Quarta-feira, 5 de janeiro de 2011 - 05h33
Toda conquista deveria ser decorrente de mérito. Mas não é. Não são poucas as nulidades que são alçadas a postos de destaque. O protecionismo de toda ordem, por vezes sem qualquer critério lógico, doa poder de mando até a quem não serve nem para ser mandado. Por consequência, estabelece-se a injusta e danosa inversão de valores.
Instalar um governo meritocrático para corrigir esse tipo de distorção é o fácil. Fazer valer critérios como talento, educação formal e competência num sistema em que privilegia as interesseiras indicações políticas requer muito além de vontade e determinação. Daí porque a meritocracia não se expressa em nenhum sistema gerencial de forma pura, principalmente nos governos. Segundo Confúcio, nesse primeiro momento metade das indicações atenderam a pedidos políticos, e metade tiveram intenção meritocrática. Isso não significa que toda a primeira metade seja desprovida de méritos. Há casos, evidentemente, que o indicado político tem mérito.
Governo precisa de apoio político e político é experto em praticar, no pior sentido, o “é dando que se recebe”. O apoio vem quase sempre em troca de algo de interesse pessoal: cargos, favores, dinheiro ou tudo junto. É o jogo do poder cujas regras foram difundidas por Maquiavel.
Uma outra questão a ser transposta para que seja implantada a meritocracia é o que cada um entende por mérito. Há quem ache, por exemplo, que obediência incondicional, bajulação e até servilismo são méritos de quem os serve. O mérito não deve ser definido por critérios pessoais, aleatórios. Um modelo de meritocracia é o método científico no qual só é considerado como verdade o que é justamente definido pelo mérito; ou seja, a consistência do conteúdo em relação às observações ou a outras teorias.
A meritocracia é o mais justo entre os sistemas hierárquicos. Os mais capazes, mais aptos, são mais. Tem ainda as vantagens de estimular a salutar competição entre os indivíduos e a propiciar o aumento da eficiência e da produtividade.
Rondônia precisa sair com urgência desse marasmo cerebral, onde muitas decisões ainda são tomadas com base em palpite, em tentativa, em empirismo. É preciso, sim, incitar as mentes, em todos os níveis, a buscar o acerto com mais determinação, com mais brio. Para tal, a conhecimento, o raciocínio lógico e o bom senso precisam entrar em campo com mais assiduidade. As cabeças mais iluminadas deste Estado precisam ser identificadas e chamadas a colaborar, a ajudar o governador em suas decisões. Ainda que seja ilustrado, como denota ser Confúcio pelo seu currículo, ninguém domina todos os assuntos sobre os quais precisa encontrar a melhor solução. Quem quer acertar mais, deve consultar a quem confia que sabe mais sobre o que pretende decidir. Essa é uma atitude sábia.
O governador Confúcio Moura prometeu que em seu governo o caminho da conquista será o mérito. A despeito dos obstáculos que alguns tentarão colocar para evitar que isso aconteça, ele não deverá desistir de implantar, o quanto lhe for possível, esse modelo que valoriza quem efetivamente tem valor. Todavia, entre o que o governador pretende e o que de fato acontecerá só o tempo dará a verdadeira resposta. É esperar para conferir.
Fonte: Viriato Moura - viriatomoura@globo.com
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