Quinta-feira, 3 de julho de 2014 - 19h10
Não adianta negar. Somos deste jeito: na base do oba-oba, do Maria vai com as outras, da imitação contumaz, e assim como a vida dos outros nos levar.
Lembram-se das manifestações de rua que acometeram o país desde os meados do ano passado pelos tais vinte centavos de acréscimos nas passagens de ônibus em São Paulo?
Lembram-se das manifestações contra a realização da Copa do Mundo no Brasil?
Lembram-se das previsões catastróficas feitas pela maioria em relação a esse maior evento futebolístico do mundo?
Convenhamos que as justificativas dos manifestantes para suas passeatas, mesmo as daqueles que dizem estar exercendo seu direito democrático de protestar, não se sustentam em qualquer fundamento plausível. Tantas coisas erradas que acontecem neste país em termos de gestão pública onde o erro é a norma não a exceção, e vinte centavos vira a gota d’água para tanto tumulto, incluindo as ações depredaras absolutamente inaceitáveis cometidas por vândalos.
Em seguida, surgiram as mobilizações contra a Copa. Depois de o governo gastar mares de dinheiro para promover o evento, surgem as tais manifestações, todas extemporâneas, com a justificativa de que essa dinheirama deveria ser aplicada na Saúde, na Educação e em tantas outra prioridades demandadas pelo país. Teria sentido, sim, uma atitude “democrática” se fosse praticada no tempo certo, até mesmo para impedir que o Brasil se candidatasse para sediar o evento. Mas, depois do dinheiro gasto?...
Tudo oba-oba!
As convicções políticas e ideológicas do povo brasileiro ainda não tiraram as fraldas. Muitos manifestantes foram às ruas porque as redes sociais convidavam, e, para se sentirem inseridos no contexto, participaram como quem vai para um evento festivos. Não os moveu qualquer convicção de quem, respaldado em atos coerentes, quer mesmo mudar esse “x-bagunça” onde vivemos. No fundo, no fundo, damos a entender que o que gostamos é disso mesmo, desse jeito de ser de qualquer jeito, ao sabor (mesmo que amargo) de qualquer vento.
Tudo oba-oba!
O nossa negócio é fazer festa, pirotecnias diversas. Vejam a Copa, que muitos previam que, “pela lógica dos acontecimentos recentes”, seria um desastre. Talvez nem acontecesse. Que as nossas ruas e de demais logradouros públicos seriam palcos de confrontos e quebradeira. Que passaríamos a maior vergonha da nossa história diante da falta de estrutura para receber o evento. Quem nem os estádios estariam prontos. Que isso, que aquilo, tudo de mal a pior.
O que aconteceu?
Tudo diferente das previsões pessimistas. A Copa saiu e se saiu muito bem. Fora um punhado de abilolados que tentaram obstruir os caminhos da quase totalidade que festeja, o resto está sendo uma festa só: muita confraternização entre nós mesmos e com os estrangeiros que nos prestigiaram com suas presenças — quase todos eles estão encantados com a recepção afável que estão tendo. Mesmo diante da rivalidade esportiva, até mesmo com os argentinos, o que se tem visto são demonstrações de cortesia entre os torcedores, o lado mais nobre dessas competições.
Quanto às ações concretas que podem ajudar a mudar esse estado de muitos males que afligem nossa gente, certamente os brasileiros continuam reprovados. Porém, ninguém nos rouba o título de gente alegre, vibrante, festeira, que gosta mesmo é de ir pro abraço. Nesses itens, a regra é clara: somos imbatíveis. Por isso, apesar da nossa realidade cotidiana, que está longe de ser padrão Fifa, esta Copa será sempre lembrada como a Copa da Alegria e da Afabilidade do povo brasileiro.