Sábado, 26 de junho de 2010 - 13h16
Voltaire, mordaz pensador francês, escreveu:”Quem revela o segredo dos outros passa por traidor; quem revela o próprio segredo passa por imbecil”. E com razão: se nós mesmos, os maiores interessados em manter algum segredo sobre nós, passamo-lo adiante, não fomos capazes de mantê-lo em segredo, como exigir que outra pessoa o faça?
Segredos, como se sabe, são sedutores, incitam curiosidades. Quem não gosta de saber dos aspectos inconfessáveis da vida alheia? Ao sabermos, somos tomados pela tentação de contá-los para os outros. Controlar esse desejo, por vezes compulsivo, é para poucos. Assim como fomos depositários da confiança de quem nos contou algo em segredo, temos sempre alguém de nossa confiança que precisa saber da instigante novidade. Pitágoras já dizia que “é mais fácil conservar na língua um carvão em brasa do que um segredo”.
O segredo traz consigo uma maldição. Sendo segredo, se outras pessoas não devem sabê-lo, é porque esconde algo comprometedor. Algo de proibido, de errado, algo que pode prejudicar. E mais: quando mais se propaga e vai perdendo a condição de segredo mais condimentos apimentados a ele se acrescenta.
Mas quem não tem segredos sobre si? Quem é um livro aberto? Que pode expor em detalhes tudo que sabe sobre si? Portanto ter segredo é inerente a natureza humana. É um pedaço ou vários pedaços de nós que desaprovamos, que não gostaríamos que os outros soubessem. Isto não significa que sejam sempre cabeludos, comprometedores ao extremo. Não, segredos pessoais são relativos e dependem dos valores existenciais de cada um. O que para uns pode ser propalado, até como marketing pessoal, para outros é vergonhoso.
Ao confiar algum segredo a outra pessoa, passamos a depender dela para mantê-lo em segredo. Criamos uma dependência que foge do nosso controle. Ela terá sempre uma munição contra nós cujo poder lesivo depende da dimensão do segredo transmitido.
Nossos segredos, portanto, pedem pelo nosso bem: cala-te boca!
Fonte: Viriato Mourar.
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