Quarta-feira, 16 de março de 2011 - 21h45
Quem muito fala não deve preocupar tanto quanto os calados. Aborrecer, sim. Porque, convenhamos: quem fala e fala sem parar torna-se inconveniente. “No falar, a discrição importa mais que a eloquência”, ensina Baltasar Gracilian y Morales em “Oráculo Manual”.
Os faladores compulsivos nem sempre dizem o que merece ser levado a sério. Porque, por darem prioridade urgente à expressão oral, não submetem suas palavras, o quanto necessário, ao crivo de uma análise mais apurada, mais responsável. “Quanto menos os homens pensam, mais eles falam”, radicaliza a propósito Baron de Montesquieu, pensador de nomeada.
Quem muito fala se revela. Denuncia-se. Diz o que pensa e o que não pensa. Abre a guarda de seu íntimo. Por isso, sob esse aspecto, sugere que sua convivência seja de menor risco, por ser, em tese, menos ardilosa.
Num diálogo em que interesses opostos estão em jogo, os que mais falam levam desvantagens sobre os que preferem calar, ouvir mais. Aqueles expõem suas estratégias, seus interesses, e assim municiam o interlocutor.
Quem se declara verbalmente ou por escrito até certo ponto é corajoso. Pode ser intempestivo e inconsequente, mas tem coragem, se em sã consciência, de se mostrar.
Há, todavia, outro tipo de gente que age de modo oposto. São as pessoas caladas, taciturnas, que pouco se expressam. Há sempre dúvidas sobre seus propósitos. Cultivam silêncio perturbador. Silêncio que não dá norte, como todo silêncio.
Ao não dizerem o que pensam e sentem denotam ter receio de fazer-se conhecer. Por isso são os mensageiros da dúvida, esta que é a origem de todas as angústias. Como não nos é possível, por falta de indicadores, saber se o que estão omitindo é bom ou mau, a nosso favor ou contra nós, convém que nos coloquemos na defensiva. Pelo menos até que nos deem alguma pista do que pretendem e nos possibilitem ter alguma certeza a seu respeito.
Fonte: Viriato Moura / jornalista DRT-RO 1067 - viriatomoura@globo.com
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