Sexta-feira, 7 de setembro de 2012 - 18h03
A verdade não é porta-voz usual nos meios político-partidários, principalmente em tempo de campanha eleitoral. Por isso, informações nesse contexto devem ser analisadas com reservas. Atribuir-lhe veracidade, sem mais nem menos, é um ato de ingenuidade.
Em política, como sabemos, mente-se com uma “sinceridade” assustadora. A verdade, se não se cuidar, pode pedir pra sair do dicionário de politiques. Os políticos, no recôndito de suas conclusões, sabem o poder da mentira para convencer incautos eleitores a votar em quem lhes interessa. Se dissessem a verdade, poucos (poucos mesmo!) teriam argumentos para esse convencimento.
Os adjetivos – coitado deles! – são usados aos montes sem o menor compromisso que com a semântica. Tudo depende do partido ou do candidato de quem os profere ou para quem são atribuídos. Aos apoiados, elogiosos; aos que se faz oposição, ofensivos, difamatórios. O que define se serão elogiosos ou ofensivos é a posição política do candidato, não os seus atributos ou defeitos.
Vejamos, por exemplo, o que está acontecendo na campanha da nossa aldeia. Ao longo da Semana da Pátria, começaram a ser veiculados na TV e no rádio uma série de participações de políticos de expressão nacional, nas quais falam dos candidatos locais como se os conhecessem desde de pequenininhos. Para atingir seus objetivos, não há dúvida, político se presta a quase tudo. Nomes de relevo no cenário brasileiro avalizaram informações que lhe foram ditadas por marqueteiros ou já sabem de cor e salteado, porque o discurso é o mesmo para todos os que “apoiam”. Sabe-se que a maioria não faz isso com muito gosto, mas o partido pede ou até impõe que eles façam. E assim se expõem ao ridículo maquiados com óleo de peroba.
Até que ponto essas manifestações de apoio influenciam positivamente, não se sabe. Mas certamente que faz bem ao ego dos candidatos “apoiados” ver seus nomes pronunciados e recomendados por esses caciques.
Quanto às ofensas, o bom senso desaconselha aos candidatos, principalmente ao cargo majoritário, a saírem por aí atirando em todas as direções. Numa campanha como a nossa, em que o segundo turno é uma possibilidade quase vestida de certeza, não é conveniente sair trancando portas com cadeados de aço. Em política, dizia Tancredo Neves, as portas devem estar sempre entreabertas. Numa condição de segundo turno, um ferrenho adversário pode se transformar, num passe de mágica, num velho e querido amigo – mui amigo!... Assim funciona, desde que a inventaram, essa política de Bataclan.
Uma coisa é líquida e certa, eleitor que tanto cultiva aquela paradoxal atitude de “me engana que eu gosto”, não leve muito a sério o que esse pessoal em campanha diz um do outro. É claro que muitos estão dizendo a verdade, afinal não somos tão idiotas e desinformados para não sabermos, pelo menos em parte, o que tem ou não fundamento nesse palavrório. Mas há muita força de expressão (e mentira) nesse afã de convencer que o peixe que eles vendem é o mais fresquinho e gostoso do mercado. E o de seus adversários estão podres. Olho vivo: chegue perto do peixe como puder, faça a sua avaliação, e dê uma cheirada no bicho para sentir seu verdadeiro estado de conservação.
Poucas coisas são mais relativas que ofensas e elogios em política. Porque sinceridade não é o prato preferido desses comensais – questão de sobrevivência. Quem não sabe disso?...