Sábado, 5 de janeiro de 2013 - 17h01
O poder só deveria ser exercido por pessoas ungidas por virtudes. Muitas virtudes, se possível. Alguém contaminado pela insignificância das vaidades exacerbadas e pelo descontrole compulsivo da transgressão, jamais deveria assumir funções de mando.
O poder tem um vício que, como um diabinho excitado, fica a repetir na mente dos poderosos que eles podem mais e devem fazer até mais do que podem. Daí nasce o desatino. A supressão de obstáculos que o poder disponibiliza a seu detentor, unta-o com facilidades que o incitam a subestimar os outros. Subestimar a inteligência, o caráter, a capacidade de resistência, e tudo o mais que possa gerar um desmascaramento de suas artimanhas. Nas traquinagens, por vezes denota achar-se intocável. Henri Montherlant radicaliza ao concluir que não há poder, há abuso de poder e nada mais. Edmund Burke acrescenta: “Quanto maior o poder, mais perigoso é o abuso”.
Não há dúvidas que poucos estão preparados para exercer o poder. São tantas as virtudes necessárias que apenas uma minoria é aquinhoada com elas. Na maioria das vezes, despreparados são entronizados. Disso decorre, como estamos cansados de saber, um caldeirão de atitudes incompetentes e de atos indecorosos. O mundo do poder, em qualquer nível, está contaminado por germes cuja função é parasitar o meio onde vivem. Poucos dos que ocupam o poder são imunes a esses estímulos à perdição. Poucos.
O sinal primeiro e típico daquele que não está apto a exercer o poder é sua empáfia ao assumi-lo. De repente, acha-se dono da verdade e maior que todos os que pensa que pode submeter. Por vezes, é apenas um nanico que não se enxerga em sua diminuta dimensão. Quando chega a ponto de fazer referências a si mesmo na terceira pessoa atinge o ápice de sua presunção. É um parvo fantasiado de reizinho.
Empreender ações para que tais indivíduos sejam colocados em seu devido lugar, longe do poder, é um dever a ser cumprido por todos aqueles que queiram poupar a sociedade desses agentes de malefícios coletivos.