Segunda-feira, 15 de agosto de 2022 - 19h06
O valor terapêutico da leitura remonta a tempos
imemoriais. Desde o Egito Antigo, há registros que se referem às bibliotecas
como “casas de vida”. O faraó Ramsés II (1279-1213 a.C.) mandou colocar na
fachada principal da biblioteca do seu reino a inscrição “Remédios para a
Alma”. Há relatos de que os médicos da Roma Antiga estimulavam enfermos à
leitura. Esse conceito do valor terapêutico dos livros avançou pela Idade Média
e chegou à medicina hindu de então, que utilizava contos de fadas nos
tratamentos de pacientes psiquiátricos.
Nos tempos modernos, a biblioterapia, termo
originado do grego que significa “terapia por meio de livros”, surgiu com essa
denominação numa biblioteca de Massachusetts, nos Estados Unidos, em 1904,
quando uma bibliotecária resolveu
aplicá-la e aferi-la, obtendo bons resultados.
Nos anos 1930, a terapia pela leitura passou a
ser aplicada com mais frequência em hospitais, a partir dos psiquiátricos,
atingindo outros tipos de instituições, como asilos.
A biblioterapia é constituída por leituras
individuais e/ou coletivas, encenações e outras atividades lúdicas, que se
integram às demais atividades médicas, psicológicas, educativas e de
enfermagem. Nesse contexto, funciona como instrumento de transformação de
estados emocionais desviados ou não da normalidade, em busca do melhor ajuste
dos sentimentos. Essa ação terapêutica não se detém na condição passiva do
leitor ou do ouvinte, mas de sua interpretação dos textos e consequente
interação com seu autor. Assim sendo, lança luz sobre o caminho que dará maior
sentido à sua vida.
A leitura é, antes de tudo, uma atividade
solitária — o leitor com o livro e consigo mesmo. Sem dúvida que se coloca como
o instrumento, até o presente, mais importante para o desenvolvimento
intelectual e espiritual do ser humano, oportunizando aprendizado e progresso.
Importante em todas as fases da vida, a leitura deve ser cultivada desde tenra
idade, devendo ser praticada com prazer para que se torne hábito essencial a
fim de nos fazer sentir parte do mundo enquanto pessoas sociais que somos. No
contexto coletivo, como no caso de pacientes institucionalizados, por exemplo,
propicia o compartilhamento de emoções, dúvidas e angústias que geram a
terapêutica sensação de que os incômodos da mente fazem parte da vida, e, ao
serem expostos em grupo, fazem com que os participantes interajam entre si como
passageiros do mesmo barco existencial.