Sábado, 23 de fevereiro de 2013 - 15h45
O cantor Roberto Carlos, em uma de suas canções, diz que queria ter um milhão de amigos. Decididamente, ao criar essa expectativa, o artista não avaliou bem os critérios que fazem de alguém um amigo.
Admitir ser nossa amiga qualquer pessoa que tenhamos um relacionamento duradouro, alguém que simpatizamos ou simpatiza conosco, é ingenuidade. Os conhecidos e circunstanciais simpatizantes devem ser considerados como tais para que não tenhamos mais decepções do que já tivemos. Nem vínculo de parentesco garante que a pessoa seja nossa amiga. Por vezes é justamente essa proximidade o motivo da falta de amizade. O celebrado poeta e dramaturgo francês, que viveu no século 19, Victor Hugo, adverte: “A metade de um amigo é a metade de um traidor”.
Amigos são raros. Ter essa consciência nos protege de muitas decepções. A maioria das pessoas se chega a outra com o único propósito de se locupletar. Enche a boca ao citar os muitos amigos que tem se eles tiverem algo a lhe oferecer. Os verdadeiros sentimentos não se transmitem com palavras. Estas podem ser, e, não raro são, enganosas. O que existe por trás delas somente aqueles que as proferem sabem. Sentimento se demonstra com atitudes. Baise Pascal, pensador francês do século 17, escreveu: “Poucas amizades subsistiriam se cada um soubesse aquilo que seu amigo diz de si em suas costas”.
Qualquer um pode se compadecer das desgraças dos outros. Somente os que amam verdadeiramente vibram com o sucesso de quem dedicam esse afeto maior. Pergunte-se, se quiser saber se seus “amigos” são mesmo, para você, seus amigos de verdade: você ficaria feliz com a vitória deles como se fosse sua própria vitória? Somente se sua resposta for um sim enfático e sem dúvidas é que deve se convencer que nutre essa amizade. Se tiver qualquer dúvida nesse sentido, a palavra amigo ou amiga deve ser descartada quando se referir a tal pessoa.
Não se iluda com afagos. Foi um beijo no rosto que manifestou a mais famosa traição da história do mundo. Tampouco elogios devem convencê-lo. Mesmo porque o verdadeiro amigo deve estar comprometido com a sinceridade, que pressupõe concordância e discordância – desde que sejam pelo bem da amizade.
Contente-se, portanto, com um punhado de amigos: poucos, mas verdadeiros. Assim terá mais chance de ter os que merecem ser assim considerados. Isso o poupará das decepções provocadas pelos amigos da onça. E como tem gente que gosta desse felino....
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