Domingo, 18 de dezembro de 2016 - 21h04
Se você decidiu ler este artigo, nem tudo está perdido. Isso me leva a crer que concorda com esta premissa: o mundo precisa de mais poesia.
Que fique claro, desde logo, que a poesia que o mundo precisa não se restringe somente àquelas registradas nos textos em versos. Dessa também precisa, mas não somente dela.
É lamentável que se propague como verdade imutável que a maioria das pessoas não é dada a consumir poesia, não gosta de poesia. Tanto que isso se confirma até pela reduzida vendagem de livros desse gênero, o que desestimula muitos poetas e editores a produzi-los. É importante acrescentar que, nesse contexto, talvez esse gênero entre apenas como bode expiatório da exagerada produção de textos com intenção de serem poéticos mas sem qualidade, a maioria subjugados alugares-comuns, repetitivos, embasados apenas em imagens e sentimentos tidos como inspiradores de poesia. Esse pode ser o cerne da questão, e não o gênero em si, culpado injustamente.
Mas, como poeta que sou, quero deixar claro que não estou aqui apenas para vender meu gosto. Não se trata de querer apenas maior visibilidade para a poesia. O olhar poético a que me refiro e que julgo que o mundo, mais do que nunca, precisa, vai além, muito além disso.
Claro que é importante ler e ouvir boa poesia, mas isso está longe de conter todos os benefícios que a poesia pode trazer à vida das pessoas, e, assim, transformar esse mundo que aí está em algo melhor, mais prazeroso para se viver.
Temos, todos, o péssimo e deletério vício de olhar as pessoas e as coisas buscando-lhes defeitos, seu lado feio, ruim. Perdemos, com isso, infindáveis oportunidades de ver o que de belo existe, que pode nos dar prazer de perceber. Ao compartilharmos contato com alguém, logo encontraremos algo nessa pessoa que não nos agrada. Mais rápido, na maioria das vezes, que suas virtudes, sua beleza, quer seja ela exterior ou interior. Buscamos, isso sim, encontrar nela o que em nós rejeitamos; nos compensamos encontrando falha nos outros. É essa a questão e não adianta negar. Não que você seja um invejoso, o sujeito desprezível que pensa diferente dos demais. Apenas nós somos da natureza humana, que carrega também esses sombrios matizes em sua personalidade.
A percepção poética, como um bálsamo, pode abrandar nossas fragilidades existenciais, incitar e enobrecer nossas emoções, vê beleza e enlevo até onde eles não são explícitos.
Impõe-se, reitero, que tenhamos uma vida poética. O que não se trata enfatize-se com veemência! de uma vida no dito mundo da lua. Tampouco de sermos ingênuos, piegas, e até bobos que acreditam em utopias. Podemos, sim, viver a poesia com os pés no chão, dentro de uma realidade que apenas tentamos transformar através de atos concretos, a partir de nossa concepção de mundo. Sabemos que o cenário não é inspirador para esse jeito de ser e agir. Mas, é justamente por isso, por não cultivarmos o quanto devemos esse lado bom que possuímos e não o colocamos em prática, que as coisas chegaram a essa vergonhosa e perigosa situação. Tão vergonhosa a ponto de, em muitas ocasiões, se formos sinceros conosco, chegaremos a sentir repulsa de como somos.
Ao vivermos em estado de poesia, na morada das nossas emoções haverá mais festa, mais alegria, mais felicidade. Lágrimas também existirão, mas, se não forem de alegria, serão expressão de amor pelo próximo, de esperança em dias melhores. Esse não é um dos caminhos entenda com urgência isso! , é o único e verdadeiro caminho que construirá um mundo melhor a partir da melhora de nosso próprio mundo interior.
Viva a poesia!
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