Domingo, 20 de fevereiro de 2011 - 09h14
Retire-se o engodo de cena e ao espetáculo restará fechar as curtinhas. A cada dia que passa confessamos, com palavras e atos, que estamos nos acostumando com o engodo. E que, sem ele, sobrará pouco da parte que nos cabe interpretar no show da vida.
Aonde quer que passemos, onde quer que estejamos, lá está ele a nosso lado, nos assediando, nos instigando Ele, o senhor engodo, é fascinante. Bem trajado, simpático, afável, convincente. Afinal, também responde pelo nome de chamariz, atrativo. Sedutor, o trapaceiro desfila seu charme e faz suas vítima usando tudo que pode e o que não pode: adulação, lisonja; a bajulação astuciosa. Tudo como isca para fisgar o que deseja.
Não é possível dissociar a natureza humana desse seu lado enganador. Viver o engodo e de engodo, é nossa sina. De tanto enganar, há quem chegue a ponto de se confundir, até voluntariamente e de bom gosto, para sobreviver a si mesmo. Um dito popular expressa com simplicidade e sinceridade esse lado paradoxal da personalidade humana:”Me engana que eu gosto”.
Do elogio que nos fazem, raramente pedimos explicações mais detalhadas, motivos convincentes. Na maioria das vezes sequer queremos saber o verdadeiro porquê. Porém da crítica, mais ainda da ofensa, exigimos minuciosos esclarecimentos (que, por sinal, quase nunca nos convencem). Ofensas, mesmo que procedentes, nós impelem à retaliação. O interesse de parecer predomina em relação ao de ser.
O discurso mentiroso que diz querer a verdade somente a verdade, nada mais que a verdade, é mais um dos engodos disseminados como vírus para confundir incautos. A verdade clamada nesse contexto é a que interessa ao vociferador. Digamos a verdade nua e crua a seu respeito ou sobre o que o prejudicará para sabermos se ele, o ser que só quer saber a verdade, vive o que diz. Não vive! No mais, sinceramente, o que seria de todos nós se somente a verdade fizesse parte das relações humanas?
Todos queremos as virtudes dos outros para delas nos beneficiarmos. É por isso que somos, geralmente, impiedosos com os defeitos alheios e condescendentes (por vezes demais) com os nossos. Falamos mal dos outros com se fôssemos a personificação das virtudes. Tamanho é o cinismo, em certos casos, que dá para ver o óleo de peroba escorrendo na cara da pessoa.
Nem anjos nem demônios, apenas humanos. É o que somos. O que está em jogo é o quanto se é de anjo e de demônio. Um algo de cada – bem e mal – é intrínseco à nossa condição humana. Por isso não há pessoas só anjos ou só demônios. Mas os demônios,ou parte deles, ao nosso julgamento, geralmente são os outros. O problema é quando a pessoa quer que acreditemos que aqueles chifrinhos são um tiara da moda e aquele cheiro de enxofre queimado é uma nova fragrância lançada em Paris. Vade retro!
Fonte: Viriato Moura / jornalista DRT-RO 1067 - viriatomoura@globo.com
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