Domingo, 11 de outubro de 2015 - 19h53
Se anjos caninos existem em outra dimensão, penso que existem em maior número que os ditos humanos. Porque esses seres abençoados, exemplos de amor e fidelidade incondicionais a seus donos, não deveriam simplesmente deixar de existir quando desencarnassem. Se a gente, com tantas imperfeições tem esse direito a outra vida, como acreditam muitos, por que eles não?
Escrevi essas palavras para dizer, com quase incontrolável emoção, coração dilacerado por uma tristeza que parece que jamais terá fim, da saudade de uma cachorrinha que entrou em nossa família há dez anos. Ela chegou no voo da madrugada, vinda de São Paulo, onde foi adquirida: um montículo de algodão vivo, onde somente dois olhinhos negros brilhavam. Uma poodle que, além da beleza própria de sua raça, tinha outras herdadas de seus pais campeões. Mas isso era apenas um detalhe daquele anjinho de quatro patas, criado num momento de extrema inspiração divina: tinha um quê que cativava, instantaneamente, a todos que viam e, mais ainda, conviviam com aquele ser apaixonante.
Sophie foi o quarto cãozinho que criamos. Nick, Pitucha e Igor já se foram a muito deixando muitas saudades. Mas a nossa princesinha foi especial. Tão especial que seu olhar, que falava, nos inebriava cada vez mais de amores por ela. A nós e a quem teve a felicidade de fitá-lo.
Mas a implacável dona da finitude de todos os seres vivos, sorrateira, adentrou em nosso aposento, retirou nossa Sophie de onde dormia próximo à nossa cama, levou-a para o closet em anexo, e lá a tomou pelas patinhas, levando-a para sempre na madrugada deste domingo. Antes, porém, mandou seu executores, micróbios transmitidos por carrapatos, que, a despeito de nossos extremos cuidados para protegê-la, conseguiram contaminá-la. Da primeira vez que isso aconteceu, sobreviveu. Porém, agora, mesmo com o tratamento específico para a doença que logo fora diagnosticada, face a sua idade, não resistiu. Malditos carrapatos!
No momento em que atestei sua morte, ainda mantinha o calor da vida. Entretanto, a ausência dos demais sinais vitais indicavam que havia embarcado mesmo na viagem sem volta. Eu e minha mulher Ana Christina, incrédulos diante se sua morte, tentamos tudo que poderíamos fazer para reanimá-la, mesmo sabendo da irreversibilidade do fato. Nada mais podendo fazer para tê-la de volta, restou-nos deixar fluir nossa emoção diante daquele definitivo adeus, através do pranto que nos assolou completamente. Nosso filho Fabrício, que amor semelhante ao nosso a ela dedicou, disse que preferia manter em sua mente a Sophie viva que tantas alegrias e manifestações de afeto lhe proporcionou. Não quis vê-la morta. Em rede social, postou esta emocionante mensagem, que dá a dimensão do que nossa princesa significava também para ele: “Você nos deixou na madrugada deste domingo. Foste criada como se fosses de porcelana, mas tenhas certeza de que retribuíste com o teu melhor. Deixas um buraco profundo de saudades imensuráveis, mas também a esperança de que um dia nos encontraremos. Até um dia, Sophie!”.
O tempo, esse dito senhor da razão, poderá, como sempre faz, amenizar nossa dor ante o vazio deixado pela ausência dela, mas, desde aquela madrugada festiva de há dez anos, quando nossa Sophie chegou em nossas vidas, passamos a ter certeza que ela jamais sairia do rol dos seres vivos que mereceriam nossos melhores sentimentos. Assim foi durante toda a sua existência; assim será enquanto a nossa durar.
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