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Viriato Moura

PRESOS PELA VERGONHA - Por Viriato Moura



Estamos todos presos pela vergonha de viver num país onde se descobriu a maior rede de corrupção do mundo perpetrada por pessoas que deveriam, antes de tudo, prezar pelo bem comum; onde  muitos seres humanos ainda vivem em cidades desumanas e na miséria absoluta, inclusive sem água para beber,  desprezados por governos absolutamente desgovernados.

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Como se isso não bastasse, ainda temos que assumir que estamos literalmente presos pela vergonhosa  situação degradante em que se encontram as casas de detenção do país. Amontoado de detentos vivendo como ratos em esgotos aos olhos lenientes de tantos que têm a obrigação legal e humanitária de zelar para que cumpram tão somente a pena a que foram condenados, que é a privação de liberdade. Apenas a privação de liberdade!

Não estão lá para viver na podridão, no  inferno onde jamais serão  recuperados, como deveriam ser, para voltar ao convívio social quando cumprirem suas penas. Diferente disso, estão expostos a condições tão adversas que só estimulam o ódio ainda maior à natureza humana. Que diabo de justiça é essa?
Deixar acontecer pressupõe conivência. Logo, toda a sociedade — eu disse toda! —  que calar diante do que está acontecendo no sistema prisional brasileiro tem uma parcela de culpa nesses crimes de lesa humanidade. É preciso sair do famigerado comodismo da condição de não ser consigo nem com os seus. É por isso que as coisas estão como estão: a maioria olhando para o próprio umbigo e deixando que os demais se danem. Que cidadania é essa? Olhar com desprezo e sem reagir diante de tragédias como as que ainda convivemos neste país é, no mínimo, um ato de covardia.

Vejam o que aconteceu em Manaus. No mundo inteiro foi notícia de destaque. Mais uma pecha para o Brasil. Mais uma desmoralização. Sessenta pessoas foram brutalmente assassinadas nas duas rebeliões, com aval do governo, que não tomou qualquer providência preventiva quando soube que aconteceriam. Nenhuma! Tragédia anunciada! Quem disse isso, depois de ter verificado os fatos in loco, foi o próprio ministro da Justiça. Como é concebível que um governo se faça de morto quando foi avisado que haveria uma matança? Pois o do estado vizinho, se fez. Uma barbárie: decapitações, pernas e braços arrancados, um banho de sangue.

E agora? Os culpados serão punidos na mesma proporção da desgraça que deixaram acontecer?  Por mais dura que seja a pena, certamente não será suficiente para compensar a perda sofrida pelas famílias daqueles que, mesmo tendo cometido crimes, não mereciam o fim que tiveram.

Estamos, brasileiros e brasileiras, todos presos pela vergonha de termos um país como esse que aí está. Tudo a lamentar e a se revoltar!

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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