Quinta-feira, 13 de maio de 2010 - 19h15
Hipócrates (470 - 377 a.C.), sábio grego considerado o pai da medicina, há 25 séculos deu uma nova concepção para as causas das doenças, antes tidas como possessões de espíritos do mal. A partir de seus estudos, baseados em meticulosas observações, estabeleceu-se os fundamentos da medicina científica e suas bases fenomenológicas de causa e efeito. Mas foi com o advento das descobertas das últimas sete décadas que a cientificidade foi tomando conta das práticas médicas.
A medicina quando não dispunha de maior embasamento científico se valia da arte médica para buscar a cura. Ao tempo em que foi dominando as tecnologias e se aprofundando nas ditas “verdadeiras” causas das doenças – porque materiais, visíveis, detectáveis – foi se distanciando da essência dos seus primórdios. A medicina que é ciência, mas também é a arte de perscrutar sentimentos, ao longo da maior parte de sua existência não teve de seus ministros, os médicos, uma prática plenamente compatível com seu conceito.
Os avanços da medicina ciência erroneamente subestimaram a medicina arte, que tantos resultados positivos somaram à história da cura quando não se dispunha de meios cientificamente comprovados para este fim. Daí a necessidade de, em nome da excelência, a medicina ser praticada de modo integrado, concebendo o paciente como um todo biopsicossocial.
A falha que levou ao desvirtuamento conceitual da medicina ciência e arte tem sua origem na segmentação das abordagens quando estas devem estar sempre juntas, posto que os males do mente repercutem no corpo e vice-versa. Um novo paradigma se impõe em favor da eficiência no ato de curar.
O tratamento sintomático não basta; os modelos e causas das doenças devem ser reavaliados. a classificação das doenças como psíquicas ou somáticas deve ser substituída por uma que veja o paciente integralmente. A mente não é um fator secundário na doença orgânica, mas sim primário ou de igual valor em todas as enfermidades. O corpo não deve ser visto tão-somente como uma máquina em bom ou mau estado de funcionamento, mas sim como um sistema dinâmico, um contexto, um campo de energia dentro de outros campos. Doenças e incapacidades devem ser concebidas e abordadas terapeuticamente como um processo e não como uma entidade. As intervenções cirúrgicas e/ou medicamentosas nem sempre bastam; é preciso ter em mente e prescrever, dependendo do caso, psicoterapias, dietas, exercícios, mudanças de hábitos.
O profissional em saúde não se deve postar como autoridade na relação com seus pacientes, mas como parceiro. Portanto, não deve ser emocionalmente neutro, mas humanitário, solidário com seus anseios. O efeito placebo não deve ser interpretado apenas como o poder da sugestão, mas como papel da mente na doença e na cura. Com o avanço das tecnologias há uma tendência a investigar diagnóstico priorizando as informações quantitativas (números, gráficos, testes etc...) deixando em segundo plano – às vezes nem considerando – as qualitativas. É preciso confiar e dar importância a estas, inclusive a relatos subjetivos dos pacientes e a intuições profissionais. As informações quantitativas são complementares. A prevenção não deve se limitar ao ambiente, ao uso de vitaminas, repouso, exercícios, imunizações, hábitos saudáveis em suma. Prevenção, mais que isto, deve visar qualidade de vida, condição que envolve trabalho, relacionamentos, objetivos de vida, autoestima, integração harmoniosa entre a mente e o copo.
Praticar esse novo paradigma se impõe para que as medidas de prevenção e as de recuperação da saúde sejam mais eficazes.
Fonte: Viriato Moura
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