Quarta-feira, 9 de janeiro de 2013 - 08h03
NO AMANHACER ÚMIDO deste primeiro domingo de janeiro, vejo da janela de meu apartamento, a duas quadras, um homem sentado em posição quase fetal na beira da calçada de uma rua quase vazia.
Não bastasse a postura sugestiva de quem faz uma regressão para dentro de si mesmo, as suas mãos juntas lhe apoiando a cabeça e em gesto de constrita súplica diziam que algo pesado se apoiava sobre ela e que precisava de ajuda.
Não me foi possível, dada a distância, deduzir qual a idade do triste homem que me fez contemplativo com sua imagem melancólica. Apenas deduzi que sua mente estava acometida de grande sofrimento. Alguns minutos se passaram, e ele continuava lá, como que congelado.
De repente, aproximou-se dele um outro homem, que lhe dirigiu a palavra. Ele, entretanto, nem sequer se moveu. A pessoa que parece ter vindo socorrê-lo continuou falando sem que o triste personagem esboçasse qualquer reação. Desapontado, o solidário limitou-se a permanecer no local.
Poucos momentos depois, deles se aproximou uma senhora de meia idade. Mais intimista, baixou-se e se sentou ao lado do sofrido protagonista das própria angústias. Colocou o braço esquerdo sobre seus ombros e segurou sua mão direita, ao tempo em que lhe dirigiu a palavra.
Continuei observando, na expectativa de que a mulher o convencesse a se levantar daquele estado de desolação. Instantes, que pareciam longos demais, passaram-se até que o homem, amparado pela senhora e pelo outro que chegara primeiro, ergueu-se lentamente. Em seguida, os três caminharam juntos. Para os que o socorreram, era uma esperança de que talvez pudessem contribuir para amenizar o sofrimento que levara aquele homem a sentar à margem da felicidade. Para ele, talvez a dúvida se o anjo que crer poder abrandar ou curar suas dores ouviu ou não seus lamentos.
Enquanto isso, no horizonte da cidade, as nuvens de chuva abriam passagem para o Sol que anunciava mais uma manhã com oportunidades de um novo e melhor renascer.