Domingo, 30 de janeiro de 2011 - 18h26
A lição mais importante que o medico deve aprender para colocá-la em prática desde o atendimento de seu primeiro paciente é o modo correto de como se relacionar com ele.
Lamentavelmente, nas escolas de medicina não se dá o valor devido a essa questão, que será um divisor de águas na diferença entre o bom e o mau médico. Por mais ciência que o médico domine, jamais será um bom profissional se não se comportar adequadamente diante de seu paciente.
A psicologia médica ocupa um espaço muito reduzido na formação do médico. A predominância das informações somáticas forma, em termos de conhecimentos, um profissional pouco habilitado para lidar com a essência mais importante da máquina que se propõe a consertar. Aqueles mais afeitos aos problemas da mente tendem a se especializar em psiquiatria. Há, portanto, a compartimentalização do saber, dividindo os médicos em especialistas em corpo e especialistas em mente. A visão plena, psicossomática, forma cientificamente correta de avaliar o ser humano, não se concretiza, por isso, com o equilíbrio e a intensidade que deveria na formação médica.
Quando o profissional da medicina se propõe a ouvir a história médica de seu paciente, com exceção dos psiquiatras, ele tende a estar mais atento ao relato dos seus aspectos orgânicos. Aqueles que se desligam quando o enfermo passa a falar de seu lado emocional, perdem a oportunidade de entendê-lo globalmente. Esses relatos podem oferecer as melhores pistas que levam ao diagnóstico. O portador de doenças crônicas, por exemplo, sente uma imperiosa necessidade de desabafar, manifestar suas emoções. Quer atenção, amparo, conforto, afago. A atitude atenciosa do médico pode funcionar mais que medicamentos como calmantes, ansiolíticos, antidepressivos etc. Ouvir o paciente com atenção e confortá-lo às vezes é a única ajuda que o médico lhe pode oferecer. A. Murri, a propósito, escreveu aos médicos: “Se puderes curar, cura; se não puderes curar, alivia, e se não puderes aliviar,a consola”
O médico de verdade, consciente do que significa para seu paciente, precisa ser um ser especial para com ele. As expectativas que o paciente tem a seu respeito são proporcionais ao que a doença significa para ele. Eis o motivo pelo qual o profissional não pode subestimar a capacidade de observação do enfermo que trata. Ele está mais atento do que se deixa perceber, por vezes. Ele precisa estar atento em relação àquela pessoa em quem está depositando sua confiança em recobrar a saúde. Trata-se de seu instinto de conservação. Uma atitude médica indevida, que deixe dúvidas no doente, que seja reprovada por ele, pode por tudo a perder.
O médico precisa entender bem seu paciente e se fazer entender por ele. Falhas nessa relação têm causado prejuízos às partes envolvidas. Comprovadamente, a maioria das denúncias de erro médico decorre desses desentendimentos. Se há uma profissão em que o exercício da paciência em ocasiões atinge o seu limite, a medicina é uma delas. Quando o médico perde o controle emocional da situação ou quando o paciente duvida da conduta de seu médico, o paciente deve mudar de médico. Por decisão própria ou até por sugestão do profissional que o está tratando. Para o bem de ambos.
Fonte: Viriato Moura / jornalista DRT-RO 1067 - viriatomoura@globo.com
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Pedir segunda opinião médica: um dilema dos pacientes
Até que ponto é válido ouvir uma ou mais opiniões de outros médicos quando se quer avaliar a do médico que nos trata? Essa atitude tem resultados pr