Sexta-feira, 1 de novembro de 2013 - 19h14
Por incrível que possa parecer, por falta de vaga no Cemitério de Santo Antônio, que já se encontra lotado, os que dele necessitarem para o descanso eterno, dependem da exumação de outros restos mortais.
Que nossos campos santos há muito são mal cuidados, todos que os frequentam sabem. O problema atravessa décadas. Seria injusto jogar mais essa pedra na atual administração de Porto Velho. Não é exagero dizer que jamais nossos cemitérios públicos receberam o devido tratamento. Quando muito, com a proximidade do dia dedicado aos mortos, os prefeitos mandam maquiar o local. Mas o melhor aspecto final depende mais da ação das famílias dos que lá estão sepultados.
A verdade é esta: tanto o Cemitério dos Inocentes como o de Santo Antônio já morreram há muito tempo. Abandonados e saqueados, tornaram-se lugar ofensivo à memória daqueles que lá jazem.
Há que se perguntar quando é que certos valores, como é o caso do respeito aos mortos, terão valor para nossos administradores públicos? Nesse contexto, ao olhar para o horizonte, ao invés do sol que anuncia um amanhecer onde vivos e mortos são tratados como o respeito que merecem, constatamos trevas onde o descaso nos desrespeita e infelicita.
A despeito de tudo que nos assola por anos a fio, não devemos deixar morrer a esperança de que dias melhores virão. Talvez nós, protagonistas desta geração que já caminha a passos mais largos para o depois, não teremos a chance de presenciar essa aurora benfazeja. Quanto a manter nossa esperança viva, mais do que nunca essa atitude é imperiosa, visto que, se depender dos nossos cemitérios públicos, corremos o risco de não ter onde sepultá-la.