Quinta-feira, 23 de dezembro de 2010 - 16h54
O governador que queremos é aquele que dá prioridade a gente, a pessoas. Não governa para segmentos sociais, mas para uma sociedade inteira. Ao governar para o conjunto, o povo que lhe cabe governar, precisa também se sensibilizar e empreender ações de governo para as minorias e até para as individualidades quando essas partes necessitam de ações de competência de seu governo.
O governador que queremos deve ser chefe e líder. Não é da rispidez de suas expressões e gestos que emanará a força de sua autoridade. Se assim fosse, cara feia e truculência seriam sinônimo de poder resolutivo. Mas não são.
Um chefe se transforma em líder mais pelo seu exemplo que pelo seu poder. O líder é aquele que conquista seguidores por onde passa. Bons líderes fazem as pessoas se sentirem importantes para o sucesso das organizações onde atuam. Quando isso acontece, elas se motivam, e isso dá sentido a seu trabalho. Napoleão Bonaparte disse que o verdadeiro líder “ é um vendedor de esperanças”.
O governador que queremos não precisa ser dono da verdade, do todos os acertos. Ninguém é. Ele deve ser, isto sim, um incansável buscador de soluções. Para tal, não deve ser daqueles que, por terem o poder, “acham que sabem”. Porque achar que se sabe sem saber é o pior tipo de ignorância.
O governador que queremos precisa ter a humildade dos sábios. Não é por outro motivo que “os postos de chefia fazem maiores os grandes homens e ainda menores os homens pequenos”, como ensina Jean de La Bruyére. Humildade, diga-se logo, não é o mesmo que fraqueza, subserviência, mas altivez própria de quem busca a verdade, o acerto, a melhor solução.
O governador que queremos deve ser parcimonioso quando se sentir convicto. Porque convicção é lâmina de dois gumes. Se, por um lado, pode fortalecer a decisão de agir em determinada direção, por outro pode fechar as portas da mente para outras opções de acertos que o caminho vai mostrando durante a caminhada. Trancar essas portas não é sensato. A dinâmica das ações, principalmente as de cunho social, pedem, por segurança e bom senso, planos alternativos.
O governador que queremos jamais deve fazer promessas vãs, que sabe que não as cumprirá. Quem fala apenas com o escopo de agradar, de ter o reconhecimento e o aplauso imediatos é um tolo realçando antecipadamente o próprio fracasso. Porque nenhum governante é obrigado a fazer o que, comprovadamente, não tem condições de fazer. Todos tendem a aceitar explicações sinceras sobre essas limitações. O que frustra e revolta é ser enganado. Esperar o que não vem.
O governador que queremos precisa valorizar a inteligência, o saber, o talento; a competência, em suma. Negar esses valores é retrocesso inominável, retorno as trevas do acaso. Rondônia, ainda que tarde, precisa viver seus tempos de “Iluminismo”. As ciências e as artes pedem passagem.
O governador que queremos precisa construir um espírito de equipe em seu governo. Nada de ações sem liames com a filosofia e as estratégias do governo. Nada de cada um por si. O time precisa estar coeso, de mãos e idéias dadas, lado a lado, para vasculhar minuciosamente a maior extensão possível do terreno onde se encontra a solução. Este é o melhor jeito de achar o que se procura.
O governador que queremos precisa eleger prioridades e não perder seu foco antes de solucioná-las. Sua determinação não deve ser abalada por qualquer tipo de obstáculo que lhe compete transpor. Eis o que o fará maior, mais respeitado e admirado: transpor os obstáculos que seus antecessores não conseguiram.
O governador que queremos, quando pressionado a agir à revelia dos interesses do bem social, não deve se submeter, amedrontar-se com ameaças de boicote. Deve, no primeiro momento, exercer ao extremo sua capacidade de dialogar, de convencer, de negociar no bom sentido para que seus propósitos de governar bem prosperem. Todavia, se disso não resultar em coerente solução, é no povo que o elegeu que deve buscar apoio, socorro. Estando verdadeiramente do lado de seu povo, o apoio virá. “O povo unido jamais será vencido”, ensina uma velha máxima.
O governador que queremos, antes de tudo, deve transmitir humanidade. E demonstrá-la com atos solidários, compreensivos. Quando precisar julgar quem quer que seja deve ter consciência que está lidando com seres humanos, passíveis de falhas. Mas prestigiar, para ser justo, os que têm mérito, os que acertam mais. Como chefe e líder que é precisará ser didático ao dar suas orientações, suas ordens. Nem todos têm discernimento diferenciado para captar as sutilezas das entrelinhas. Daí a necessidade de ser direto, claro. Um mal-entendido nessa comunicação poderá provocar danos, por vezes muito extensos e graves.
O governador que queremos não deve abrir mão de sua autoridade. Ele é o chefe do governo; ele é o responsável, direto ou indireto, pelo que acontece em sua gestão. Não deve dizer que não sabe, que não tem culpa se algo comprovadamente errado acontecer em seu governo. Não vale se fingir de morto. Isso atesta incompetência e falta de caráter. Seus assessores diretos devem mantê-lo, e, nas decisões mais relevantes, consultá-lo. Secretário de estado é secretário, não é “governador” da Saúde, da Educação etc. É secretário, portanto apenas um assessor mais próximo, com maior responsabilidade e compromisso. A esdrúxula e perniciosa figura do “supersecretário” deve ser definitivamente extinta. Porque gera ciúme, discórdia. Uma equipe para ter sucesso precisa cultivar a harmonia.
O governador que queremos precisar ser pragmático, e decidir no tempo certo. Porque Rondônia caminha a passos largos e rápidos por problemas e oportunidades que se avolumam. Rondônia, nossa amada Rondônia, tem pressa. Muita pressa.
O governador que queremos precisa chegar logo. Tomara que ele já esteja a caminho do Palácio Presidente Vargas.
Porque o governador que queremos é o governador que merecemos.
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Até que ponto é válido ouvir uma ou mais opiniões de outros médicos quando se quer avaliar a do médico que nos trata? Essa atitude tem resultados pr