Terça-feira, 3 de outubro de 2023 - 13h30
Nunca tivemos tanto acesso a informações como após o advento da internet. Porém, há pessoas que fazem mau uso dessa rede, achando-se no direito de nela postar o que bem entendem, o que pode provocar consequências maléficas.
No âmbito das informações sobre saúde, consultar o Dr. Google (esse gigante buscador da internet inaugurou uma nova era para a busca de conhecimentos), como se costuma dizer, é prática corrente. Muitos, face à comodidade, custo ou até mesmo por simples curiosidade, preferem essa prática, que não é isenta de riscos devido a pessoas que usam esse meio incorretamente, ao em vez de procurarem profissionais da área. A internet, a despeito de seu lado positivo, é um campo propício para esse tipo de atitude.
Diante disso, em quem acreditar? Quais os parâmetros seguros que alguém que desconheça o assunto tem para concluir quem está com a verdade? Sem dúvida que, na maioria das vezes, é difícil.
As informações falsas sobre saúde publicadas na internet têm causado prejuízos a quem as seguem, e até enriquecido financeiramente seus propaladores, que se mostram insensíveis ao que pode decorrer desses seus atos. Não foram poucas as pessoas que muito sofreram e até morreram em decorrência disso.
Tudo que envolve a saúde humana é muito importante e até vital para ser banalizado, para ser prescrito por quem é insipiente no tema. No mais, induzir à generalização de tratamentos é um erro porque, como é sabido, nem sempre o que faz bem para tratar determinada doença em um paciente é indicado para tratar a mesma doença em outro — Hipócrates (460 a 377a.C), o pai da medicina, ensinou: “Não há doenças, há doentes”.
A medicina tem evoluído nas últimas décadas de
modo tão célere que mesmo aquele que a pratica, se quiser ser competente,
precisa estudá-la constantemente — para ser confiável, o médico precisa agir
assim. O cientista Claude Bernard (1813-1878), escreveu: “A medicina é a
ciência das virtudes passageiras”. Com os atuais avanços tecnológicos, nunca
foram tão passageiras como hoje. Há informações que são logo contestadas
através de publicações médicas de grande credibilidade, mas outras passam anos
sendo tidas com verdadeiras. Todavia, a maioria das pessoas leigas em medicina
não consulta essas fontes confiáveis ou não sabem interpretá-las. Há,
inclusive, quem prefira acreditar em encantadores de serpentes em detrimento
daqueles que domimam a ciência.
Em pleno século 21, não deveria haver espaço tão amplo para aqueles que não sabem ou que acham que sabem, mormente numa área tão sensível como é a saúde. Hipócrates escreveu: “Há verdadeiramente duas coisas diferentes: saber e crer que se sabe. A ciência consiste em saber; em crer que se sabe está a ignorância”. Por isso, esse tipo de pessoa deveria ser penalizada na proporção dos danos provocados pelo que divulgam. Lamentavelmente, estamos longe dessa realidade.
Não seja, portanto,
mais uma vítima das informações equivocadas sobre saúde. Quando possível,
prefira consultar seu médico de confiança (ou outro profissional da área
relacionado à sua necessidade) — infelizmente não são muitas pessoas que têm
essa chance de escolha em nosso país. Esse profissional, além dos conhecimentos
aprendidos na literatura médica, tem sua experiência fundamentada nas
observações dos pacientes que trata. Nesse contexto, terá mais chance de chegar
à verdade científica que leva ao bom resultado.
Pedir segunda opinião médica: um dilema dos pacientes
Até que ponto é válido ouvir uma ou mais opiniões de outros médicos quando se quer avaliar a do médico que nos trata? Essa atitude tem resultados pr