Segunda-feira, 4 de abril de 2016 - 06h08
O Brasil, avaliam alguns, vive um momento de balbúrdia, que o populacho chama de esculhambação generalizada: todo mundo acusando todo mundo na medida que a Justiça descobre, a cada dia, que está muito difícil, mas muito mesmo, separar o joio do trigo. Quando se acha que fulano ou beltrano são imaculados, estão fora desse saco de gatos meliantes, eis que surgem denúncias com provas irrefutáveis que também eles são iguais a quem acusam.
Diferente do que se pode captar ao primeiro olhar, na verdade o nosso país vive um momento histórico em direção à ética, à moralidade e à estabilidade socioeconômica. Sem o que está acontecendo, tão cedo não atingiríamos esse objetivo. Como estava, a tendência era piorar e piorar.
A crise agora vivenciada não decorre de fatos gerados apenas pelos governos recentes. A corrupção no Brasil começou quando nossos descobridores aqui aportaram. Estimulada pela certeza da impunidade, atravessou meio milênio. O resultado disso estamos vendo com mais nitidez agora, mais que nunca, quando operadores da Justiça mostram-se cada vez mais determinados em passar o país a limpo.
Os acusados, a despeito das provas colhidas, tentam, no primeiro momento, negar, negar e negar. Ou simplesmente silenciam. Todavia, quando isso não atinge o resultado desejado, valem-se de um dispositivo legal, a delação premiada, para abrandar suas penas. A eficácia dessas delações (colaborações, como preferem os apuradores dos fatos) tem surtido o efeito desejado pela Justiça e sido avassaladoras para os envolvidos em crimes. Não fosse esse meio, certamente não se teria descoberto tantos lobos que se fantasiavam de cordeiros.
Diante de tanta gente envolvida, um expediente que está sendo usado pelos acusados é tentar mostrar que o poder constituído está absolutamente contaminado pela corrupção. Que todos têm rabo preso. Daí, tome acusações em todas as direções. Isso leva à conclusão que há muito estamos sendo enganados. É lamentável, e até constrangedor, constatar essa cristalina verdade. É claro que há agentes públicos probos, mas não há que se ter a menor dúvida que a maioria deles vê no poder oportunidade para se locupletar, para transigir. Quem imaginaria, a despeito da má fama do políticos, que tantos fizessem parte de quadrilhas que saquearam impiedosamente nosso país durante tanto tempo?
Do jeito que está evoluindo essa crise política e econômica, com óbvias graves repercussões sociais, o fundo do poço mostra-se iminente. Chamar o processo de impeachment em andamento de golpe, com objetivo de dar feição mais atenuante ao fato, não diminui seus efeitos negativos sobre a crise. Estando o processo instalado como está, o que interessa ao país é saber se as acusações feitas à presidente Dilma são pertinente e suficientes, à luz da Constituição Federal, para provocar seu afastamento do cargo; ou não são, para que ela dê continuidade a seu governo sem essa rochosa suspeição.
Está, portanto, claro que nos termos em que a situação está, não dá para continuar. O país perdeu confiabilidade para investimentos, sendo considerado pelas agências de classificação de risco como “especulativo”; as crises política e econômica, e suas consequências sociais, agravam-se a cada dia enquanto nossa população se vê entregue ao próprio azar.
Preocupa, sobremaneira, o fato de alguns movimentos ditos sociais que apoiam o governo quererem mudar o curso dos procedimentos constitucionais no grito, na base de ameaças, como as que foram feitas recentemente por uma liderança popular, diante da própria presidente da República, no Palácio do Planalto. Se esse clima de intolerância prosperar, logo teremos cadáveres. E a convulsão social se instalará de vez. Segundo pesquisas antropológicas, desde o homem primitivo, que é o homem pré-histórico ou “homem das cavernas”, quando nossa espécie estava em fase de estruturação, que a capacidade de cooperação foi preponderante para que sobrevivêssemos. Eis, portanto, a atitude chave para os momentos de adversidade: cooperação.
Por isso, todos nós, brasileiros e brasileiras, precisamos contribuir no que estiver a nosso alcance para que a situação se reverta a ponto de conquistarmos o Brasil que merecemos: pacífico e progressista, obediente aos princípios éticos e legais que o alçarão ao patamar de uma respeitada nação.
Pedir segunda opinião médica: um dilema dos pacientes
Até que ponto é válido ouvir uma ou mais opiniões de outros médicos quando se quer avaliar a do médico que nos trata? Essa atitude tem resultados pr