Quarta-feira, 29 de abril de 2015 - 18h15
Quando da construção da lendária Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, o jornal The Porto Velho Marconigram, o segundo publicado em inglês que circulou aqui naquela época , trazia uma frase, a única em espanhol, embaixo do título do periódico: “ A vida sin literatura e quinina, es muerte “. No meio da adversidade quase intransponível da floresta amazônica, a literatura foi equiparada ao mais importante medicamento da época, posto que tratava a enfermidade que mais matava os trabalhadores da ferrovia. A possibilidade do efeito terapêutico da literatura fora percebida desde a Antiguidade. O faraó Ramsés II considerava sua biblioteca como uma farmácia.
Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos com soldados feridos na Segunda Guerra Mundial concluiu que aqueles que se dedicavam à leitura recuperavam-se mais rapidamente.
Assim como os medicamentos, a literatura tem indicação, contra-indicação e efeitos colaterais. Friedrich Nietzsche, filósofo alemão de nomeada, escreveu que “os leitores extraem dos livros, consoante a seu caráter, a exemplo da abelha ou da aranha que, do suco das flores, retiram, uma o mel, a outra o veneno”.
Retirar bons néctares de livros que se lê denota sabedoria. “Muitos homens iniciaram uma nova era em sua vida a partir da leitura de um livro”, ensina Henry Thoreau. Quem tem um livro disponível, não está só. Se sua escolha for boa, terá um agradável companheiro para os momentos de lazer, de apreensões e estados emocionais diversos. A leitura de um texto aprazível pode nos conduzir a momentos de enlevo. E todas as vezes que atingimos esse estado de emocional, o organismo produz endorfinas, hormônios que nos provocam sensação de bem-estar, de felicidade.
O exercício da leitura deve ser estimulado desde a idade em que isso é possível. É importante dar às crianças livros infantis, coloridos, com belas histórias e até com ensinamentos de atitudes que possam ajudar na construção de seu caráter. Ler para as crianças é algo que deve fazer parte das obrigações de pais e responsáveis. Nutri-las com encantadores contos tem tanta importância como o alimento físico que recebem. Aqueles alimentam a mente, estes fortalecem o corpo.
Se consumir literatura pode fazer muito bem à saúde, o mesmo se pode dizer de produzi-la. Mesmo que achemos não ter talento para escrever, devemos tentar nos expressar através da escrita. Não foram poucos os escritores que fizeram e fazem sucesso que só começaram a se dedicar a essa arte na maturidade. Produzir boa literatura sem dúvida que é fator catalizador de vida — dos escritores e de seus eventuais leitores.
Uma lapidar citação de Marcus Túlio Cícero, uma das mentes mais versáteis da Roma antiga, sintetiza a importância da literatura para a existência humana: “As letras são o alimento da juventude, a paixão da idade madura e a recreação da velhice; dão-nos brilho na prosperidade, e são uma consolação, um recurso no infortúnio; fazem as delícias do gabinete, e não embaraçam em nenhuma situação da vida; de noite servem-nos de companhia, vão conosco para o campo e em viagem”.
Pedir segunda opinião médica: um dilema dos pacientes
Até que ponto é válido ouvir uma ou mais opiniões de outros médicos quando se quer avaliar a do médico que nos trata? Essa atitude tem resultados pr