Sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016 - 22h26
Da esq. para dir. os doutores Carl Lovelace, Osvaldo Cruz e
Belisário Penna durante a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré
Carl Lovelace nasceu no dia 6 de fevereiro de l876, em Jefferson City, Missouri, Estados Unidos. Ainda muito jovem, com apenas 22 anos de idade, combateu na guerra entre a Espanha e seu país. Anos depois, sobre essa dolorosa experiência, escreveu que a guerra fez dele um conservador com maior apreço pela dignidade e a honra da cidadania americanas, mais que nunca em sua vida.
Lovelace se formou em medicina pela Escola Médica que deu origem à Faculdade de Medicina da Universidade George Washington, em 1900. Dedicou-se a epidemiologia.
O ilustre médico veio para a América do Sul em 1904, partindo de Nova York. Participou de missões médicas nos Andes e no Canal de Panamá.
Foi contratado por Percival Farquhar, proprietário da empresa que construía a estrada de Ferro Madeira-Mamoré, para acompanhar a edificação e organizar um hospital de 300 leitos, situado há 2 km de Santo Antônio, numa elevação considerada então de ares mais saudáveis, chamada Candelária. Chegou a Porto Velho no dia 5 de fevereiro de 1908.
Em um de seus relatórios, o Dr. Lovelace deixa claro o quanto era insalubre esta região. Escreveu que nos primeiros trintas dias que aqui passou foi chamado para tratar 95% da população de Porto Velho, então estimada em pouco mais de 300 pessoas, que estava com malária, a doença que mais matava por aqui naquela época.
Carl Lovelace retornou aos Estados Unidos em 1913.
Relembrando sua vivencia durante a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, que fora chamada de A Ferrovia do Diabo tamanha eram as dificuldades a serem vencidas para construí-la, o eminente médico escreveu, em 1921, sobre significado glorioso de ter participado da grande epopeia de sua construção em nossa inóspita floresta tropical, e se questionou: “Será que era verdadeiramente um heroica idade ou simplesmente um percepção de alguém que olha para trás e vê todas as coisas glorificadas pela luz de uma juventude que se foi?”.
O Dr. Lovelace morreu, aos 68 anos, no dia 14 de setembro de 1944, no Texas.
Entre muitos outros motivos que tenho para ter a honra de ser médico é o fato de um dos primeiros heróis que aportaram nesta terra ter sido também um médico. Carl Lovelace lutou numa guerra por suas convicções patrióticas, e noutra contra as graves doenças que assolavam nesta região quando do nascimento de Porto Velho, amada cidade onde vivo desde a mais tenra idade.
Creio que nossos benfeitores estão a merecer ainda mais divulgação de seus nomes e seus feitos para que não tenhamos, pessoas de todas as idades, a sensação de que a presença de malfeitores em nosso meio, de gente que tanto mal já causou à nossa gente, tenha mais significado e pareça uma maldição que historicamente desabou sobre nossa Rondônia.
Nota do Autor — É absolutamente inadmissível que o grande herói nacional Cândido Mariano da Silva Rondon, de quem provém o nome de nossa Rondônia, somente há pouco tempo tenha sido homenageado com um memorial. O mesmo se pode dizer do Memorial Jorge Teixeira, que estava sendo comido pelos cupins e só foi salvo graças à colaboração fundamental da 17ª Brigada de Infantaria de Selva, que o revitalizou. E assim por diante. Povo que não preserva e glorifica a memória de seus benfeitores fica devendo à sua história e merece a pecha de ingrato. Por isso, quando quem deve fazer esse resgate não faz, deve reagir com veemência para que cumpram o seu dever. Ou aceitar indignamente que também, enquanto povo, não merece respeito.
Pedir segunda opinião médica: um dilema dos pacientes
Até que ponto é válido ouvir uma ou mais opiniões de outros médicos quando se quer avaliar a do médico que nos trata? Essa atitude tem resultados pr