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Viriato Moura

BREVE HISTÓRIA DA ESPECIALIZAÇÃO EM MEDICINA


A celeridade com que a medicina tem avançado nas últimas décadas não permite ao médico que domine seus conhecimentos em nível de excelência. Mesmo tendo a seu dispor a facilidade de acesso às fontes de informação com o advento da internet,  é humanamente impossível que um profissional as assimile na dinâmica  em que surgem. Impôs-se, portanto, que a medicina se tornasse especializada ou até, mais recentemente, subespecializada.

Enfocar o saber médico em fragmentos cada vez menores do ser humano proporciona maior domínio sobre esses conhecimentos, porém é fundamental que o médico não passe a ter concepção reducionista de seus pacientes. Quanto mais se conhece do todo de um sistema, mais acertadas serão as  conclusões diagnósticas sobre as partes que o compõem.

Mesmo antes de a medicina chegar a estágios mais avançados, alguns médicos da Antiguidade já atuavam em áreas especializadas. Os papiros e alguns monumentos erigidos  em homenagem a esses profissionais asseguram veracidade histórica a essa condição. No Egito antigo há referências a especialistas em moléstias oculares,que realizavam cirurgias de catarata, e aos que se dedicavam ao tratamento das doenças respiratórias, entre outros.
 

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Ilustração medieval mostrando médico operando paciente com catarata

Na China, vários séculos antes da era cristã, os médicos eram agrupados hierarquicamente em relação a seus afazeres profissionais, o que denotava uma seleção por especialidades. Havia o médico chefe, que coletava medicamentos e examinava outros médicos;  o médico dietólogo, que receitava as seis classes de alimentos e bebidas; o médico para enfermidades simples, que tratavam de dores de cabeça, resfriados, feridas menores etc.; o médico de úlcera, possivelmente cirurgiões, e os médicos de animais – estes, veterinários.

Na Grécia e na Roma antigas  não havia especialistas com o conceito que temos atualmente. Os médicos exerciam a clínica e a cirurgia. Entretanto, aqueles que atuavam nos exércitos tornavam-se mais experientes no tratamento dos traumas de guerra.

Com a queda o Império Romano (476 d.C.), na Idade Média(entre o século V e o XV) houve uma estagnação  do conhecimento humano. A medicina ocidental passou a ser exercida nos conventos da Europa, praticada por monges e embasada nos ensinamentos de Hipócrates, na Grécia, e Galeno, em Roma.

Ao final desse período de obscurantismo representado pela Idade Média, veio, no século XV, o Renascimento. A partir de então, todas as áreas do conhecimento humano se desenvolveram, prestigiando-se a capacidade intelectiva do ser humano. Os médicos voltaram a estudar novamente anatomia e as demais áreas da medicina conhecidas na época.

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Lição de Anatomia do Dr. Willem van der Meer
,
de MichielJansz van Mierevelt, 1617. Museu de Delf

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Consulta médica de uma gestante. Jan Steen,
Galeria Nacional de Praga, século XVII

 Na concepção que hoje temos, a especialização em medicina começou  no século XVIII, em razão dos avanços  dessa ciência. Foi nesse século que nasceu a cardiologia, com os trabalhos de Giuseppe Testa, na Itália. O clínico Francês Jean Nicholas Corvisart foi o primeiro médico a autodenominar-se especialista em coração. Nesse século ainda são citadas a obstetrícia, a pediatria e a endocrinologia. Os estudos físicos sobre luz e cor fazem surgir a oftalmologia (Maria Tereza fundou em Viena no ano de 1773 a primeira escola de oftalmologia). Outras especialidades foram criadas a partir do século seguinte.

Após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), impôs-se a formação de profissionais voltados para as lesões traumáticas. Ao logo do século XX, muitas especialidades médicas foram sendo definidas. Atualmente elas são em número de 53, reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina, Associação Médica Brasileira e Conselho Nacional de Residência Médica.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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