Segunda-feira, 8 de agosto de 2011 - 17h02
O assunto continua sob a névoa do tabu. Nem tanto como no passado. Mas ainda não falamos em sexo explicitamente com a naturalidade que deveríamos falar. E textos e imagens, em termos pedagógicos sérios, não são tantos quanto os pornográficos, principalmente na internet.
Desde quando ouvimos falar pela primeira vez em sexo que o assunto é tratado com reservas, sob a tutela da censura. No âmbito religioso, uma prática considerada pecaminosa, na maioria das vezes. O sexo não é abordado como deveria ser na família e na escola. Ou seja, o tema é marcado pela pecha do proibido, do imoral.
Quando adentramos na puberdade, idade em que os hormônios sexuais provocam as mudanças mais expressivas em nosso corpo e em nossa mente no que tange a sexualidade, ainda somos ignorantes sobre o assunto. Quando muito, mal informados, que chega a ser pior que ignorar de vez. E a culpa dessa perigosa desinformação deve ser imputada, principalmente, aos pais e educadores em geral. São dessas pessoas que esperamos as informações mais responsáveis e isentas sob esse tema tão relevante para a vida de todos nós.
O sexo é essencial e vital. Nenhum de nós existiria, por óbvio, se nossos pais não tivessem se relacionado sexualmente. Envolver em tabu uma prática que pode gerar a vida e nos preconceitos dele decorrentes é uma atitude insipiente, irresponsável e insensata. O resultado dessa conduta é o que se constata no cotidiano: o aumento das gravidezes precoces e indesejadas, do contágio pelas doenças sexualmente transmissíveis, das práticas sexuais criminosas como é a pedofilia e da intolerância que leva homofóbicos a agredir e até matar homossexuais.
Negar, propositalmente, informações pertinentes sobre sexualidade a quem precisa tê-las para se proteger dos riscos inerentes à sua prática é um ato reprovável e perigoso sobre todos os aspectos. Tentar esconder de nossos filhinhos ou filhinhas o que eles precisam saber no tempo certo sobre sexo, sob o pretexto de que devem cultivar a inocência por mais tempo, ou ainda por achar que sexo não é assunto entre pais e filhos, é uma bobagem que atesta incompetência e preconceito para lidar com o questão e os expõe a uma vulnerabilidade que pode lhes provocar danos irreparáveis e até por em risco a vida deles.
Lamentavelmente, as religiões insistem em abominar o assunto na tentativa vã de tapar o sol da realidade com uma peneira rasgada. É claro que conceitos de moralidade precisam ser pregados desde que as pessoas passam a tomar consciência da questão. Mas que esses conceitos não tomem o rumo do preconceito, e que sob o pretexto de cercear por cercear se atropele o bom senso, a lógica, a vida como ela é. Tentar incutir na cabeça de um jovem que explode em desejo sexual que o sexo foi destinado somente para a reprodução das espécies sexuadas, é perda tempo. O instinto sexual é forte, arrebatador, por vezes. A vida está cheia (mesmo!) de gente que se paramenta de vestal, fantasia-se de santo, que praticou ou pratica atos sexuais muito além dos aceitáveis, como a pedofilia, o abuso de incapazes etc. Esses sim, abomináveis, que devem ser combatidos e punidos com rigor.
O falso moralismo, os dogmas descabidos, e a insipiência para contextualizar o comportamento humano no conceito de sua natureza podem causar danos físicos e psicológicos. Os desvios preconceituosos que muitos querem travesti de moralidade pode chegar a extremos (proibir/desaconselhar o uso de camisinha, por exemplo) que clamam por uma contestação direita e rigorosa, uma verdadeira grita em uníssono por parte daqueles que têm o dever de tentar evitar que isso aconteça.
O sexo faz parte da vida desde o seu momento zero. Do sublime instante em que o espermatozóide de nosso pai penetra no óvulo de nossa mãe e se dá o milagre da concepção. Mas faz parte – e como faz! – do cardápio de prazeres – e que prazeres! – que nosso corpo pode nos presentear. Ora, senhoras e senhores, meninos e meninas, pergunto aos que reafirmam a função única de procriação do sexo: se o sexo fosse destinado somente à reprodução das espécies sexuadas , por que é tão prazeroso? Por que nos provoca tanto bem-estar quando atingimos o orgasmo? Por que somos tão acometidos do desejo dessa prática que, quando nos limites do saudável, faz bem à saúde? Neste contexto, salvo outras opções como as de caráter religioso (voto de castidade) ou abstinência por outras razões, não há motivos para desperdiçarmos esse gozo que o sexo pode proporcionar. Mesmo porque, em alguns casos, essa tentativa de romper com as leis naturais incita e excita ainda mais à luxúria. Porque, quando não o sublimamos, quanto menos o praticamos mais sentimos falta dele.
Sexo saudável faz bem a quem o pratica . Se com amor, ainda melhor.
Fonte: Viriato Moura / jornalista DRT-RO 1067 - viriatomoura@globo.com
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