Sábado, 6 de março de 2010 - 13h21
Quando se declara amor por alguém, a possibilidade de se estar usando essa declaração tão- somente em benefício próprio é muito grande. E, para nossa decepção, na expressiva maioria das vezes, essas expressões de “amor” são apenas um jeito insincero para conquistar o que se pretende. Convenhamos que chamar alguém de “meu amor”, dizer “eu te amo” é o modo mais eficaz para ganharmos sua simpatia, e até seu amor. Principalmente quando esse sentimento é correspondido pela pessoa e a quem dizemos amar. Mesmo que esse amor seja rejeitado, o sentimento gerado por tal atitude tende a ser benevolente.
Ao declarar nosso amor por alguém, seja ele sincero ou não, de certo modo somos poupados de represálias. Assumir que se ama é, claro, menos arriscado de que assumir que se odeia, que se quer mal. Por isso, ao expressarmos nosso ódio, pelo risco que corremos ao fazê-lo explicitamente, na maioria das vezes estamos sendo sinceros. Ainda que seja por um fugaz momento, esse sentimento existirá em quem o declara. Diferente do amor, que pode ser absolutamente inexistente.
Portanto, ao expressarmos nosso ódio – ou qualquer sentimento negativo –, o fazemos com mais sinceridade que quando declaramos nosso amor.
Fonte: Viriato Moura / viriatomoura@globo.com
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