Quarta-feira, 15 de junho de 2011 - 08h32
Há ocasiões em que um murro na mesa se impõe, é necessário.
"Murro na mesa", como se sabe, é uma expressão que, no sentido figurado, significa dar um basta em algo que insiste em continuar do jeito que não queremos que continue.
O murro na mesa só se faz necessário quando o descompasso entre as partes envolvidas é tanto que a situação chega ao extremo. Medidas anteriores não lograram efeito para mudar o rumo dos fatos. Impõe-se que alguma atitude mais enérgica seja tomada para por fim à situação em andamento. Em ocasiões, aquilo que se quer mudar chega a um ponto tão inaceitável que o murro na mesa propriamente dito acontece.
A incompetência, a incompreensão, a falta de brio daqueles com quem nos relacionamos são condições que incitam essa prática tida por alguns como truculenta e desequilibrada. As pessoas que efetivamente querem resolver problemas, não raro são adeptas a essa explosão emocional com pretensão resolutiva. É prudente, todavia, que seja utilizada somente quando o limite do aceitável foi atingido. Sair por aí esmurrando móveis à nossa frente por qualquer motivo desqualifica a atitude fazendo-a perder força, eficácia.
Por outro, abster-se de reagir diante de situações em que não há alternativa para mudança sem essa reação, denota condescendência. E esse jeito de se colocar diante da vida é muito perigoso. Para os condescendentes, que agem com negligência, e para aqueles que sofrem as consequências desses seus atos.
O murro na mesa precisa ter força de ultimato. Deve ser dado com intenções definitivas. Essa atitude, portanto, deve fazer parte do elenco de possibilidades de todas as pessoas. Porque todas, indiscriminadamente, precisam estar comprometidas com certos valores, jeitos de agir, e rejeitar, até absoluta e definitivamente, outros. São justamente esses outros que devem merecer, quando insistentes, essa reação que tenta impedir que continuem a atuar em nossa vida e na vida de quem achamos que não deve incidir.
Nem sempre os murros na mesa dados com força física e que provocam estragos físicos são os mais eficientes. Tampouco se a resposta à essa atitude se limitar ao momento impactante do fato. O resultado, se o tal murro for efetivamente eficaz, precisa ser duradouro. Se permanente, ainda melhor. É indispensável dizer que, por vezes, há murros na mesa que devem dados por nós para dar um basta em certas atitudes nossas, quando merecemos essa admoestação.
O murro na mesa é uma reação para a qual precisamos estar sempre preparados. Porque não sabemos quando precisamos desferi-lo para salvar uma situação que, sem ele, não teria a solução imediata que desejamos. Ainda que seja uma explosão adrenérgica, precisa estar sobre controle do bom-senso e da lógica para surtir o efeito desejado. É fundamental que seja utilizado no momento certo. Nem antes nem depois da hora. Considerando tais critérios, tenhamos certeza, murros na mesa podem produzir até milagres.
Fonte: Viriato Moura / jornalista DRT-RO 1067 - viriatomoura@globo.com
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