Quinta-feira, 6 de maio de 2010 - 13h43
A linha que divide a fronteira entre as virtudes e os defeitos, o certo e o errado, pode ser abissal mas pode também ser tão tênue que em dados momentos eles se mesclam de um jeito que é difícil separar um do outro.
Mas há aqueles que se julgam vestais, detentores das virtudes, acima dos mortais comuns. Esses, sem dó nem piedade, sentenciam com dedo em riste apontando defeitos nos outros – sempre nos outros! – , que devem ser punidos. Na proporção em que são vorazes e impiedosos em relação a atos praticados pelos outros, exercitam uma condescendência cínica em relação a seus próprios atos.
Aos que erram há mais que a punição a oferecer. Mesmo porque nem sempre a punição é o melhor remédio para quem quer corrigir erros e resgatar para os acertos os que erram. Quando há ofendidos, o perdão desses pode ser, algumas vezes, o tratamento mais eficaz e pedagógico para que as ofensas não se repitam.
Erra-se por muitos motivos. Por ignorância, por ingenuidade, por falta e por excesso de experiência, por desequilíbrio emocional, por desatenção, por deformidade de caráter etc. Erra-se, em suma, porque o erro, o pecado, faz parte na natureza humana. E nós, podemos fugir, renegar muito de nós mesmos, menos nossa humanidade.
Aquele que se alardeia detentor das certezas não deve merecer crédito, simplesmente por estar querendo ser (ou parecer) alguém melhor que sua verdadeira essência.
A essência de ser apenas, com toda a sua grandeza e pequenez, suas virtudes e defeitos, um ser humano. Cuja dimensão será do tamanho da dimensão que verdadeiramente der a sua existência.
Fonte: Viriato Moura
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