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Gente de Opinião

Viriato Moura

DANÇAR PARA NÃO ‘DANÇAR’


Recentemente fomos visitados por um filho de Porto Velho que ocupa posição de destaque no cenário nacional da dança. Seu nome é João Wlamir de Macedo. Ele é ator, bailarino e coreografo do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. É, ainda, jurado do Carnaval carioca, conselheiro e jurado do maior evento de dança do mundo, o Festival de Joinville, e Gente de Opiniãofoi figura de destaque no programa "Se ela dança, eu danço", do SBT, também como jurado.

Durante a permanência de João Wlamir em nossa cidade, tivemos oportunidade de entrevistá-lo em nossos programas de rádio e televisão, além de termos relembrado o passado de nossa amada cidade e nos aprofundado no assunto que ele domina como poucos, a dança. Nesse diálogo, surgiu a ideia de promovermos um festival de dança em Rondônia. Na ocasião, estava presente o escritor e presidente da Associação Rio Madeira, William Harvely, nativista dos bons que participa do nosso Projeto Viva Porto Velho. Em sintonia vibrante, ele se dispôs a redigir um projeto nesse sentido e buscar, junto à Secel e à Fundação Iaripuna, apoio para a concretização do evento. João Wlamir se dispôs a ajudar no que estivesse ao seu alcance e disse que poderia trazer até aqui, durante o festival,  algumas das expressões maiores da dança no Brasil, como Ana Botafogo, sua amiga, entre outras.

A notícia é alvissareira e deve merecer atenção dos governos estadual e municipal. Está provado que a dança pode transformar realidades sociais, pessoas, salvar vidas. A juventude que trilha descaminhos dificilmente se afastará deles se não lhe for dada oportunidades em outros caminhos. Certamente que as artes e os esportes podem ser seguras tábuas de salvação nesse contexto. Por isso, vale muito mais a pena, sob todos os aspectos, investir em medidas preventivas como essas do que atacar coercitivamente os problemas quando já instalados. Nas periferias de nossas cidades há muitos talentos que, por falta de chances, não são revelados e se perdem. Pior ainda, alguns (muitos, lamentavelmente) adentram em rumos que levam aos abismos existenciais.

O empenho de William Harvely somado à importante colaboração de um dos astros da dança no Brasil, João Wlamir, devem receber apoio de todos que podem colaborar para a realização e um festival de dança em Rondônia. Certamente que os governos estadual e municipal contribuirão para que esse acontecimento por eles pleiteado seja realizado e passe a fazer parte do calendário oficial dos eventos culturais do nosso Estado.

Nota do Autor− O coreógrafo Marcelo Felice há 13 anos realiza um projeto que para muitos descrentes na possibilidade de reabilitação do ser humano tinha tudo para dar errado. Marcelo e seu grupo de dança criaram o espetáculo Bizarrus, que já foi assistido por mais de 100 mil pessoas, cujos bailarinos cumprem pena no Urso Branco. Muitos condenados a décadas de prisão, tidos como irrecuperáveis. Resultado: o espetáculo é um sucesso, inclusive com aplaudidas apresentações em São Paulo. Alguns que já conquistaram a liberdade foram integrados à sociedade e passaram a colaborar com o projeto e a ajudar os outros que continuam cumprindo pena.  Um bom exemplo do que a dança pode fazer por quem não quer mais "dançar" na vida.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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