Quarta-feira, 14 de setembro de 2011 - 04h28
Li uma historinha sobre um feiticeiro malvado que colocara uma poção mágica enlouquecedora na fonte de água que atendia ao povo de um pequeno país. Todos beberam a água e perderam o juízo. Menos o rei e seus familiares, que saciavam a sede em outro poço, o do palácio, onde o feiticeiro não teve acesso.
O rei, desesperado com situação caótica instalada em seu reino , decretou uma série de medidas de segurança pública na tentativa de conter a louca turba. Ao tomar conhecimento dessa atitude do monarca, o povo, revoltado, decidiu ir ao castelo exigir que ele renunciasse imediatamente.
Vendo-se cercado pelos que gritavam por sua renúncia, o rei, para salvar a própria pele e de seus familiares, decidiu que renunciaria ao trono. Mas a rainha, que também sabia do motivo da loucura popular, rejeitou a decisão sugerindo-lhe que, ao invés disso, também bebessem a mesma água que o povo bebera e, assim, ficassem loucos também. Dito e feito: beberam e endoidaram de vez, passando a dizer e fazer coisas semelhantes às do povo que governavam.
Diante da louca sintonia entre o rei e seus súditos, estes se arrependeram e permitiram que ele continuasse dirigindo seu país. Afinal, o rei agora se identificava como eles, e por isso passou a ser considerado um sábio, alguém que agia certo, atendia seus reclamos. Nessa condição, reinou até o fim de seus dias.
A lição que esta parábola pretende ensinar aos governantes é que se identifiquem com os anseios de seu povo se quiserem promover um governo vitorioso. Quem deve gostar do presente é quem o recebe e não quem o dá. Daí a necessidade de ouvir o clamor popular em sua ordem de prioridade, de urgência. Estabelecendo-se, com isso, uma empatia entre governantes e governados, fator catalisador mais eficaz para que as metas de ambos sejam atingidas.
Se a grita popular pede, insistente “loucamente”, algo procedente e lícito é preciso atendê-la. Mesmo que isso signifique romper com alguns paradigmas tidos como “normais” pelo sistema estabelecido. Por vezes, faz-se preciso dar uma de “doido”, paradoxalmente sem perder a razão, para que aconteça a mudança do modelo ineficiente em vigor. Mas isso, como sabemos, significa enfrentamentos de grande risco para o governante, que terá de encarar adversários com grande poder de destruição de seu interesse pessoal. É o preço a pagar.
Ou faz o que precisa ser feito, como um verdadeiro estadista, ou terá a rejeição do povo que o colocou lá. E será lembrado pelo história como alguém que não foi capaz de quebrar, com “loucura” necessária, tudo que precisou ser quebrado para dar a seu povo o que lhe é de direito. Em suma: nesse contexto, ou põe para quebrar ou se quebra. Mais cedo ou mais tarde.
Fonte: Viriato Moura / jornalista DRT-RO 1067 - viriatomoura@globo.com
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