Sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011 - 12h23
Em meados do ano passado, esteve em São Paulo a convite de um partido político, o segundo homem na hierarquia da policia de Nova York, uma das cidades mais violentas do mundo. A autoridade norte-americana veio ensinar aos brasileiros como reduzir os índices de violência, que estão insuportáveis em todo o país. O projeto por ele descrito produziu resultados animadores naquela metrópole.
Diga-se, desde logo, que qualquer investida nesse sentido passa pelo que todos estão cansados de saber; ou seja, por uma polícia eficiente. Lamentavelmente, a polícia que nos serve não tem condições de exercer sua função constitucional de proteção do cidadão como deve ser. Policiais mal pagos, por vezes com salários atrasados, com o nome no serviço de proteção ao crédito, sem condições de vida compatível com a importância social de seu ofício. Estruturas policiais arcaicas, sucateadas, relegadas ao descaso pela maioria dos governantes.
Feitas essas considerações, logo se pode concluir que o Brasil é uma festa para marginais de todos os segmentos sociais. As lições dadas pelo especialista de Nova York não sairão da teoria para a prática num contexto tão adverso como o que há na maioria das cidades do nosso país. Todavia, não custa nada aprendê-las para, o mais rápido possível, transformá-las em realidade. Para isto, diga-se logo, basta a famigerada vontade política.
Relembremos os ensinamentos do policial norte-americano. É bom lembrar, para começo de conversa, que o menor salário de um policial deles é 2000 dólares (R$ 3400,00). Quanto às estratégias de redução dos índices de violência, qualquer projeto sério nesse sentido precisa trabalhar com aferições estatísticas confiáveis (coisinha difícil nesse país!). Vergonhosamente, a maioria das autoridades brasileiras tem o indecoroso vício de "criar" dados estatísticos tendenciosos. Por isso, raramente servem como subsídios orientadores de práticas que visam resolver problemas.
A polícia de Nova York reduziu seus índices de criminalidade iniciando por uma atuação policial coesa. A rivalidade entre as polícias, principalmente a civil e a militar, é bem conhecida e traz prejuízos para a atuação de ambas, gerando desserviço à comunidade. Disse o policial americano que esse objetivo precisar ser atingido, cabendo aos comandantes essa missão. Os que não conseguirem esse intento com seus comandados devem ser afastados do cargo.
O passo seguinte na estratégia de combate à violência, segundo o especialista, é fazer um levantamento minucioso dos crimes (tipo, local etc.) ocorridos em cada cidade em questão, registrando seus índices em um mapa. Sabendo-se onde ocorrem com maior freqüência, é possível, com mais facilidade, descobrir suas motivações. Esse controle é feito diariamente. Qualquer variação para mais exigirá cuidados extras para a área. A violência doméstica recebe um tratamento específico e multiprofissional dado o seu elevado índice. O combate aos fatores condicionantes de violência é o alvo principal do programa. A imagem da polícia deve produzir temor nos marginais e sensação de proteção nas pessoas de bem.
A conquista da almejada segurança só será alcançada, portanto, quando nossas polícias usarem mais a inteligência que as armas, estiverem devidamente aparelhadas para combater o crime, empreenderem ações preventivas a partir de controles diários dos índices de criminalidade, e atuarem juntas e coesas para cumprirem seu nobre dever de oferecer segurança à população. Certamente que para que tal aconteça, é prioritário que haja policiais motivados por salários justos, adequadas condições de trabalho e estimulados pela ascensão profissional através de seus próprios méritos. Enquanto isso não acontecer, continuaremos reféns dos malfeitores.
Fonte: Viriato Moura / jornalista DRT-RO 1067 - viriatomoura@globo.com
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