos. A coluna foi se tornando mais abrangente aos poucos.
EP – Edson Arantes do Nascimento costuma separar o Edson do Pelé. E você? Separa o Zekatraca do Silvio Santos?
Zk – Separo. Muitas vezes o Zekatraca critica amigos do Silvio Santos. Zekatraca abre espaço para pessoas que criticam o próprio Silvio Santos, que criticam o próprio Zekatraca. Eu separo, mas as pessoas fundem o Zekatraca no Silvio Santos. Mais do que isso, anulam o Silvio Santos e passam a me chamar de Zekatraca.
EP – De um exemplo disso.
Zk – Eu, Silvio Santos, sou funcionário público concursado. Eu era fiscal de bingo do interior da Lotora. Eu tinha que conferir os números dos bingos, na hora do sorteio. Muitas vezes eu era anunciado e depois pedia para o locutor dizer que na terça-feira a festa iria ser noticiada pelo Zekatraca no Diário da Amazônia. O locutor perguntava onde estava o Zekatraca. Eu dizia que era eu. A partir desse momento ninguém mais falava em Silvio Santos. O locutor começava a me chamar de Zekatraca e todos faziam a mesma coisa.
EP - O Zekatraca já colocou o Silvio Santos em alguma situação difícil?
Zk – Diversas vezes. Teve uma vez em que o Zekatraca criticou a Banda do Vai Quem Quer. Em seguida, eu, Silvio Santos, cheguei com o presidente da banda, o Manelão (Manoel Mendonça) em um bar e dois amigos meus estavam indignados. Diziam que iriam dar uma surra do Zakatraca. O Manelão sabia que eu sou o Zekatraca, mas não disse nada. Então eu disse o seguinte: “Eu sei quem é o Zekatraca, e ele está por aqui”. Então saímos os quatro procurando o Zekatraca. É claro que não o encontramos. Em uma outra ocasião o Zekatraca criticou a Escola de Samba Pobres do Caiari, dizendo que no bar serviam cerveja quente. Quando eu cheguei, o dono do bar me disse que iria pegar o Zekatraca e colocar goela abaixo uma grade de cerveja gelada, para ele aprender.
EP – Por que o Zekatraca critica tanto em sua coluna?
Zk – Criticar é um estilo da coluna. Também é uma forma de saber se a coluna está sendo lida, se ela tem peso. Muitas vezes critico um amigo meu só por criticar mesmo, para ver o que ele diz. Temos poucos jornalistas conhecidos, com colunas de peso. Paulo Queiroz e Carlos Sperança são críticos também. Batem pesado. É o que dá peso à coluna. Não é fácil escrever uma coluna. Muitos jornalistas querem, mas não têm espaço.
EP – Fale de alguma reação de amigos seus.
Zk – Existe o Bloco das Piranhas, formado por jornalistas. A noiva era o falecido colunista social Sérgio Valente. Quando ele morreu, foi escolhida uma nova noiva. Não vou dizer o nome dele. Ele não estava na reunião e foi escolhido por unanimidade. Todos os jornais noticiaram. O Zekatraca só divulgou uma semana depois. Ele foi no Diário da Amazônia me bater. Foi preciso que o então editor chefe do jornal, Waldir Costa, lhe chamasse a atenção. O jornalista escolhido como noiva só voltou a falar comigo cinco anos depois.
EP – Existe uma equipe que escreve a coluna?
Zk – Muita gente escreve. Recebo muitos e-mails. Muitas pessoas pedem para colocar alguma nota. Muitas vezes um artista escreve ela inteira. Há casos de eu estar com o Manelão no Chaveiro Gold e sair com a coluna escrita de lá, com a ajuda de colaboradores. A coluna está aberta a todos.
EP – Qual o relacionamento do Silvio Santos com os produtores culturais?
Zk – É bom enquanto o Zekatraca não estiver criticando. Isso porque se precisar criticar, o Zekatraca critica mesmo. Se precisar abrir espaço para alguém se defender, o Zekatraca também abre.
EP – Você envia para os sites o mesmo texto que é publicado no Diário da Amazônia. Você acha que seria preciso mudar a linguagem, porque são veículos diferentes?
Zk – Seria bom mudar, mas não tenho tempo para isso. Assim, autorizo os sites a divulgarem a coluna. Mas tem o seguinte: a coluna tem uma linguagem própria, e ela é mantida em todos os veículos.
EP – Com os sites que foram criados, o mercado de trabalho foi ampliado para jornalistas. Mas a cobertura do lado cultura ainda está fraca. Existe espaço para um outro Zekatraca?
Zk – Claro que sim. Espero que apareça outro Zekatraca. Hoje o mais parecido é o J. Vasquez. Ele escreve bem sobre cultura. Acontece que os jornalistas que estão entrando no mercado de trabalho não se interessam pela cultura, porque não dá dinheiro. Se interessam mais pela área de política, economicamente mais rentável. Eu digo o seguinte: cultura não dá dinheiro, mas dá muita alegria, dá muito prazer.
EP – Fale de alguma colaboração do Zekatraca com a cultura.
Zk – No último ano de sua administração, o ex-prefeito José Guedes decidiu que não iria dar dinheiro para as escolas fazerem o carnaval. Ele já havia anunciado a decisão. Falei com o então editor do Diário da Amazônia, Waldir Costa, e ele me autorizou a fazer uma página inteira de entrevista com José Guedes. Foi à prefeitura e depois de entrevistar o prefeito, desliguei o gravador e perguntei por que ele não iria fazer o carnaval. Ele disse que iria sim, que eu pedisse para o presidente da Liga das Escolas de Samba de Porto Velho ir até a prefeitura que ele iria liberar o dinheiro.
EP – Você começou a cursar Jornalismo em 2006, mas desistiu. O que você pensa do diploma de jornalista?
Zk – Parei por falta de dinheiro e também tive um problema de saúde. Mas considero o diploma muito importante. Também cursei história na Unir, e isso me ajudou muito. O Zekatraca passou a falar da história da cidade.
EP – E a criticar historiadores também, não é?
Zk – kkkkk.
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