Quarta-feira, 13 de julho de 2011 - 07h21
Governar, concordam os léxicos, é dirigir, conduzir. Aquele que governa, o governante do que quer que seja, tem o dever e a responsabilidade de conduzir a determinado destino o governado.
O bom governante, por óbvio, é aquele que conduz aqueles que governa a um bom destino. O mau, o inverso. Mas quem julga se o destino foi bom ou mau são aqueles a quem governa, não o governador.
“Há ocasiões em que devemos governar livremente e ocasiões em que devemos governar com mão de ditador. Tudo se alterna”, recomenda Otto Von Bismarck. A recomendação parece ditatorial, politicamente incorreta para os regimes ditos democráticos. Todavia, convenhamos que num país como o nosso onde desobedecer faz parte do cardápio habitual das relações humanas, onde os próprios legisladores são os maiores exemplos de desobediência às leis, onde não é incomum que os infratores recebam as bênçãos da impunidade, não se conseguirá, em qualquer instância que se governe, levar bons propósito a termo, se em alguns momentos não nos valermos do murro na mesa e do poder que temos para dar um basta no que achamos incorreto, despropositado.
“Governar significa criar descontentes”, alertou Anatole de France. De fato, aquele que governa pretendendo agradar a todos acaba por não agradar a maioria. O governante deve ter coragem de estabelecer metas, acreditar firmemente que elas são as melhores para seus governados, e mobilizar os recursos de que dispõe para caminhar firme em direção a elas. Se for perder tempo com transeuntes que reclamam para si atenções que atendem somente seus interesses particulares e não àqueles que fazem chegar logo ao melhor objetivo coletivo, certamente que poucas vezes chegará lá, e, quando chegar, o fará atrasado, depois da hora.
“Os maiores detratores dos governos são aqueles que pretendem governar”, escreveu o Marquês de Maricá. Portanto, é preciso que o governador veja com ressalva seus contumazes detratores e ter sabedoria para discernir quais as crítica que precisam ser ouvidas e acatadas e aquelas que não merecem atenção. Sêneca dizia que”quem tem muito medo de ser odiado não sabe governar”. Mais que isto: jamais deveria ocupar a posição de governante.
Niccolo Maquiavel alertou que “o primeiro método para estimar a inteligência de um governante é olhar para os homens que tem à sua volta”. De fato, governantes inteligentes não têm motivo para ter receio de companhias inteligente. Muito pelo contrário, sabem que são essas pessoas que, se bem intencionsadas, podem assessorá-lo na melhor condução de seu governo. Desconfie-se, de pronto, daqueles que preferem a presença dos néscios, dos imcompentes. Essa atitude, não raro, denota que o governante não tem luz própria, e por isso tem medo de ser ofuscado por assessores mais inteligentes que eles.
Há que se destacar, todavia, que aqueles que dependem de apoio político-partidário para governar são instados, por fortes pressões e ameaças de por em risco a governabilidade, a acatar indicações que não atendem esses pressupostos. O critério político, não tenhamos dúvida, não é dado a sentar à mesma mesa com o critério meritoso da competência.
Admoesta Tito Lívio que “com leis ruins e funcionários bons ainda é possível governar. Mas com funcionários ruins as melhores leis não servem para nada”. Ou seja, para governos infestados de maus servidores não há salvação. O governante, mesmo de bons propósitos e competente, não logrará êxito nesse condição adversa. É absolutamente fundamental, portanto, que um governante comprometido com o projeto de fazer um bom governo defenestre, o mais rápido que puder, aqueles que, comprovadamente, julgar irremediavelmente incapazes. Fazer isto certamente lhe custará caro, mas é o preço que terá de pagar pelo sucesso que pretende.
O bom governante precisa ter perto de si pessoas de sua confiança que não tenham medo de contestá-lo. Aqueles de sempre concordam atendem uma fragilidade humana de governantes que, na maioria das vezes, preferem o engado que os deleita à verdade que os incomoda. Temporariamente até que podem agradá-lo, mas o deixam caminhar por trajetórias perigosas que se destinam ao abismo. Assessores bajuladores, portanto, são um perigo.
A arte de governar, escreveu Napoleão Bonaparte “consiste em não deixar envelhecer os homens nos seus postos”. Esse “envelhecer” não deve ser entendido somente no seu contexto cronológico. Há pessoas que logo nos primeiros dias que ocupam cargos já se mostram “velhas” no mau sentido. Não adiante lhes prolongar a oportunidade. Quem tem mente decrepta não serve mais para governar nem a si mesmo. A alternância do poder é salutar e produtiva. A renovação tem vocação estimulante, motivadora.
O governante que quer faciliar e encurtar sua trajetória em direção a seus objetivos deve dominar a arte do convencimento. Valho-me dos ensinamentos de Abrahan Lincoln para endossar esta assertiva: “Ninguém é suficientemente competente para governar outra pessoa sem o seu consentimento”. Conquistar apoio dos governados para seus projetos de governo é um grande passo para viabilizados.
O bom governante deve ser um visionário. Deve antever o amanhã. "Saber exatamente qual a parte do futuro que pode ser introduzida no presente é o segredo de um bom governo”, como recomenda Victor Hugo. Esse é um fator basilar das escolhas que compete a quem governa. O temporalidade é algo que deve merecer atenção daquele que faz acontecer. Mesmo a coisa certa, em tempo errado pode tornar-se errada.
Na dependência da dimensão do que é governado, tenhamos certeza que governar não é afazer para aprendizes. Tampouco para pessoas comuns. Caso o governante tenha a função de governar um povo, há que se convir que para que seu governo tenha o resultado expressivamente satisfatório faz-se preciso que ele, além de ser alguém intelectualmente preparado, deve praticar e cultivar virtudes de iluminados. Diante da exigência de tantos predicados raros explica-se o razão de a maioria dos governos ser como é.
Fonte: Viriato Moura / jornalista DRT-RO 1067 - viriatomoura@globo.com
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