Sexta-feira, 9 de abril de 2010 - 13h18
Decididamente não se deve pensar em suprimir dores eliminando o local onde dói. Essa tão inusitada quanto absurda “terapêutica” fere os princípios basilares da existência animal – racional ou não. É como se a centopeia quisesse diminuir o número de pernas para sofrer menos de reumatismo.
Dores fazem parte da vida. Algumas podem ser evitadas com medidas preventivas; outras podem ser atenuadas ou até curadas, com medidas curativas. Mas não podemos imaginar uma existência sempre indolor. Nós, racionais, além das dores do corpo, temos as dores da mente – estas, por vezes, mais doídas.
Rejeitar a possibilidade das dores e revoltar-se contra a existência delas em nada contribuirá para suprimi-las ou diminuí-las. Muito pelo contrário.
Quando todos os “analgésicos” falharem, resta-nos tentar diminuí-las usando mecanismos psicológicos de compensação ou a resignação de senti-las com dignidade.
O modo como alguém convive com suas dores, em especial as grandes dores existenciais, dá a medida da grandeza de sua existência.
Fonte: Viriato Moura
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