Domingo, 30 de março de 2014 - 05h02
Nesse momento dramático vivenciado por parte da nossa população, em decorrência da enchente do Madeira, precisamos ter muito cuidado com a água das inundações. Além dos danos causados pela invasão dos ambientes, podem provocar doenças; algumas delas graves.
A água, essencial para a vida, torna-se um perigo para a saúde quando está contaminada. Essa contaminação pode ser por agentes biológicos causadores de doenças, mas também por substâncias nocivas à saúde.
A água doce, como a dos rios, é a que permite a maior proliferação de agentes causais de doenças. Dos fatores contaminantes, destacam-se as fezes humanas e de animais. Para se avaliar o quanto essas fezes são perigosas, basta que quantidades mínimas desse material, como apenas 1 grama, para conter 10 milhões de vírus, 1 milhão de bactérias ou até 1000 parasitas.
Além das infecções decorrentes do contato direto com a água contaminada, há outras relacionadas a esse líquido como as transmitidas por mosquitos (vetores biológicos) que se reproduzem em água doce parada; como exemplo, a dengue e a febre amarela.
Eis algumas doenças transmitidas pela água contaminada que nos ameaçam no momento :
Hepatite A— É uma infecção causada por vírus, transmitida por via fecal-oral. Caracteriza-se por febre, diarreia, perda de apetite, náuseas, vômitos, dor muscular, dor de cabeça, fraqueza. A icterícia (coloração amarelada da pele, mucosas e escleróticas), um sinal importante da hepatite A aguda, aparece após uma semana de evolução da doença.
Cólera— Infecção cujo agente etiológico é uma bactéria denominada de Vibrio cholerae, que se caracteriza por um grave quadro de diarreia aquosa que leva à rápida desidratação se não for tratada imediatamente. A via de contagio também é a fecal-oral.
Diarreias infecciosas— Além das doenças já citadas, que apresentam em seus quadros clínicos diarreia, há outras diarreias infecciosas que podem ser causadas por bactérias, vírus e parasitas presentes na água. A via de contágio é fecal-oral.
Leptospirose— Os ratos de esgoto são a principal fonte de transmissão da leptospirose. A contaminação pode decorrer de consumo de líquidos e alimentos contaminados, mas a principal via é o contato direto da pele com a água contaminada pela urina desses roedores. O risco de transmissão dessa doença é grande durante as enchentes. Febre alta com calafrios, dor de cabeça e dor muscular, principalmente nas panturrilhas, entre outros, são sintomas frequentes. A leptospirose produz um tipo de icterícia do tipo íctero-hemorrágico (pele e mucosas ficam alaranjadas). Nesses casos em que a icterícia vem acompanhada de hemorragia e insuficiência renal, há risco de morte.
Otite externa— A exposição do ouvido à água contaminada pode provocar inflamação na região mais externa do ouvido. A otite pode ser causada por bactérias e fungos que podem estar presentes na águas com elevado grau de contaminação.
Essas são, portanto, as doenças que nos ameaçam nesse momento de enchente, e até mesmo depois, no período de vazante. Algumas delas são graves e podem até matar. A disseminação de algumas dessas enfermidades traria grande risco para a população. É possível que o número de leitos disponíveis nos hospitais públicos e privados em nosso meio não seja suficiente para atender uma situação de epidemia.
É preciso que haja consciência acompanhada de ações preventivas por parte de todos. Ou seja, evitar ao máximo o contato com essas águas. Cuidado, portanto.
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