Quarta-feira, 1 de março de 2017 - 19h36
REFORMA DA PREVIDÊNCIA
fascista e antirrepublicana
Especialista em reforma da previdência, o cientista político norueguês Einar Overbeye afirma que a psicologia define o sucesso ou o fracasso dos governos que propõem mexer no vespeiro. Porém, dá-nos a senha ao sacramentar que governos socialdemocratas – avessos a cortes nas áreas sociais – foram exitosos ao “redefinir prioridades de investimento social”.
Governos socialdemocratas foram competentes na comunicação social ao expor seus planos de mudança, demonstrando, sobretudo, que não eram apenas cortes e sim novas condições de investimento estrutural[1]. Por várias razões, na prática isto não se aplica ao Brasil:
1) Governo e sistema político – alguns podem ler como “partidos políticos da base aliada” – são fascistas, ao contrário do requerido modelo socialdemocrata;
2) A reforma apresentada não é investimento societal e sim punição ao trabalhador de forma geral e, mais especificamente, aos mais pobres;
3) É pífia a comunicação social, inclusive porque não se pode esconder debaixo do tapete a realidade de que é um modelo fascista;
4) É uma proposta seletiva, pois estão fora do pacote os militares, a corte superior do funcionalismo público – com destaque para o Judiciário e o Ministério Público – e os próprios políticos profissionais, que continuarão a se aposentar com oito anos de contribuição;
5) O rombo na previdência não é rombo, se contabilizarmos todas as fontes de custeio que hoje são distorcidas para pagar a dívida pública, notadamente contraída com o sistema financeiro;
6) O real objetivo da reforma é acabar com a obrigatoriedade da aposentadoria pública, levando-nos diretamente à necessidade de autofinanciamento, isto é, como puder (ou não), cada um construirá sua previdência privada junto ao sistema financeiro;
7) Objetivo que se completa com a pior reforma possível da legislação trabalhista, extinguindo direitos fundamentais dos trabalhadores;
8) O que nos leva de volta ao fato notório de que cada trabalhador deverá se virar como puder e que os reais ganhadores são o sistema financeiro e as elites de sempre;
9) Isto também explica uma das motivações da Ditadura Inconstitucional implantada com o impedimento, em 2016;
10) Por fim, é um modelo antirrepublicano, ditatorial, elitista, racista, fascista e cesarista.
A metodologia que devemos empregar para entender nossa realidade não pode ser psicológica, muito menos idealista, pois só será efetiva a análise realista, no melhor sentido de Maquiavel – criador da Ciência Política, no Renascimento –, expondo-se as forças políticas em jogo e os contendores igualmente reais.
A proposta do governo pode até ser aprovada, porque o Congresso Nacional e o Judiciário são parte ativa da política de César, em 2017 (Cesarismo de Estado). Contudo, no fundo, guiados por qualquer uma das 10 razões listadas – e são apenas algumas –, chegaremos à mesma conclusão: é o rebotalho atualizado do Golpe de Estado de 2016, que agora efetiva ajustes excludentes da sociedade trabalhadora: Ditadura Inconstitucional.
Com realismo político a coisa toda fica feia, mais dura, pesada e até depressiva – para usar da psicologia –, mas é o único caminho para um entendimento mediano do que fazem com o povo: negro, mulato, mestiço, branco empobrecido. É a era do sistema financeiro e rentista; mas, sem renda mínima aos trabalhadores.
Vinício Carrilho Martinez
Professor Adjunto IV da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar/CECH
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Vinício Carrilho Martinez (Dr.) Cientista Social e professor da UFSCar Márlon Pessanha Doutor em Ensino de CiênciasDocente da Universidade Federal de