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Gente de Opinião

Silvio Santos

Zekatraca - Lenha na Fogueira 31/12/08


 

Na corona do Bloco Mistura Fina, vamos lembrar outros blocos de sujo que se apresentavam em Porto Velho.

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Do inicio da década de sessenta até meados da década de setenta a sensação era desfilar pelo bloco “Só Vai Quem Bebe”.

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Esse bloco foi criado pelos boêmios carnavalescos que freqüentavam os “puteiros” Tambaqui de Ouro, Mãe Preta, Anita e outros que ficavam na área compreendida pelas ruas D. Pedro II, Joaquim Nabuco, Afonso Pena e Tenreiro Aranha.

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A concentração como sempre era no quintal da casa do Bainha que ficava ao lado do Grupo Escolar Murilo Braga no KM-1

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O bloco “Só Vai Quem Bebe” só desfilava na segunda feira de carnaval.

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Acontece que esse era o único dia de carnaval que os carnavalescos não tinham compromisso com as escolas de samba.

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Assim como o Mistura Fina nos dias de hoje.

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Naquele tempo os foliões masculinos do “Só Vai Quem Bebe” desfilavam vestidos de mulher e as mulheres vestidas de homem.

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O grande detalhe do “Só Vai Quem Bebe”, era que, quem pagava a despesa eram as prostitutas.

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Acontece que os principais participantes do bloco era JIGOLÔ.

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Viviam à custa das mulheres de “vida fácil”.

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Bainha, Cabeleira, Leônidas, Silvio, Pelado, Rubens Cachorro, Roosevelt, Bizigudo, Ozires, Jarbas e tantos outros.

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Outra característica era o caldo que era servido aos foliões.

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Só que, no “Só Vai Quem Bebe” o caldo era a famosa “Panelada” preparada com mocotó, tripa e bucho do boi.

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O bloco descia a Sete de Setembro e voltava fazendo o percurso onde existiam os “puteiros”.

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Quando acabaram os puteiros do centro da cidade o “Só Vai Quem Bebe” deixou de se apresentar por falta de patrocinadoras.

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Aí surgiram os blocos do Bar do Casemiro.

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Bloco do Bode – O nome foi em homenagem a uma calcinha que foi achada pelo Manelão toda melada de sangue.

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Por alguns anos essa calcinha foi o estandarte do bloco.

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Esse bloco parou de desfilar quando descobriram de quem era a dita calcinha e aí o pau quebrou em plena avenida Sete de Setembro

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Acontece que o namorada da dona da calcinha descobriu a origem da peça e tentou acabar com o estandarte do bloco.

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Outro bloco de sujo que ficou famoso foi o do “Zé Atraca” – O nome da nossa coluna – Zekatraca, é uma homenagem a esse bloco.

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Naquele dia, Manelão tinha tomado todas e como sempre a turma estava reunida no Bar do Casemiro e era um domingo.

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Quando alguém sugeriu a formação de um bloco de sujo para desfilar naquele momento pelas ruas do centro de Porto Velho.

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Tudo acertado e aí um vendedor de pipoca chegou no pedaço com uma buzina tipo corneta (aquele que a gente aperta numa borracha e ela buzina) e então Manelão “confiscou” a dita buzina e a colocou dentro da calça pêra o lado da braguilha.

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Durante o desfile ele agarrava as pessoas principalmente as mulheres e apertava contra seu corpo e isso fazia a buzina funcionar.

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Com o toque da buzina ele grita “Aqui é o Zé Atraca”.

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Quando ele perdeu a buzina, passou a embriagar o Casemiro momentos antes da saída do bloco

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E na hora do desfile amarrava uma corda na cintura do Casemiro e saia puxando, era a corda do “Zé Atraca”.

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Foi aí que surgiu o Garçom que hoje é deputado federal.

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Manelão o contratou para vestido de Garçom sair servindo uísque no desfile do bloco do Zé Atraca.

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Outro bloco de sujo que ficou famoso foi o “Bloco do Jaguné”.

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Esse substituiu o Só Vai Quem Bebe.

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E desfilava na segunda feira de carnaval.

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O Jaguné parou de se apresentar quando alguns de seus integrantes passaram a abusar do uso de droga e os carnavalescos então se afastaram.

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Vale salientar que os desfiles dos blocos que saiam do Bar do Casemiro como Bloco do Bode, Escorrega lá vai um e bloco do Zé Atraca, aconteciam sempre aos domingos a partir do mês de janeiro até véspera do carnaval

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Hoje o único remanescente desse estilo de bloco é o Mistura Fina que desfila hoje a partir das 17h com saída do Bar Antônio Chulé.

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Vamos nessa cambada!


 
Carnaval


Bloco Mistura Fina
Desfila hoje à tarde


A concentração começa ao meio dia na rua Joaquim Nabuco com a Bolívia e o desfile a partir das 17 horas

O tradicional bloco “Mistura Fina” desfila pelas principais ruas do centro de Porto Velho (RO), a partir das 17h de hoje. De acordo com a coordenação do “cordão”, a concentração começa a partir do meio dia no bar “Antônio Chulé” a rua Joaquim Nabuco esquina com a Bolívia no bairro Santa Bárbara. “O samba começa a acontecer desde o inicio da tarde e só vai parar após o desfile do bloco”, disse Valdison Pinheiro. 

O Mistura Fina nasceu com a construção da Usina Hidrelétrica de Samuel em 1982. A maioria dos técnicos que vieram trabalhar na barragem era do Rio de Janeiro, portanto, carnavalescos por natureza. Entre esses trabalhadores, dois eram diretamente ligados às escolas de samba cariocas, Edinho e Zé Leôncio o primeiro diretor de harmonia da escola de samba Império Serrano e o segundo compositor consagrado de partido alto. 

Juntamente com os demais companheiros cariocas, resolveram implantar em Rondônia, um estilo de bloco que é bastante comum no subúrbio do Rio de Janeiro, os chamados “Bloco das Piranhas”, onde os homens desfilam travestidos de mulher e as mulheres de homens. Resolvido o estilo de desfile da agremiação, marcaram o primeiro encontro para a “republica” onde a maioria morava, que ficava à rua Guanabara entre a D. Pedro II e a Carlos Gomes no bairro São Cristóvão. 

Ainda copiando uma tradição dos foliões do Rio de Janeiro ficou acertado que o bloco só desfilaria no dia 31 de dezembro, dando adeus ao ano velho e boas vindas ao ano novo. 

Naquele tempo, os carnavalescos de Porto Velho se reuniam no Bar Capivara que era administrado pelo Vagner Caminha e ficava a rua Joaquim Nabuco com a Almirante Barroso. Os integrantes do Mistura Fina por influência do Bainha que à época, freqüentava muito a rua Guanabara, justamente nas proximidades do local onde ficava a “república” dos trabalhadores da barragem de Samuel e em conseqüência pode ser considerado um dos fundadores do MIstura, o itinerário do bloco passava pelo Bar Capivara onde uma caldeirada de carneiro preparada pelo próprio Bainha e pelo Deusdete (Careca) os esperava. 

O bloco ficava no Bar Capivara, que logo passou para administração do Casemiro, por algumas horas e enquanto o samba rolava, o caldo de caraneiro era servido a seus brincantes. Nesse intervalo, acontecia a roda de samba com a participação dos sambistas porto-velhenses e cariocas até o bloco dar a partida no rumo das ruas do centro comercial da cidade. 

Naquele tempo, ao sair do Capivara, o bloco fazia o seguinte percurso: Joaquim Nabuco, Carlos Gomes, Presidente Dutra, Sete de Setembro até a Guanabara com a Carlos Gomes. 

Quando a construção da hidrelétrica terminou, os diretores do bloco Edinho e Zé Leôncio reuniram os carnavalescos Bainha, Manelão e Oscar Knaight e pediram que não deixasse a brincadeira “morrer”. 

Os carnavalescos porto-velhenses até hoje cumprem o prometido aos fundadores do bloco. 

Hoje a partir das 12 horas os foliões se concentram no Bar Antônio Chulé. 

O desfile propriamente dito, está previsto para sair às 17h. 

A coordenação informa que o brincante deve comparecer com pelo menos uma caixinha de Maizena. “Essa é a nossa principal fantasia”.
Coordenam o Mistura Fina – Reginaldo Makumba, Valdison Pinheiro, Bainha, Oscar Knaight. A bateria é comandada pelo mestre Negão.

MISTURA FINA 2008/2009
De: Silvio M. Santos

Ô, Ô, Ô, Ô, Ô, Ô, Ô, Ô.
MISTURA FINA
É EMPOLGAÇÃO
NA DESPEDIDA (B I S)
DO ANO VELHO
COM MAIZENA
SOU FOLIÃO

MANTENDO A TRADIÇÃO
MAIS UMA VEZ
ESTAMOS NA AVENIDA
AGRADECENDO (B I S)
PELO ANO QUE PASSOU
E AO ANO NOVO
DANDO BOAS VINDAS

Ô, Ô, Ô, Ô, Ô, Ô, Ô, Ô.
MISTURA FINA
É EMPOLGAÇÃO
NA DESPEDIDA (B I S)
DO ANO VELHO
COM MAIZENA
SOU FOLIÃO 





MinC recebe projetos via Internet


O secretário de Fomento e Incentivo à Cultura, Roberto Nascimento, em entrevista publicada no site do Ministério da Cultura explica as mudanças no formulário para o proponente de projetos culturais que busca financiamento por mecanismo de incentivo fiscal, previsto na Lei 8.313/91 - conhecida como Lei Rouanet. 

Nascimento comenta que durante os últimos 17 anos houve melhorias de cadastramento. “Contudo, é necessário ajustá-lo às atuais necessidades de informações e de tecnologia. Por isso, o formulário foi remodelado no sentido de incorporar dados importantes, como: local de realização e de despesa. Outra mudança importante diz respeito aos produtos e serviços previstos em cada projeto. Por esses motivos, a mudança é essencial para o acompanhamento e o monitoramento do Incentivo Fiscal federal, um dos mecanismos mais relevantes para a produção cultural brasileira”. 

Acredita o secretário de Fomento do MinC que com essas mudanças, o novo formulário vai dar maior transparência aos dados sobre projetos e permitir uma melhor avaliação pelo ministério e pela sociedade da utilização de recursos públicos para o financiamento de projetos culturais. “É importante ressaltar que o esforço de um novo formulário foi acompanhado do desenvolvimento de uma plataforma segura baseada na Internet. Além da ampliação do acesso ao mecanismo do incentivo fiscal, o envio pela Internet, a exemplo de Declaração do Imposto de Renda, proporcionará um nível de agilidade que não é possível pelo meio físico, do papel. Assim, todos os proponentes que podem fazer uso da rede mundial de computadores terão as propostas analisadas de forma muito mais célere. Para os que não possam fazer uso da Internet, manteremos o recebimento pelos correios, contudo, somente serão aceitos os formulários no novo formato, com as mesmas informações constantes do disponível na Internet”. 

Os próximos passos serão o uso de certificação digital por todos os usuários do sistema, o que tornará definitivamente dispensável o envio de papel; a integração com as bases de dados da Receita Federal; e o desenvolvimento dos módulos de acompanhamento da execução e prestação de contas também baseados na Internet.
Melhores informações no site www.cultura.gov.br 




Lançamento

América Aracnídea

Brasil, 1941. O governo de Getúlio Vargas, através do chanceler Oswaldo Aranha, acaba de se aliar aos Estados Unidos no combate contra o nazismo alemão. Por trás dessa decisão diplomática, uma vontade política: ergue-se como potência sul-americana. Vargas deixa-se seduzir pela célebre Política da Boa Vizinhança para lançar mão de um projeto muito mais ambicioso: a interpretação brasileira do pan-americanismo. A intenção era emergir como potência regional junto com os Estados Unidos e não submisso a eles. Para tanto o Brasil precisava se fortalecer e se impor frente aos países vizinhos. Unir afetivamente os brasileiros da América apresenta-los aos seus grandes artistas e heróis, criar uma identidade comum. 

Em agosto do mesmo ano, começou a circular, junto com o jornal A Manhã, o suplemento cultural Pensamento da América, destinado a divulgar o mútuo conhecimento dos valores intelectuais do continente. A frente do projeto, uma gama de intelectuais brasileiros ligados ao movimento modernista, ora ao Itamaraty, ora a ambos: Ribeiro Couto, Manuel Bandeira, Renato Almeida, Cecília Meirelles, Vinicius de Moraes, Dante Milano, Jorge de Lima entre tantos outros. Todos eles se empenharam em, ao longo de 7 anos, divulgar para o leitor brasileiro um pouco da produção cultural dos países vizinhos. 

Esse esforço único de aproximação cultural entre o Brasil e as Américas permanece praticamente desconhecido. Vargas entrou para a história como um grande estadista nacionalista, mas essa outra faceta de seu governo, que buscava uma internacionalização como forma de fortalecimento político ainda é pouco explorada na historiografia. Seu projeto foi tão fértil que ultrapassou as barreiras da Segunda Guerra e de seu próprio governo: Pensamento da América foi dar seus últimos suspiros no ano de 1948, depois de 1128 páginas de divulgação da literatura, música, história, artes plásticas, política, folclore, dança, geografia, urbanismo. 

Em América Aracnídea: Teias Culturais Interamericanas, a historiadora Ana Luiza Beraba conta a história dessa empreitada. O objetivo é conhecer com qual América o Brasil se enredou. E compreender como um projeto nacionalista de governo capitalizou a ideologia pan-americanista a seu favor. Conhecer quais os brasileiros se interessaram em empreender este projeto e quais americanos foram privilegiados dentro dele. Pensamento da América nasceu do encontro entre uma necessidade política, uma vontade intelectual e um trabalho diplomático. E é a sua amplitude que nos dá as pistas para a reconstrução da enorme teia que se criou. 

América Aracnídea – Teias Culturais Interamericanas
De - Ana Luzia Beraba
Editora – Civilização Brasileira
224 páginas + 16 encarte
Preço – R$ 39
Formato – 14 x 21 cm
ISBN – 978-85-2-00-0679-5

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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