Segunda-feira, 13 de julho de 2020 - 10h36
Imersões
no Talvez,
novo livro de Viriato Moura, proporciona ao leitor um mergulho no insólito,
ofertado por meio de pequenas histórias, com desfechos surpreendentes, que
conduzem à reflexão sobre o estranhamento, provocado por narrativas que escapam
à congruência dos atos cotidianos.
Personagens marcados pela não nomeação, em
minicontos sem título, impactam não só pela criatividade do enredo, denso e
fulcral, como também pelas metáforas que transcendem o tempo da leitura. Assim,
durante o ato de ler, imergimos no subterrâneo de propostas, num universo
subjacente à exterioridade, à racionalidade e à previsibilidade, pleno de imagens
que trazem à tona mistérios, até então, submersos no mar da aparente normalidade.
São contos econômicos em palavras, mas ricos em
elementos surrealistas, como uma pintura de Salvador Dalí e um poema de Murilo
Mendes, que abrem possibilidades além do que está na tela e no papel,
impregnados da arte do sugestivo, para além do real, voltando-se para o
imaginário, que desperta o lado onírico e permitido no plano do inconsciente.
Dessa forma, as epígrafes escolhidas por
Viriato Moura, para iniciar a imersão nos contos mínimos, foram pinçadas com a
precisão cirúrgica de quem sabe como selecionar o que não é acessório, o que é
exato para traçar o caminho rumo à profundidade das pequenas peças literárias
que apresento aos leitores, a quem convido para uma leitura da qual sairão com
um gosto de quero mais.
*Poeta, contista e ensaísta, mestra em
Literatura Brasileira pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
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