Quinta-feira, 3 de junho de 2010 - 11h49
Grande parte das ações humanas não pode ser definida como certa ou errada tão- somente por pressupostos genéricos.
É preciso que haja especificidade, uma análise criteriosa de cada situação, de cada caso, para que se conclua com justiça esse julgamento.
Há condutas que em determinado contexto seriam absolutamente abomináveis, censuráveis e até criminosas mas que em outros podem até ser aceitas.
Dois exemplos extremos: matar em confrontos bélicos ou ainda em defesa da própria vida, desde que não haja outra alternativa. Outro: comer carne humana de cadáveres, desde que esse seja o único recurso, em dado momento, de preservar a própria vida ou de outras pessoas.
Todo ato só deve ser considerado certo ou errado a partir de critérios que vão desde suas motivações até a falta de opção para resolver a questão de outro modo menos danoso. Neste julgamento, há que se hierarquizar esses critérios. A preservação da vida, claro, é o primeiro e o mais importante deles.
Preservar a vida significa protegê-la, não lhe causar danos ou até mesmo incômodos, quando possível. Alguém com exacerbadas fome e sede que não tenha como saciá-las obedecendo os postulados éticos e legais, caso infrinja estes preceitos pode alegar essa condição extrema como atenuante por sua desobediência.
As múltiplas possibilidades, nos mais diversos contextos em que as ações humanas podem acontecer, impõem que sejam julgadas com isenção mas, sobretudo, sem que seja negada a seu executor o direito de exercer sua humanidade. Por isto, é prudente, para quem deseja ser justo, que, antes de tudo, se pergunte e responda com irretocável verdade: o que eu faria nessa situação? Mesmo assim, isto não basta. Porque para entender melhor os motivos do outro precisamos conhecer sua trajetória de vida e seu jeito de reagir diante do que vivenciou. Isto não significa que nossa compreensão no julgamento atravesse a fronteira do que é aceitável a ponto de se praticar a condescendências, que, de certo moro, incentivam a novas práticas inadequadas.
É leviana, portanto, a conduta de apontar erros, incriminar e apedrejar a conduta dos outros sem que tenhamos consciência da relatividade dessas ações.
A linha divisória que separa a justiça da injustiça é, por vezes, tão tênue que sua visualização exige que usemos a lente da grandeza de nossa humildade, a expansão de nossa sabedoria e o compromisso com nossa humanidade.
O que é lamentável e preocupante, posto que a injustiça, em qualquer nível, provoca danos, alguns até mortais, no exercício da cidadania e na harmonia social, é que o ato de julgar e de sentenciar deveria ser exercido tão-somente por aqueles realmente qualificados para fazê-lo como deve ser.
Infelizmente não é o que acontece na prática.
Daí porque, entre tantas injustiças, assim caminha a humanidade...
Fonte: Viriato Moura.
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