Segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013 - 18h53
Ao que parece, o ser humano tem um certo tropismo pela tristeza. Dizem até que somos tristes por sabermos que iremos morrer.
Gustave Flaubert advertiu: “Cuidado com a tristeza. Ela é um vício”. E é contagiosa. É verdade: a tristeza quando se agarra na gente não nos quer largar. E ainda é transmitida de pessoa à pessoa. Recomendou, preventivo, Sêneca: “Devem ser evitados os tristes de que tudo se queixam”. Isso não significa que não tenhamos um ombro amigo para aqueles que acometidos pela tristeza nos procurem em busca de solidariedade.
Ninguém está livre da tristeza. Cedo ou tarde ela nos invade sem pedir licença. Quem não sente tristeza por certo também é pouco sensível à alegria. A cautela que devemos cultivar é de não nos deixarmos viciar por esse estado doloroso de espírito. Se ele nos acomete sem motivos e com muita frequência, podemos estar sofrendo de depressão. Procurar o médico nesses casos é imperioso.
Devemos lutar pela conquista da alegria. Sim, lutar por ela. Ir ao encontro dela. Desejá-la como quem deseja o ser amado. Não esperá-la simplesmente de modo passivo, entregando sua chegada ao acaso. O poeta romeno Mihai Eminescu, sobre a relação entre alegria loucura, escreveu: “As pessoas alegres fazem mais loucuras do que as pessoas tristes, porém, as loucuras das pessoas tristes são mais graves”.
Em cada esquina da existência a tristeza, como uma meretriz, nos convida a intercursos íntimos com ela. E cobra caro por isso. Por vezes, demora a nos deixar ou até permanece para sempre.
O menor sinal de aproximação da tristeza deve servir de alerta para fugirmos dela. Ficar parado, receptivo, inebriado pelo seu assédio, pode nos tirar não só a alegria, mas até a razão de viver. Cuidado, portanto, muito cuidado: porque tristeza vicia, é transmissível e faz mal, muito mal à saúde.
Quanto à alegria, se possível, casemos com ela de papel passado. Até que a morte nos separe.