Terça-feira, 26 de outubro de 2010 - 12h58
Quem não tem capacidade de se iludir, terá dificuldades em encontrar a felicidade. Porque a ilusão é a mãe dos encantamentos.
A ilusão não deve ser vista tão-somente como algo que não encontrou ou não quer encontrar a verdade. Que é apenas mais uma das muitas dúvidas que somos instados a conviver.
A ilusão é absolutamente necessária à vida real. E é ilusão admitir a ausência dela. Que bom que seja assim. Afinal, o que seria de nós se a vida fosse tão-somente verdade, realidade nua a crua.
“Só vivemos por ela e só ela desejamos’, ensina o pensador francês Gustave Le Bom, em “Opiniões e Crenças”, sobre a ilusão. Da nascimento à morte, caminhamos por jardins de ilusão. Mais belos, sem dúvida, que os jardins de verdade. Enquanto que a beleza deste depende das leis naturais, das estações do ano, a daquele depende somente de nossa imaginação.
As ilusões intelectuais são mais raras; mas as sentimentais, cotidianas. A vida é cheia de ilusões necessárias, algumas até indispensáveis para que algumas dores físicas e mentais não sejam tantas. Ilusões no amor, no ódio, na ambição, na vitória. Na vida, enfim. Nossos sentimentos convivem com reiterada alternância entre o real, o verdadeiro, e a ilusão.
A incerteza é uma constante na existência. Inseparável da ilusão, ela é a catalisadora maior da existência. Existência que sequer conseguiu responder a estas indagações essenciais: quem somos, de onde viemos e para onde vamos? Sobre estas questões, tão fundamentais, ainda vivemos iludidos.
Que graça teria uma vida previsível, composta somente de certezas? É a dúvida, a possibilidade do que parece ser não ser, o desconhecimento que nos incita, nos motiva. O que vivenciaria alguém se, num passe de mágica, fosse tomado pelo pleno conhecimento do presente, do passado e do futuro? Tédio, angustiante e paralisante.
Se a ignorância é como a treva, o saber tudo (ou quase tudo) seria uma luz intensa e ofuscante. Ambas geram sofrimento. Sendo que a ignorância pode ser substituída pelo conhecimento. Já o saber...
A felicidade – não tenhamos dúvida disto—, precisa muito mais da ilusão que da verdade para frequentar nossas vidas. Rechaçar a ilusão somente por medo de se deixar enganar por ela é perder a chance, por vezes única, de ser feliz.
Já que as ilusões fazem parte da vida, melhor acreditar nas que nos fazem bem.
Fonte: Viriato Moura - viriatomoura@globo.com
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