Quarta-feira, 16 de abril de 2008 - 06h24
Dificuldades
De Nazaré no Baixo Madeira a Brasília (*)
O grupo viajou mais de três mil quilômetros até à capital federal. Para chegar a Porto Velho percorreram o rio de barco durante 12 horas. Depois, mais três horas de vôo para chegar a Brasília. São 18 crianças de Nazaré entre meninos e meninas na faixa de 7 a 19 anos, que produzem músicas com temas da realidade por eles vivenciada na Amazônia, além dos mitos e lendas da região como o Boto Tucuxi, Anauá e Curupira. Consolidaram seu trabalho convivendo na escola Henrique Dias, onde estudam.
No show de ontem apresentaram as canções “Não deixe secar o coração”, “Cobra grande” e “Vai pescar, vai pescar”, composições de Silvia Helena e Timaia, respectivamente organizadora e regente do coral de meninas e fabricante dos instrumentos utilizados pelo grupo. As composições integram o elenco de 15 músicas do CD, gravado o ano passado.
Sua presença na Conferência Nacional de Educação Básica foi uma articulação do mandato da senadora rondoniense Fátima Cleide(PT) com a Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação.
Presente à apresentação, a senadora declarou satisfação de poder contribuir com a vinda do Minhas Raízes a Brasília. “É compensador o esforço feito pelo mandato e pela prefeitura de Porto Velho para ajudar na divulgação do trabalho destas crianças e jovens de Nazaré. Eles são talentosos, não resta dúvida, tanto que as pessoas que aqui estão, de Minas Gerais, Paraíba, Amazonas e de tantas outras regiões estão encantadas, emocionadas”, declarou.
Em 2007, o cantor e escritor Gabriel, “O Pensador”, indicou o grupo para o Criança Esperança, que exibiu cenas do cotidiano das crianças. Pensador conheceu o grupo em Porto Velho, em abril do ano passado, quando participou da Feira do Livro. Ele ficou impressionado com o talento dos meninos. “O meu filho adorou a música deles, e eu também”, disse o artista aos apresentadores do Criança Esperança 2007, Luciano Huck e Angélica. Todos os instrumentos do grupo são feitos de madeira da floresta amazônica. São percussões, flautas, reco-reco, gambá, cumbuca, carrilhão de bambu, checo-checo, entre outros que ainda não têm nome.
Timaia diz que nenhuma árvore é arrancada. “Desde quando a floresta virou a Reserva Biológica Cuniã em 2004, trabalhamos de forma sustentável. Apenas coletamos aquilo que a floresta descarta, como galhos, sementes e cipós. Nada é arrancado.”
No início da apresentação, não poderia faltar, claro, uma especial reivindicação. Em nome do Grupo, Túlio Nunes pediu às autoridades presentes para que os jovens de Nazaré e de outras comunidades ribeirinhas do Madeira tenham a mesma oportunidade que outras regiões para acesso aos estudos de forma integral. Por falta do Ensino Médio em Nazaré, muitos abandonam a região para concluir a educação básica em outra localidade ou, por falta de condições, param de estudar.
O grupo tem o sonho de construir um centro cultural aberto ao público para fomentar a cultura regional. Com isso, Timaia acredita que o distrito poderá se tornar uma referência turística na região. “Penso no futuro vender os bioinstrumentos e dar cursos de música para as crianças, jovens e turistas que vão a Nazaré”, disse Timaia.
(*) Texto: Henrique C. Teixeira e Mara Paraguassu
Minhas Raízes é show na
na conferência da educação
Estudantes de Rondônia se apresentam na Conferência da Educação Básica (*)
Em cada som, uma história. Dezenove crianças, entre oito e 18 anos, saíram pela primeira vez de Rondônia e apresentaram aos participantes da Conferência Nacional de Educação Básica, em Brasília, as lendas e costumes do lugar onde vivem. Eles moram numa área de reserva florestal, a seis horas de barco de Porto Velho, no distrito de Nazaré, às margens do rio Madeira, e estudam na escola municipal de Ensino Fundamental Floriano Peixoto.
O professor da escola e um dos coordenadores do grupo, cujo nome denuncia a paixão musical, Timaia dos Santos, diz que dá aula “de tudo um pouco”. Ele resolveu incluir a música no cotidiano dos meninos e meninas. Para eles, não houve dificuldade para transformar em melodia a identificação com a Amazônia. Em quatro anos, foi natural criar letras que rimam lagoa com canoa, madeira com aldeia. O cotidiano dos estudantes, povoado por elementos distantes da cidade — sucuri, capoeira, tapioca, macaco-prego, lamparina, matitaperê —, enriquece as canções que contam com originalidade a vida na reserva.
Os instrumentos também fogem ao comum. São feitos com restos de madeira, sementes, cocos. “Como não tínhamos dinheiro para comprar instrumentos, pegamos o que sobra da natureza”, conta a compositora Sílvia Helena, uma das coordenadoras do grupo. Os participantes (12 meninas, sete meninos e três coordenadores) nem sabem ao certo dizer quais são os instrumentos que criam — muitos nem têm nomes. São espécies de tambores, chocalhos e flautas que conseguem recriar os ambientes da floresta, mesmo a ouvidos pouco acostumados aos sons da mata.
Os alunos contam que ensaiam nos fins de semana. “Quando sobra tempo”, relata Janaína de Souza, 12 anos, estudante da sexta série. Ela confessa que desafinava no começo. “Mas agora canto bem”, garante. Os meninos e meninas nunca tiveram aulas numa escola regular de música. Eles aprendem com os coordenadores, que também assumem papel de professores, compositores e até regentes de coro, o que estes aprenderam sozinhos ou com os pais. “Todo mundo aqui é muito musical e veio de família que tocava alguma coisa”, justifica Timaia.
Felizes por romper as fronteiras do Estado e mostrar o talento em Brasília, os integrantes do grupo também querem chamar a atenção para as dificuldades do pequeno distrito de onde vieram. “Queremos boa educação para os meninos de Nazaré”, reivindica Timaia. Para ele, é preciso formar pessoas do local para atuar como professores e funcionários da escola pública. “Só assim a gente vai ter uma educação mais estável”, afirma, em alusão aos períodos nos quais os alunos ficam sem aulas porque os professores da Capital desistem de ensinar tão longe.
(*) Texto de Maria Clara Machado
Lenha na Fogueira com o filme "O Pecado de Paula" e os Editais da Lei Aldir Blanc
A Fundação Cultural do Estado de Rondônia (Funcer), realiza neste sábado (16), o ensaio para a gravação do filme em linguagem teatral "O Pecado de Pau
Lenha na Fogueira com o Museu Casa Rondon e a eleição da nova diretoria da FESEC
Entrega da obra do Museu Casa Rondon, em Vilhena. A finalidade do Museu é proporcionar e desenvolver o interesse dos moradores pela rica história
Lenha na Fogueira com o Dia de Nossa Senhora Aparecida e o Dia das Crianças
Hoje os católicos celebram o Dia de Nossa Senhora Aparecida a padroeira do Brasil. Em Porto Velho as celebrações vão acontecer no Santuário de Apareci
Jorgiley – Porquinho o comunicador que faz a diferença no rádio de Porto Velho
Tenho uma maneira própria de medir a audiência de um programa de rádio. É o seguinte: quando o programa ecoa na rua por onde você está passando, dando