Sexta-feira, 4 de novembro de 2011 - 16h34
“A injustiça num lugar qualquer é uma ameaça à justiça em todo o lugar.”
Martin Luther King |
Ganhou expressivo espaço na mídia local o fato de o governo de Rondônia ter licitado refeições de qualidade para os apenados do estado. Mais espaço ainda foi ocupado pelas críticas iradas de muitos que se sentiram injustiçados com o fato. Concordam todos os que se manifestaram que enquanto cidadão cumpridores de seus deveres legais precisam trabalhar para sobreviver, os criminosos são tratados com regalias.
Não há como deixar de entender essa atitude revoltada. Afinal, chega a ser um acinte para alguns ler um cardápio como o que se pretende oferecer aos presidiários de Rondônia quando comparado ao que a maioria da população tem de engolir. O problema maior, portanto, que incita reações veementes de contestação, não é tanto pelo fato de os presos estarem sendo bem alimentados. E sim pelo fato de os demais cidadãos e cidadãs cumpridores das leis, mesmo produzindo, não terem o mesmo nível de oportunidade. Em muitos casos, comem o pão que o diabo amassou.
A constituição brasileira postula que todos são iguais perante a Lei. No caso em questão, a desigualdade, que nem sempre é injusta, assume essa condição definitivamente quando trata com sabores diferenciados alguns que devem à sociedade pelos danos que nela provocaram em detrimento daqueles que nada lhe devem.
Ao contestar essa atitude do governo estadual não significa que se queira que aqueles que cumprem pena de privação de liberdade sejam mal tratados. Que recebam alimentação insuficiente, de má qualidade e até estragada como já aconteceu no passado não muito distante. Não, não é justo que se queira isso. Afinal, a pena que cumprem é de privação de liberdade, que já é dura, dolorosa, que infelicita demais. São seres humanos que, a despeito de alguns crimes desumanos que tenham cometido, assim mesmo merecem ser tratados pelo poder pátrio como gente. Acrescentar-lhes punições adicionais tipifica injustiça, que deve ser banida de qualquer poder, de qualquer relação humana . O que gera tanta indignação é o tratamento desumano que ainda se dá aos outros que andam na trilha do direito e do dever.
Injustiça, senhoras e senhores, eis a questão! O poderes constituídos em nossa amada pátria são useiros e vezeiros em cometê-la. Não vamos longe. Há pouco dias um pai de família com fome foi preso em nosso meio porque roubou um pacote de bolachas e um litro de leite. Ninguém rouba um pacote de bolachas e um litro de leite por outra razão a não ser para matar a fome. Sua ou de um ente querido seu. Esta certo que ele cometeu um crime e precisa pagar por ele. Mas, e os outros, que assaltam a população em bilhões de reais que seriam capazes de extinguir a miséria do país em pouco tempo, onde estão? Rindo da nossa cara e, o pior (muito, pior!), exercendo, impávidos, cargos públicos de relevância que propiciam novos assaltos ao erário. É isso, minha gente, que deixa as pessoas com vergonha na cara revoltadas.
Portanto, vamos, sim, senhores e senhoras governantes, dar boa alimentação aos apenados, tratá-los com dignidade; mas também procurar atender, com semelhante esmero, o resto do povo que grita por melhor assistência, melhor qualidade de vida.
Enquanto a justiça não for o alicerce das ações de todos, particularmente dos poderosos deste país, continuaremos a ter de engoli a pecha de que não somos um país sério.
Fonte: Viriato Moura / jornalista DRT-RO 1067 - viriatomoura@globo.com
Gentedeopinião / AMAZÔNIAS / RondôniaINCA / OpiniaoTV / Eventos
Energia & Meio Ambiente / YouTube / Turismo / Imagens da História