Nonato Cavalcante na
Diplomata do Samba
Nonato Cavalcante é o responsável pelas alegorias que vão contar a história da Diplomata
O artista plástico, artesão e escultor Nonato Cavalcante assinou contrato com a escola Diplomatas do Samba, para comandar o barracão de alegorias. Afastado do meio carnavalesco há alguns anos, Nonato retorna com força total se dizendo com “fome e sede” de mostrar sua arte ao público de Porto Velho.
A Diplomata do Samba vai apresentar na passarela do samba “Edson Fróes”, que será montada na Avenida Costa e Silva o enredo, “Diplomatas 50 anos de glória e tradição”, que conta a história da escola mais antiga, em atividade da região amazônica. Serão cinco carros alegóricos que trazem em suas composições, referencias aos grandes carnavais da escola nessas cinco décadas. Assim, é provável que o público que comparecer à passarela do samba, relembre grandes carnavais da Diplomata como o carnaval de 1982 que fez da escola a primeira campeã de Rondônia estado “Rondônia e Suas Riquezas”. Figuras de carnavalescos como Tário de Almeida Café, Valério Souza, Inácio Campos, Porfiria, Bola Sete, Pelado, Rubens Salgueiro; Olivaldo o Aleijado, Leônidas O’Carol Chester e tantos outros, não podem ficar fora desse carnaval, assim como os enredos, “As Lendas de Urucumacuã”, “Veriana”. “Simpatia é Quase Amor“ e a “Louca que Caiu da Lua”.
Nonato Cavalcante por ser porto-velhense e torcedor da Diplomata do Samba e em conseqüência, conhecedor profundo da história da escola, com certeza vai apresentar no dia 22 de fevereiro, domingo de carnaval durante o desfile da escola um trabalho de primeira linha. “Estamos tendo todo o apoio do presidente Eufrásio Barbosa”, disse o artesão.
Os ensaios da escola acontecem de segunda a sexta-feira a partir das 20h, na praça do bairro Nova Floresta à rua Campos Sales nas proximidades do João Paulo II.
Vamos voltar às histórias das nossas escolas de samba.
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No tempo que o Leônidas O'Carol Chester era o manda chuva da Diplomatas.
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Quem me contou essa foi o João Mãe Preta, sábado passado lá no Porto Velho Shopping.
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Bom! Por alguns anos a Diplomata do Samba ensaiou no Clube do CIBEC,
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Que funcionava num dos barracões da Estrada de Ferro Madeira Mamoré;
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Para ser mais preciso, naquele Galpão que fica a esquerda de quem desce pela Sete de Setembro rumo à beira do Madeira.
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O CIBEC era o clube dos civis do 5º BEC;
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Como o Leônidas estava prestando serviço ao BEC, assim como o Walfrido, conseguiram licença para ensaiar a escola de samba ali.
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É aí que acontece a história que o João nos contou.
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Alias essa história foi confirmada pelo Cabeleira, domingo passado pela manhã na presença do Presidente da Iaripuna, Tatá; atual presidente da Diplomata Eufrásio Barbosa; presidente da São João Batista Francilene Barreto lá na praça Aluízio Ferreira.
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Negócio seguinte:
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Só que a história do Cabeleira aconteceu quando a escola ensaiava no Danúbio Azul Bailante Clube.
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Porém as duas versões são idênticas.
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Era assim, de posse dos figurinos da escola para aquele carnaval.
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Quando alguma mulher jovem, procurava a secretaria da escola para se inscrever como brincante.
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Antes de a jovem entrar na sala onde estava o diretor de harmonia e de carnaval da escola
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Que nada-mais nada-menos era o Leônidas,
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Este mandava do Rubens Salgueiro passar o "pano", para ver se a menina era "boa".
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Se fosse "boa" a inscrição seria com o Leônidas.
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Outra recomendação era se a jovem era compromissada ou não, quer dizer se tinha namorado ou era casada.
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Se fosse desimpedida, era autorizada a entrar na sala para fazer sua inscrição "Com nosso diretor de carnaval";
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O diretor já de posse com o álbum de figurinos.
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Começava a mostrar a jovem candidata a sambista.
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A cada figurino ele perguntava se a moça gostava daquela fantasia.
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"Se você gosta dessa fantasia, ela pooooode ser sua"
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Dizia o diretor se insinuando para a jovem.
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Esse "pode ser sua", segundo o João Mãe Preta e o Cabeleira.
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Queria dizer;
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Que aquela fantasia escolhida seria dela sem custo nenhum, se ela aceitasse sair com o negão.
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Caso contrário, ela teria que bancar todas as despesas com a compra do tecido, miçangas, lantejoulas, pagar bordadeira, costureira e ainda assim poderia não ser destaque.
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E assim, segundo os dois "fofoqueiros", o nego Leônidas faturava muitas jovens candidatas a sambista na escola de samba Diplomatas;
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Os dois juram de pés juntos que essa história é verdade.
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Por isso, colocamos em nosso livro, que só ainda não foi publicado por falta de patrocínio.
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Só que no livro a história é muito mais detalhada, coisa que a gente não pode publicar nessa coluna.
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Nesse mesmo tempo a diretoria dos Diplomatas gastou uma grana considerável para conseguir ver algumas de suas fantasias prontas.
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Acontece que eles contrataram um carnavalesco para e passado alguns dias, já nas proximidades do carnaval
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Ele o carnavalesco se mudou de mala e cuia para o municio amazonense de Humaitá que fica a 200 quilômetros de Porto Velho.
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Toda vez que a diretoria da Diplomatas precisava conferir se as fantasias estavam realmente sendo confeccionadas tinha que se deslocar até Humaitá.
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Tudo porque o carnavalesco não abriu mão do contrato.
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Que nessas alturas tinha sido mal elaborado.
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Para não ficar no prejuízo total, os dirigentes da escola desembolsavam uma grana preta com passagem ou então com gasolina para verificar se as fantasias estavam sendo confeccionadas a contento.
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E olha que o carnavalesco se dizia Diploma do Samba doente.
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Era o Lulu Mateus, grande passista da escola vermelho e branca.
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Mas, que mesmo assim não abriu mão para que a escola contratasse outro profissional para fazer as fantasias em Porto Velho.
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Esse episódio ficou conhecido dentro da Diplomata como:
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"O ano que a escola veio de Humaitá".
Iaripuna reúne carnavalescos
A Coordenação de Carnaval da Fundação Iaripuna, reúne hoje a tarde todos os dirigentes de escolas de samba com o objetivo de discutir a organização dos desfiles e ensaios dessas agremiações. A reunião será presidida pela vice-presidente da Fundação professora Berenice. “Essa reunião vai servir para discutirmos como os dirigentes das escolas de samba devem proceder, junto aos órgãos de segurança e outras entidades afins no sentido de liberarem suas atividades dentro das normas exigidas”, disse Berenice.
Ontem (20) a Coordenação reuniu os dirigentes do blocos de trio elétrico que vão se apresentar no carnaval deste ano com o mesmo objetivo. “O que sentimos nesses poucos dias que estamos à frente da Comissão de Carnaval, foi que os dirigentes do blocos e escolas de samba, não estão bem orientados sobre as exigências que devem ser cumpridas, perante os órgãos de segurança, o que causa algumas inconveniências para esses dirigentes”.
A reunião de hoje está marcada para as 14 horas na sede da Fundação Cultural do Município Iaripuna à rua Tenreiro Aranha nas proximidades da rua Abunã.
Bordejo de Carnaval (III)
O reinado de momo e o império da antimúsica
*Por Altair Santos (tatá)
Não é só no céu do oriente médio que tem bomba voando. Aqui no ainda estrelado infinito da pátria de Zé Pereira também tem. As bombas daqui emporcalham tudo, matam de tanto fazer raiva. Mais uma vez, a famigerada indústria cultural, pouco antes do carnaval, lança mais um dos seus imprestáveis mísseis e vomita na cabeça do povo ogivas antimusicais. O veneno da hora pode ser ouvido ao longe e grita seu nome, repetidas vezes num infindável refrão mal acabado e ensurdecedor, perna de saracura, perna de saracura, perna de saracura... só pra matar de raiva rondonienses e rondonianos, acreanos e bolivianos, gregos e até marcianos. Não bastasse os bombardeios antigos a golpes do risca faca, ou porres pra beber, cair e levantar, nem o tal chupa que é de uva, sem falar nas ervas daninhas calipsianas, bondes, calcinhas e aviões - safra do ano inteiro - que permeiam qualquer cessar fogo de coisa ruim, jamais pensamos, fosse, uma canela de saracura, levada pelo forte apelo da mídia sair carnaval a fora dando rasteira em tudo e todos e se dizer o hit de então. Sabemos ser impossível, controlar certos vírus e ameaças, mas gostaríamos que um pacto do bem, aqui nessas plagas karipunas fosse selado em torno da defesa e preservação do carnaval tradicional e popular que ainda nos resta. Du-vi-do que na oktoberfest, os descendentes germânicos de Santa Catarina, ainda que a bordo de muita cerveja, cantem e dancem essa tal canela seca. É hora de se fazer um levante, um forte brado em defesa da propriedade intelectual dos nossos compositores de carnaval que há décadas, ano após ano, vem acrescendo páginas e mais páginas à nossa coleção de carnaval. Acreditem, o PIB musical carnavalesco daqui é de fazer inveja a muita gente! Se juntarmos as marchinhas do Bainha, Sílvio Santos, Mestre Oscar, Zé baixinho, Ernesto Melo, Manelão, Misteira, Mávilo Melo, Torrado, Beto César, Cabo Sena, Toninho Tavernard, o saudoso Babá, dente tantos outros, sem falar nos sambas de enredo dessa mesma moçada, temos repertório para um mês de carnaval direto. E o que é melhor, repertório com qualidade, o que isentaria nossos grupos e bandas de ficarem às voltas com as canelas de saracura da vida. Os modismos impostos pela indústria cultural são fácil e fartamente despejados pelas produtoras, emissoras de rádio e TV, numa incontrolável avalanche da qual poucos se salvam. Vamos então, refletir os propósitos da sedimentação da nossa identidade cultural, longe dos exageros e das rupturas tendenciosas e, por esse veio, construir uma alameda pela qual passe como instrumento cultural e formador, as nossas obras e preciosidades musicais tão bem elaboradas. Se não fizermos ênfase ao que temos e construímos, não serão os outros que o farão por nós. Nesse aspecto, deve entrar em cena o objeto da mobilização para fortalecimento do nosso material-imaterial cultural. Agora querer nos tirar pra dança ao som de canela de saracura, não dá. Pra esse tipo de coisa ainda não chegou nossa vez e, vacinados que somos, nunca chegará!
(*) o autor é músico e Presidente da Fundação Iaripuna.
somdosanjos@hotmail.com