Sexta-feira, 9 de julho de 2010 - 18h40
Suspeita-se daquilo que pode ser o que pode não ser. Quem suspeita parte do princípio da dúvida, portanto. Por intuição ou por evidências em graus variáveis, pode-se duvidar de algo ou de alguém sobre o que é, o que disse, o que fez ou mandou fazer.
A suspeita, portanto, não senta à mesma mesa com a certeza. A suspeita é sempre a pergunta, geralmente angustiante. A certeza é a resposta definitiva. Somente a presença desta é capaz de fazer a outra se retirar de cena.
Suspeitar é o primeiro passo para encontrar a verdade. A suspeita pode se fundamentar tão-somente no raciocínio lógico; pode ser apenas emocional ou ainda envolver os dois aspectos.
O cientista e os investigadores em geral devem trabalhar respaldados na lógica, mas não podem subestimar a intuição. Por vezes, uma simples intuição pode ser a luz que aponta a direção dos primeiros passos com destino à verdade.
Não fosse a suspeita, que instiga, que motiva a busca de resposta ou respostas, a ciência certamente não chegaria onde chegou. Esta suspeita deve ser cultivada por quem quer ter razão. Nesse mister, é preciso coibir a invasão do empírico que tende a contaminar as conclusões antes que se chegue a elas. Procurar provar algo que achamos ter a resposta que, na verdade, não temos pode ser uma grande pedra no caminho para encontrá-la. A certeza de quem acha que sabe sem saber, é uma ignorância.
Há outro tipo de suspeita, a emocional. Esta, por vezes, ultrapassa os limites do normal, do aceitável, quando motivada por estados emocionais exacerbados, míopes de qualquer explicação razoável, a pessoa acha porque acha e insiste em ter a resposta que deduz que já tem. Há, inclusive quem mate e quem morra por isto. Neste contexto, o ciúme doentio é o exemplo mais cabal.
Suspeitar e estar sob suspeita são posições incômodas porque constrangedoras e comprometedoras sob os aspectos ético e legal. Quem suspeita, enquanto não tiver meios convincentes de concluir sua hipótese tem de conviver com a dúvida, que é angustiante. Quem está sob suspeita, antes que ela seja afastada definitivamente, assume a condição de culpado mesmo que não seja. Há suspeitos que ainda que provada sua inocência carregarão para sempre esse estigma. Estar sob suspeita, por si só, é uma punição.
Acusar alguém levianamente motivado por suposições emocionais, empíricas ou até tão-somente por querer, custe o que custar, encontrar um culpado deveria merecer, sempre, uma reparação de dano proporcional à acusação feita.
As vítimas desse dano não devem medir esforços para resgatar sua credibilidade, provar sua inocência. Só não é possível garantir que isto será possível sem deixar sequelas.
Fonte: Viriato Moura.
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