Sexta-feira, 28 de janeiro de 2011 - 13h22
Hipócrates, o pai da medicina, escreveu uma frase lapidar que sintetiza a preocupante pretensão de saber das pessoas: "Há, verdadeiramente, duas coisas diferentes: saber e crer que se sabe. A ciência consiste em saber; em crer que se sabe reside a ignorância".
Aquele que tão-somente acha que sabe e não sabe é um perigo para ele próprio e para a sociedade em que vive. Por concluir que sabe, faz como se soubesse; como não sabe, pode provocar danos decorrentes de todo o ato ignorante. Quando assim agimos, além de limitações intelectuais, demonstramos irresponsabilidade. Em algumas situações, falta de caráter.
Independente dos dotes intelectuais, o domínio do conhecimento é algo que exige estudo perseverante que, por sua vez, nem sempre cai nas graças dos hedonistas. Estudar exige esforço, dedicação, concentração e, principalmente, firme determinação em alcançar o único objetivo do estudo: aprender.
Uma análise por exclusão nos ajudará a estimar o contingente dos que acham que sabem sem saber. Em primeiro lugar, vamos selecionar apenas os que gostam de estudar. Dentre eles, aqueles que dispõem de tempo suficiente para se dedicar aos estudos. Dos que se dedicam o quanto é preciso, quais os que perseveram nessa dedicação o fazem com a devida atenção e que não desistem diante dos habituais obstáculos? Dos que gostam de estudar, estudam de verdade e por tempo suficiente, quais os que efetivamente aprendem, são inteligentes o suficiente para chegar à verdade científica em vigor? Dos que chegam à luz do saber, quais os que são capazes de transformar em práticas úteis o que sabem? Feita esta seleção, o que o que resta, ou seja, aqueles que verdadeiramente sabem, não são tantos quanto gostaríamos que fossem .
Chegando a esta conclusão, temos de ter a consciência de que o nosso caminhar existencial se dá em terreno minado pela ignorância – nossa e dos outros –, pelo crer que se sabe e não pelo verdadeiro saber que emana da ciência. E mesmo as pessoas em quem confiamos que sabem, não raro sabem menos do que deveriam saber. Friedrich Schiller, um dos grandes pensadores do século 18, como um golpe de misericórdia em nossas esperanças de que isso mude, sentenciou:"Contra a tolice lutam os próprios deus em vão".
Fonte: Viriato Moura / jornalista DRT-RO 1067 - viriatomoura@globo.com
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