Sábado, 21 de janeiro de 2012 - 19h05
Todo ano é a mesma reclamação. O dinheiro destinado pela prefeitura e pelo governo estadual ao Carnaval, quando chega, chega atrasado, fora de época.
Ora, senhoras e senhores, meninos e meninas, pelo que se sabe, todos os anos, em fevereiro ou março, tem Carnaval. Por que não se faz um planejamento para liberar os recursos destinados pelo poder público para essa festa, no tempo certo? A partir do meio do ano anterior, por exemplo, liberar valores proporcionais às necessidades das agremiações parece ser uma boa ideia. Reclamam, com razão, os diretores das agremiações carnavalescas desse repetitivo enredo do atraso. Atraso que compromete o projeto deles por não saberem quanto ou, se sabem, não sabem efetivamente quando receberão o dinheiro prometido. Houve tempo em que a promessa do repasse não foi cumprida. Alguns daqueles que contavam que fosse assumiram compromissos financeiros que não puderam cumprir. Resultado: descrédito, nome sujo na praça.
Conversamos, Anizinho e eu, nesta manhã, no nosso programa de rádio "Porque hoje é sábado", com o agitador cultural Carlinhos Maracanã, um dos mais atuantes em nosso meio. Ele repetiu a mesma história de outros carnavais no que tange ao atraso do repasse da verba. O governo estadual destinou 600 mil e a prefeitura 1 milhão para o Carnaval deste ano. Mas a burocracia ainda não permitiu que o dinheiro fosse para as mãos dos carnavalescos. Foi-lhes dado uma carta de crédito que "garante" os recursos. Mas alguns fornecedores rejeitam essa garantia. E o pessoal da mão de obra, como costureiras, artesãos, serralheiros, pintores , entre outros, como fica? Esses operários dificilmente aceitam promessa de pagamento nesses moldes. Suas necessidades são imediatas. Diante dessa situação, os diretores das escolas e blocos, face à exiguidade do tempo, são instados a comprometer seus recursos e crédito pessoais.
Está mais do que na hora de essa situação mudar. Há paradigmas danosos no sistema público de gerenciamento que precisam mudar. Muitos! Esse é um deles. Não se trata de atropelar os preceitos legais. Apenas de executar as ações de modo competente no tempo certo. É preciso que se entenda o Carnaval de rua como um produto vendido pelas agremiações carnavalescas ao poder público para que este cumpra seu dever de proporcionar essa festa popular, a maior do Brasil, ao povo. Desde os tempos da Roma antiga que se apregoa que o povo quer pão e circo – também, acrescento. E o circo representado pelo Carnaval tem dimensão existencial mais ampla porque oportuniza a cada um de nós sermos intérpretes da nossa fantasia mais alegre. Portanto, que fique claro, por ser justo, que o poder público não está prestando nenhum favor em bancar essa festa no limite da sua competência legal. E mais: o dinheiro repassado também é fator de bem-estar social porque gera emprego e renda.
Merece comentário o fato de alguns contestarem esse tipo de financiamento. Quando o gestor público não dá dinheiro, critica-se porque não dá. Quando dá um valor que alguns acham exagerado (porque não sabem quanto custa colocar um bloco ou uma escola de samba na rua), também criticam. Qual a medida certa? Este ano, por exemplo, a prefeitura liberou 1 milhão. E daí? Bacana, prefeito, é isso aí! Mas houve quem criticasse sem saber a quantos itens se destina esse dinheiro e por quantas agremiações carnavalescas será dividido. Destinar verbas para hospitais e escolas , claro que sim. Mas por que não também para ver o povo alegre e feliz?
Nossos reconhecimento e aplauso aos abnegados carnavalescos, que oportunizam ao povo a participação direta nessa que é a maior de nossas festas populares. E viva o Zé Pereira! Viva o Carnaval!
NOTA DO AUTOR - Gostaria de citar nominalmente todos que fizeram ou ainda fazem os nossos carnavais de rua. O receio de ser injusto ao esquecer o nome de alguns desses mestres ou mestras da alegria popular, deixo de fazê-lo. Considerem-se todos homenageados.
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