Segunda-feira, 19 de setembro de 2011 - 10h51
A Organização Mundial da Saúde considera o alcoolismo uma doença de causas múltiplas, determinada por fatores genéticos, psicossociais e ambientais – as pesquisas mais recentes destacam a genética como fator etiológico de maior relevância. Acomete 10 a 12% da população mundial e 11,2% dos brasileiros que vivem nas 107 maiores cidades do país. Atinge mais homens que mulheres, e a faixa etária entre 18 e 28 anos. Filhos de alcoólatras são quatro vezes mais propensos a esse tipo de dependência química.
O alcoólatra já nasce com esse estigma. Não é verdade, portanto, que alguns drinques ingeridos ocasionalmente possam transformar qualquer pessoa em alcoólatra. Somente aquelas com predisposição para essa doença, com frequência progressiva e fatal, têm características contínuas ou periódicas de perda de controle sobre a ingestão de bebidas alcoólicas. Um inocente copo de cerveja pode desencadear, nesses casos, o processo que leva ao alcoolismo.
Os estragos que o álcool provoca são bastante conhecidos. Vitimam tanto os viciados, causando-lhes doenças orgânicas e mentais, como a sociedade onde vivem, em particular familiares a amigos. Portadores de graves distúrbios de comportamento, provocam transtornos de toda a ordem. Compulsivos e irritadiços, tendem a impor a própria vontade através de práticas coercitivas violentas. O uso abusivo de álcool envolve 60% dos acidentes de trânsito e consta em 70% dos laudos cadavérico das mortes violentas.
Mesmo sendo uma doença marcada pela genética, não é correto concluir que o alcoolismo é um caminho sem volta. Há, entretanto, uma condição indispensável para quem quer se ver livre desse vício: é preciso querer deixar de beber. Do contrário, qualquer tentativa de tratamento estará fadada ao insucesso. “Se o seu caso é beber, o problema é seu. Se o seu caso é parar de beber, o problema é nosso”, propaga a Fundação dos Alcoólicos Anônimos, criada no dia 10 de junho de 1935, em Nova York, para oferecer solidariedade e oportunidade de cura para esses doentes.
Um estudo realizado pela Substance Abuse and Mental Health Service Administrationmostra que dos 7,4 milhões de adultos com idade entre 21 e 64 anos em tratamento de dependência alcoólica nos Estados Unidos apenas 7,8% admitem precisar desse terapêutica. E apenas 1,2% deles acreditam que possam se recuperar totalmente. Por isso, é importante que a família e os amigos ajudem no convencimento do alcoólatra a aceitar o tratamento e acreditar na cura.
Sendo o alcoolismo comprovadamente uma doença, é preciso que tanto o alcoólatra como seus afins sejam conscientes de que não estão diante de um desvio de caráter, mas de a uma doença que pode ser grave e mortal. Portanto, que deve ser tratada como tal por profissionais em saúde. Somente conselhos empíricos, com certeza, não bastam.
Fonte: Viriato Moura / jornalista DRT-RO 1067 - viriatomoura@globo.com
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