Segunda-feira, 29 de março de 2010 - 07h27
Infelizmente, os sentimentos repulsivos, que tem como sua expressão maior o ódio, são mais sinceros que o amor.
Neste exato momento, um número incalculável de pessoas está fazendo declaração de amor. Quantas dessas verdadeiramente traduzem esse sentimento? Poucas, certamente. Não há expressão mais convincente para se conseguir o que se quer de uma pessoa do que declarar: eu te amo! Daí porque, nem sempre quem assim diz está movido por nobres propósitos.
Todavia, o ódio declarado deve ser motivo de mais crédito. Quem declara que rejeita afetivamente alguém, em todos os níveis dessa rejeição, se expõe à mesma rejeição. Por ser uma ameaça, algo negativo, o ódio cobra uma exposição ao dano. Daí porque assumir essa conduta, frontalmente, requer coragem. Ainda que, por vezes, essa coragem não seja a “coragem” dos sensatos, mas uma coragem que explode sem controle, sem medir consequências. Ou seja, nem sempre ”corajosa”.
Odiar faz mal a saúde. Todas as vezes que lembramos da pessoa que rechaçamos, que temos rixa, ou até mesmo que odiamos “com toda a força de nosso coração”, estamos cometendo um grande desatino. Sabemos ser um sentimento humano, que comparece, por isso, sem pedir licença. Mas, tantas vezes, infelicita mais quem odeia do que quem é odiado. Porque, às vezes, este sequer dá atenção àquele. Ao odiarmos, cometemos uma grande incoerência. Porque sua lembrança intensa e continuada, estimulada pelo ímpeto de refutar, de se vingar, traz a pessoa odiada mentalmente para perto de você. Isto mesmo: traz para perto de você quem você quer ver longe de você. Aí está a incoerência.
O ódio exuma, por quase nada, lembrança deletérias à nossa existência. É ele que irriga o tosco jardim da mágoa, da revolta, do desejo de vingança, o lado mais amargo do nosso ser. Portanto, se não conseguir (tente, vale à pena!) perdoar pelo mal que lhe fizeram (ou que você pensa que lhe fizeram), o que seria sublime, tente esquecer, que é inteligente e libertador. “Meu médico é o esquecimento”, escreveu um filósofo alemão do século XIX, Friedrich Nietzsche
Do contrário, você se condena a andar de mãos dadas com o ressentimento. Que sempre dói mais no ressentido.
Fonte: Viriato Moura
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