Sábado, 14 de março de 2020 - 12h50
A Academia Rondoniense
de Letras, Ciências e Artes (ARL) empossará na noite deste sábado 14, no Teatro
Guaporé, 17 novos membros.
A confraria foi fundada
em 17 de agosto de 2015, a partir de iniciativa do professor William Haverly
Martins. Foi dele a ideia e a concretização do projeto de instalação dessa
entidade que pretende estimular a produção e
difusão de conhecimentos científicos e artes em geral.
William, atual
presidente da ARL, não merece ser considerado apenas pelo que já fez por essa
confraria. Conheço-o de longa data e posso lhes assegurar que não é um ser
humano qualquer, dada as suas múltiplas virtudes. Professor e escritor
talentoso, militante aguerrido e incansável em favor de causas procedentes e
legítimas, e cidadão de caráter ilibado. Como sempre acontece com esse tipo de
pessoa, na maioria das vezes caminha solitária e incompreendida pela espinhosa
e acidentada vereda da existência.
Baiano de nascimento,
nutre inabalável compromisso com Rondônia e suas melhores causas. Tenho
convicção dessa assertiva porque estive com ele, ombro a ombro, mentes e
emoções unidos pelos lídimos propósitos nativistas, porém sem sectarismo. Por
isso e muito mais, se alguém merece reconhecimento público como um benfeitor
neste estado, William Haverly Martins é uma dessas pessoas.
Volto à posse dos novos
confrades. Todos são dignos, pelo que já fizeram e continuam fazendo, no que
tange às aptidões de cada um, no âmbito
das letras, ciências e artes, de ter assento em cadeiras da nossa Academia.
Dirijo-me, agora, a
esses novos confrades.
Faço-lhes, de início,
enfática advertência: o título que receberão só terá significado se vossas
presenças na Academia agregarem seus melhores valores morais e intelectuais em
favor do coletivo. Do contrário, será apenas uma referência pífia em seus
currículos, que mais servirá para envergonhá-los.
Portanto, não se deixem
levar pela rasteira vaidade da ostentação, própria dos tolos. Não aceitem o
pomposo título de membros da Academia Rondoniense de Letras, Ciências e Artes
se não se sentirem capazes de cumprir os
ideais para os quais a instituição foi criada.
Lamentavelmente, a farsa é a erva daninha mais fértil no jardim da vida;
combatê-la é o dever de todos. Ao aceitarmos um título acadêmico, mais que
qualquer outra pessoa, precisamos
assumir o compromisso de ser diligentes jardineiros que ceifam essas ervas para
que floresçam as que merecem.
Sobre a tal
imortalidade, digo-lhes pedido licença dada sua obviedade: ninguém e nenhuma
instituição é capaz de dá-la, ainda que no contexto metafórico como é o caso, a
quem quer que seja. A sua vida somente ficará cunhada na saudosa memória do
mundo se o merecer. Seu mérito será construído em bases sólidas se produzir e
disseminar conhecimentos sob a égide construtiva da ética e da legalidade. Será
da capacidade transformadora de suas investidas nesse mister que alçará ao
panteão dos humanos ditos imortais.
Impõe-se, nesta
ocasião, que lhes diga também que, se quiserem chegar a tão elevada condição,
afastem-se dos pessimistas quanto aos
rumos do mundo, aqueles que pregam o ceticismo em relação às instituições
contemporâneas e à incapacidade de conceber um propósito superior fora do
âmbito da religião, como enfatiza Steven Pinker em seu livro O Novo Iluminismo, em defesa da razão,
da ciência e do humanismo. Ideais esses atemporais, que conduzem ao desejado
progresso sustentável e humanizado em seu aspecto mais amplo. Esse é o caminho
a seguir. E por ele precisamos caminhar juntos, praticando o melhor que temos a
oferecer.
Saibam também, novos e
bem-vindos confrades, que nossa Academia os recebe com a festejada esperança de
que virão nos ajudar a fazê-la o que merece ser. Que ela ultrapasse os muros
que limitam o ímpeto daqueles que querem transpô-los para plasmar sua
existência sob forma das melhores ações transformadoras. Essa, certamente, não
é missão para fracos e incompetentes; é, sim, missão heroica. Preparem-se,
portanto, para enfrentar, com altivez, os revezes impostos pela ignorância e
pela insensibilidade das nulidades, essas sempre em maior número e capacidade
agregadora de parvos submissos. É esse tipo de gentalha que tentará cortar sua
garganta com afiadas lâminas, sempre disponíveis, para calar os mensageiros da
razão e das virtudes.
Diante disso, se você,
confrade, sentir-se capaz para empreender tão nobre e edificante empreitada,
pode chegar e entrar, e nem precisa pedir licença. Do contrário, seria mais
sensato de sua parte e mais cômodo para todos os demais confrades, que desista,
jogue a toalha, antes mesmo de a luta começar. Pelo menos, terá uma atitude
digna e coerente.